Participantes lotam o auditório do PAT no II Seminário Neperiano (Foto: Milena Antunes/Assessoria Prograd)
Aconteceu na última sexta (09), no auditório do Pavilhão de Aulas Teóricas (PAT), o II Seminário Neperiano. O evento, que abriu discussões sobre a Matemática e sobre o ensino dela, lotou o salão e teve início às 9h. A programação foi dividida entre debates, mesa redonda, palestra e apresentações de projetos na sessão Comunicações Científicas.
A mesa redonda foi formada pelo professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Carlos Eduardo Mathias Motta e pelo professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Agnaldo Esquincalha, que conduziram os debates. Além dos professores, o coordenador da graduação em Matemática, Douglas Monsôres, e a coordenadora do Mestrado Profissional em Matemática, Aline Maurício, também estiveram presentes na mesa, mediando o encontro.
A discussão levantou o tema “Formação Inicial e Continuada de Professores de Matemática: reflexões curriculares”. O professor Carlos Mathias, que também lecionou na Universidade Rural durante 15 anos, debateu sobre a postura e didática dos professores em relação ao ensino. Ele destacou que o ensino muito longe está da aprendizagem, e é obrigação do professor fazer esses dois elementos caminharem juntos.
“Sinto muita falta disso na universidade, fala-se muito mais de ensino do que se fala de aprendizagem. A universidade entende que o aluno aprendeu quando ele passa em Cálculo tirando seis e meio.”
Na mesa, os professores Agnaldo Esquincalha, Douglas Monsôres, Aline Maurício e Carlos Mathias (da esq. p/ dir.) (Foto: Milena Antunes)
Mathias sugeriu reflexões aos estudantes presentes e discutiu sobre a construção de um perfil ideal e desejável de professor de Matemática que sirva como referencial de formação. O professor também destacou que é comum ver as universidades se basearem em muitos dados que não dizem nada, e que isso foge a lógica da aprendizagem.
“Metade da turma tira zero, a outra metade tira 10. A média aritmética é cinco e cinco é uma péssima média, porque ela fala de ninguém. É um número que busca estabelecer um padrão que não é representativo nem dos alunos que zeraram, nem nos alunos que gabaritaram”.
Já Agnaldo Esquincalha levou a discussão para um viés tecnológico. Ele refletiu sobre de que forma a tecnologia pode auxiliar o ensino e citou métodos usados por grupos de estudo colaborativos on-line. O professor da Uerj chamou a geração atual de “Geração C”, com a justificativa de que essa geração é a do conteúdo, que cria, colabora, compartilha e que está conectada o tempo todo:
“Quando dá 12h e você vai embora, a aula pode continuar. A gente pode se falar numa rede social qualquer, pode usar ambientes virtuais de aprendizagem, a gente pode usar grupos no WhatsApp com professores”.
Agnaldo, defensor da tecnologia em sala de aula, finalizou chamando atenção para a complexidade de lecionar nessa nova realidade contemporânea, abrindo caminhos para reflexões. O professor também fez ressalva na fala do professor Mathias, e afirmou que não apenas os aparelhos tecnológicos resolverão grandes problemáticas, mas seriam um auxílio complementar na aprendizagem.
A egressa do IFRJ Karina Nascimento apresenta seu projeto de pesquisa na sessão Comunicações Científicas (Foto: Milena Antunes)
Para a egressa do curso de Matemática do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) Karina Nascimento Costa, os alunos na universidade aprendem apenas para o momento presente, e se esquecem de aprender para a história, para ensinar:
“Eu sempre disse que estudei para passar. E hoje, quando terminei a graduação, eu sinto a necessidade de voltar à universidade para aprender aquilo que eu não tive tempo de aprender”.
Ao final da mesa redonda, os participantes tiveram a chance de fazer perguntas aos palestrantes. Antes do primeiro intervalo, foram apresentados dois projetos de pesquisa das alunas Isabela Aquino de Souza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Daniela Mendes Vieira, aluna da Rural.
A primeira parte do encontro encerrou às 12h e retornou às 13h com a palestra do professor da UFRJ Ricardo Kubrusly. O tema da palestra foi “A matemática e seu sonho de totalidade”. A partir das 14h, foram retomadas, na sessão Comunicações Científicas, as apresentações de pesquisas de estudantes e egressos de instituições como UFRRJ, IFRJ e UFRJ. O evento encerrou aproxidamente às 17h.
Por Milena Antunes