Texto: Thaís Melo
No dia 24 de julho, aconteceu no Instituto de Química da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a primeira edição do “Ciência na sala de aula: atualização da prática do ensino de Ciências/Química para professores do ensino fundamental e médio”. O curso ocorreu das 8h às 17h com o objetivo de mostrar maneiras dinâmicas de se ensinar Química na escola.
O curso inaugural contou com 42 alunos, e hoje já possui uma fila de espera para as próximas edições com 240 interessados. A ação surgiu devido ao “Descobrindo a ciência: ensinando Química através de assuntos do cotidiano”, projeto iniciado em 2016, que traz estudantes para o câmpus de Seropédica, onde aprendem Química, por meio de experiências, o que torna a matéria mais instigante e atrativa.
O êxito do projeto “Descobrindo a ciência” foi tão grande que a demanda de pedidos de visitações das escolas aumentou, surpreendendo os organizadores do projeto de extensão. Notando o interesse dos professores com os trabalhos realizados, decidiu-se criar um segundo projeto, mas dessa vez o público alvo foram os professores.
O secretário do Instituto de Química, Anderson Pontes, explicou como a ideia surgiu. “No começo desse ano nós agendamos em torno de 28 visitas para o ano todo e ainda temos 102 escolas na fila de espera. Como não íamos ter capacidade de atender todo esse público, resolvemos desenvolver um segundo projeto. Em vez de trazer todas essas escolas pra cá, já que a universidade não tem material para isso, por que a gente não os ensina a reproduzir nas escolas deles? Hoje é a primeira edição e certamente pretendemos fazer outras.”
A professora e coordenadora do projeto, Vanessa Almeida, falou sobre as expectativas dos organizadores para essa nova empreitada além de melhorar a capacitação dos professores. “Quando nós falamos sobre Química os alunos já falam ‘Ah, muito difícil ou muito chato’ e a gente quer quebrar essa ideia de que a Química é difícil. Para que eles entendam que isso está presente no nosso cotidiano e talvez trazer mais o aluno para dentro da universidade. Quem sabe o aluno do colégio não se empolga e faz um vestibular para Química ou para as outras áreas da ciência.” explicou a coordenadora.
As experiências ensinadas para os professores são feitas com materiais de baixo custo que podem ser comprados facilmente em farmácias ou mercados e todas elas podem ser realizadas em sala de aula sem a necessidade de um laboratório. De acordo com a coordenadora, essa foi uma preocupação dos organizadores, trazer experimentos que pudessem ser feitos em sala de aula já que a maior parte das escolas não possui um laboratório.
Os professores, que nesse dia voltaram a ser alunos, falaram um pouco sobre o que estavam achando da vivência de participar da primeira edição do curso. Segundo, Silvia Assunção, professora do ensino fundamental em Duque de Caxias, o que ela espera da resposta dos alunos ao verem as experiências é a surpresa, pois os estudantes estão acostumados a verem essa parte mais prática na TV, no computador e no celular, mas nunca presencialmente. Como na escola em que ela trabalha não há laboratório o ensino ficava limitado nesse sentido e agora ela vai poder realizar os experimentos em sala de aula. De acordo com a professora a iniciativa é importante para a estimulação desses alunos, para eles saberem que a ciência vai além do que eles veem nos livros.
Fernando Renato é professor do ensino médio e já usa essa prática de experimentos em suas aulas, mesmo assim o curso superou suas expectativas, já que ali aprendeu como utilizar outros tipos de materiais além de descobrir novas experiências. Ele também falou sobre a diferença quando o ensino é interativo e quando é só teórico “A diferença é total, pois quando o aluno está ali só prestando atenção em você parece que fica uma aula um pouco mais enfadonha. Mas quando ele ‘bota a mão na massa’ para fazer as coisas é diferente. Estimula nele a curiosidade, a criatividade e também a parte da investigação.” relatou o professor.
Beneficiando alunos, professores e sobretudo a divulgação da ciência, certamente os projetos de extensão do Instituto de Química só tendem a contribuir para a sociedade. Já que como o interesse dos jovens por tais assuntos só deve crescer com essa forma de ensino mais divertida e dinâmica certamente teremos novos químicos, físicos e cientistas no futuro.
Página do projeto no Facebook
Clique aqui para conferir a matéria do Rural Semanal sobre o projeto “Descobrindo a ciência: ensinando Química através de assuntos do cotidiano”.