Texto: Thaís Melo*
O programa de Extensão Guarda Compartilhada Flona Mário Xavier (Flona MX) é vinculado ao Departamento de Geografia (DGG) da UFRRJ e foi criado em 2018. Mas a Flona Mário Xavier, que é o objeto de estudo deste programa, já existe desde 1945. Ao longo dos anos, o espaço teve diversos nomes. O primeiro deles foi “Horto Florestal de Santa Cruz”, apenas em outubro de 1986 o atual começou a ser usado. O propósito da iniciativa também variou ao longo dos anos e hoje a Flona é uma unidade de conservação de uso sustentável.
Com tanta história a ser contada, a aluna do curso de Geografia Tamiris Souza, sob a orientação da docente Karine Vargas, desenvolveram uma cartilha que resume muito bem o passado da Flona MX e também ilustra como ela está atualmente. A cartilha intitulada “Flona Mário Xavier: entre histórias e memórias” faz um apanhado da trajetória da Flona desde a sua criação. O material foi produzido como parte do projeto “Conhecendo a memória viva da Flona Mário Xavier e fortalecendo o pertencimento socioambiental Seropedicense”, apoiado pelo Programa de Bolsas Institucionais em Projetos de Extensão e Pesquisa em Direitos Humanos da UFRRJ.
Para condensar 75 anos de história em 20 páginas, a cartilha é narrada por meio de uma linha temporal desenvolvida através de revisões bibliográficas, entrevistas e rodas de conversas com antigos moradores. Também foram usadas fotografias, narrativas e curiosidades sobre a memória da Flona Mário Xavier. A Flona atualmente usa o termo “Guarda compartilhada” em seu nome para deixar claro que a iniciativa é administrada por mais de um órgão, sendo eles: a Unidade de Conservação (UC), a UFRRJ e a população de Seropédica.
A discente Tamires Souza, começou a atuar efetivamente na Flona no começo de 2019. De acordo com a estudante, o projeto despertou o seu interesse logo que ela soube da sua existência. Tamires resumiu o que para ela é o foco do programa. “Olhar para o nosso território de uma outra maneira, com um olhar frutífero e aguçado, aberto às novas experiências e com respeito ao que foi construído”, contou.
Tamires Souza também relatou como surgiu a publicação. “Durante o processo de escrita do projeto, surgiu a ideia de confeccionar uma cartilha educativa direcionada às escolas da rede pública de Seropédica. O intento principal era de que essa cartilha reunisse a história oficial da Flona, mas também as memórias das pessoas que ajudaram a construir aquele lugar, como ex-moradores e funcionários”. De acordo com ela, através desse processo elas puderam registrar muito da história que constava apenas na oralidade das pessoas que acompanharam a Flona Mário Xavier desde a sua fundação. Registro esse que agora ficará como um presente para as gerações futuras.
A estudante também contou que o maior desafio em produzir esse material foi localizar as fontes que pudessem contar essa história, já que devido à pandemia de Covid-19 a dinâmica das entrevistas precisou mudar, pois não puderam mais ser realizadas presencialmente. Tamires destacou também que esse trabalho foi construído coletivamente, direta ou indiretamente. Isso porque além dos diversos testemunhos e relatos, o projeto só foi possível com o apoio, incentivo e auxílio de muitas pessoas como os funcionários da Flona MX, os moradores que contaram suas histórias, os funcionários da biblioteca que ajudaram a encontrar os materiais certos, sua família entre outros.
Dedicação e responsabilidade com a natureza
A professora Karine Vargas enalteceu a dedicação da estudante, que usou suas habilidades com edição gráfica, criatividade e amor pelo projeto da memória viva. De acordo com a docente, tudo isso foi o grande diferencial deste produto didático.
“O mais gratificante é ver o quanto resgatar essa memória faz bem para a autoestima dessas pessoas que contribuíram na construção deste espaço. Tive relatos de pessoas que contribuíram para a criação da cartilha que ficaram emocionadas ao ler o material e relembrar tudo que viveram”,contou a professora. As idealizadoras da cartilha esperam que o material contribua para a valorização da Flona Mário Xavier e ajude os moradores da região a perceberem a importância desse lugar tanto no passado quanto no presente.
A orientadora também relatou como vem sendo o trabalho realizado no programa Guarda Compartilhada, que conta com a participação de cerca de 20 alunos que são bolsistas do projeto ou voluntários. “A partir de nossas ações a Flona está tendo condições de oferecer educação ambiental aos visitantes, com a equipe da Guarda Compartilhada buscamos fazer trilhas mais seguras, estando sempre com um número mínimo de cinco monitores”, explicou.
Além das trilhas, que foram suspensas devido à pandemia, a equipe vem focando seus esforços na organização de conteúdos para as redes sociais (divulgação científica) e na organização do “I Encontro de Pesquisa e Educação Ambiental do Comitê Guandu” e “I Encontro de Pesquisadores da Flona Mário Xavier” com data prevista para os dias 22, 23 e 24 de março de 2021. Parte do trabalho realizado por eles pode ser visto no instagram da Guarda Compartilhada.
Os próximos passos
Sobre o futuro, Tamires contou que um novo projeto seguindo a mesma linha de pesquisa já foi submetido e aprovado. Logo, podemos aguardar mais cartilhas sobre a Flona no futuro. ”Queremos produzir uma cartilha biográfica, contando um pouco mais sobre as famílias e as pessoas que passaram pela Flona MX, suas origens e atuações. Também queremos fazer uma cartilha que destaque as produções científicas realizadas na Flona MX. Além de outras cartilhas que contem sobre costumes e histórias que nós ainda não conhecemos sobre o local”, ressaltou a estudante.
Comunicação Proext*
Para conferir a cartilha da Flona clique aqui.
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