O II Seminário sobre Formação de Professores ocorreu na segunda-feira(01) no Salão Azul do P1 (Fotos: Ana Beatriz Paiva/ Assessoria Prograd)
A fim de se pensar a formação dos professores diante de um cenário político atual de conflitos e descontinuidades, docentes e discentes da Rural se reuniram na manhã de anteontem (01), no Salão Azul do Pavilhão Central (P1). O objetivo principal do encontro foi discutir e repensar a sistematização de uma política de formação docente institucional, a partir do que apontam as diretrizes nacionais, além de promover uma conscientização pela necessidade da defesa da democracia. A reitora, Ana Dantas, e a pró-reitora de graduação, Lígia Machado, deram início à programação apresentando os palestrantes convidados: a professora da Uerj Lucilia Lino e o professor da UFF Fernando Pena.
Professora Lucilia Lino durante apresentação do Plano Nacional de Educação (Foto: Ana Beatriz Paiva/ Assessoria Prograd)
Com um discurso em defesa da educação e do livre exercício da profissão docente no país, a professora Lucilia Lino iniciou sua fala com a leitura de um poema de Thiago de Mello: “Faz escuro mas eu canto porque o amanhã vai chegar”. Em seguida, a professora mencionou o editorial do jornal “O Globo”, do dia 27 de julho, que trouxe o título “Crise força o fim do injusto ensino superior gratuito”, e discutiu os princípios defendidos pela Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (Anfope), além de explanar as diretrizes do Plano Nacional de Educação. Para Lucilia, um editorial como o de “O Globo” é uma ameaça à educação e ao educador:
“Defendo que a universidade pública tem que formar professor para rede pública. Se não garantirmos a pública o que será da privada? Não é para privatizar o Estado. O Estado é de todos nós e precisamos defendê-lo”.
Ela mobilizou os presentes para uma luta em defesa da democracia e do exercício da profissão de professor:
“precisamos defender também a docência, pois para ser professor não basta saber apenas o conteúdo específico. Não é qualquer um que pode ser professor, pode ser professor aquele que quer e tem compromisso com a educação”.
Em seu discurso, o professor Fenando Penna apresentou o movimento Escola sem Partido. Explicou de onde vêm os projetos de lei que tentam instituir o projeto e como essas leis instauram o ódio ao professor, inibem o direito à liberdade de expressão, ameaçam a educação escolar e criminalizam a prática docente. Penna fez uma leitura dos princípios do movimento e apontou para as diversas expressões que aludem a um discurso de ódio e pretensão de silenciar o educador em sala de aula. Para o movimento, o professor não deve transmitir nenhum tipo de valor além da pura transmissão do conhecimento didático.
“Parece até ser engraçado em um primeiro momento, mas não é nada engraçado. É gravíssimo e precisa ser combatido. O ‘Escola Sem Partido’ disponibilizou uma lista de ‘deveres do professor’ que costumo chamar de ‘proibições do professor’, pois apenas consta como o professor não deve se portar”.
Professor Fernando Penna durante explicação do movimento Escola Sem Partido (Foto: Ana Beatriz Paiva/ Assessoria Prograd)
Após apresentar as características do movimento e mostrar que na verdade se trata de um projeto de autoria de conservadores e partidários, o professor convidou os presentes a uma mobilização contra a aprovação do projeto de lei, que, segundo ele, tira o direito do professor de exercer sua função de educador.
“É importante reafirmar o que está em jogo quando falamos do ‘programa escola sem partido’. É um projeto de escola a qual é destituída de todo o seu caráter educacional, pois, segundo o movimento em questão, professor não é educador”, finalizou.
A vice-coordenadora do curso de História, Gláucia Montoro, chamou atenção para a importância da discussão crítica do tema do seminário diante do cenário crítico e fragilizado em que se encontra a educação no Brasil.
“Diante de tudo que tem acontecido atualmente em nosso país, estamos muito preocupados com o lugar da educação e do educador na sociedade e realmente precisamos ter rostos dispostos a falar”, comentou.
Nessa mesma perspectiva, o profissional de Educação Especial da Universidade Allan Damasceno também elogiou a iniciativa da Prograd pela realização do evento:
“Vejo com bons olhos a atitude de permanecermos em diálogo contínuo sobre a formação docente. Nós vivemos tempos de barbárie. Barbárie no sentido de silenciamento da possibilidade de estabelecer diálogo como liberdade constituinte de uma gestão coletiva, participativa e democrática. Um Seminário dessa natureza nos deixa atentos para dimensões que não podem ser banalizadas ou alienadas no cenário político, social e educacional em que vivemos”.
Ao final do evento, quem acompanhou a discussão teve a oportunidade de dar contribuições ao debate.
Por Ana Beatriz Paiva