Alunos participam de palestras e debates no Salão Azul (Foto: Ana Beatriz Paiva/Assessoria Prograd)
“Questões de um Brasil Contemporâneo”. Este foi o tema abordado pela III Semana Acadêmica de Geografia (SAGeo), que ocorreu entre 11 e 15 de abril , no Salão Azul do Prédio Principal (P1). A Semana Acadêmica é parte de uma tradição da Universidade Rural, que foi incorporada pelo curso de Geografia. Atualmente, a atividade é promovida uma vez por ano sob a organização dos próprios discentes do curso. Seu objetivo foi a integração de alunos e profissionais da área, através de uma semana de atividades programadas com o intuito de promover a discussão, reflexão, troca de conhecimentos e experiências.
Na programação do evento estavam temas relativos às questões espaciais contemporâneas do Brasil, tais como: questões agrárias, urbanas, relação campo-cidade, socioeconômicas, políticas, violência urbana, ensino de geografia, hídricas e geomorfológicas. A SAGeo também contou com a realização de diversos minicursos, palestras e debates que trataram e aprofundaram temas desde a Crise Hídrica, Agricultura Familiar, Agroecologia, até à Crise Política brasileira.
Professor de Educação do Campo, Igor de Carvalho falou sobre Agroecologia (Foto: Ana Beatriz / Assessoria Prograd)
No segundo dia de programação, o professor de Educação do Campo, Igor de Carvalho apresentou uma palestra a partir do tema “Agroecologia”. Ao abordar as dimensões da profissão no cenário atual, o professor expos algumas definições da atuação em agroecologia para diferentes autores, além de exibir diversas organizações da área, para conhecimento do público. Durante a palestra, Igor Carvalho abordou a questão da tecnologia dos transgênicos e polemizou o tema.
“Manipular o gene de determinadas culturas para se obter novas espécies mais resistentes, não traz vantagens significativas à sociedade. Os transgênicos existem por interesse de algumas empresas”, disse Carvalho. “A melhor forma de se ter uma cultura saldável, evitando doenças, pragas e a saúde do solo, é através do cultivo de policulturas. A diversidade de espécies traz o equilíbrio”.
No último dia de programações, a professora do ICHS Flávia Braga Vieira, foi quem ministrou a palestra encerrando a semana com um debate sobre o tema: “Crise Política no Brasil”. Durante toda palestra, Flávia Vieira fez um panorama da trajetória do governo do Partido dos Trabalhadores (PT), explicou o funcionamento do poder judiciário e apontou alguns motivos que podem ter levado o Brasil ao cenário atual.
“A situação política está mexendo com a gente”, destacou a docente.
Além de abordar as diferentes realidades de cada classe social do país e suas influências em toda estrutura política, a professora também ressaltou a questão do direcionamento equivocado das grandes mídias corporativas e a grande falha do sistema de comunicações do país. De acordo com Flávia, as elites precisam da classe média para desestabilizar o governo e, para isso, utilizam da grande mídia como principal mediador de suas ideias:
Professora do ICHS, Flávia Vieira promoveu debate sobre a crise política no país (Foto: Ana Beatriz Paiva / Assessoria Prograd)
“Não existe mídia mais concentrada no mundo do que a brasileira. Nós vivemos uma ditadura midiática.”
Depois de fazer uma análise sobre a ação do impeachment e suas possíveis consequências, a professora confessou:
“É temerável o que pode acontecer em Brasília a partir de agora, é temerável o que pode acontecer no Rio de Janeiro. Estamos prestes a ver o primeiro cadáver, precisamos estar atentos”.
Mas não foi só de negativas e posições pessimistas que foi abordado o tema. Flávia também destacou as diversas oportunidades de racionalização e mobilizações públicas que estão ocorrendo como consequência desse período histórico.
“Tem muita coisa linda acontecendo. Nos últimos dois meses a gente começou a assistir a ações incríveis, como este espaço de discussão, por exemplo. Movimento de mulheres que tem mobilizado todo país, atuações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocupações de escolas públicas, gente muito isolada começou a receber apoio. As pessoas estão se unindo, essa precisa ser a nossa atitude”, encerrou a palestrante.
Por Ana Beatriz Paiva