Por Carla Juliana Santos, estagiária de jornalismo da CCS/UFRRJ
Com a rotina cada vez movimentada, muitos alunos da Rural estão investindo em tratamentos naturais. Oferecidas dentro da própria Universidade, essas terapias são chamadas de holísticas, pois procuram compreender os fenômenos na sua totalidade e globalidade.
Thaís Xavier, estudante de História, pratica o reiki na Salinha Azul, localizada na sala 38 do Pavilhão Central, câmpus Seropédica. A discente conta que começou a procurar a terapia depois de sofrer uma paralisia facial durante a gravidez: “Há um tempo, durante minha gravidez, tive paralisia facial e imunodepressão, entre outras complicações. Acabei ficando refém de tratamentos convencionais, medicações fortes e me sentia mal por isso, me sentia dependente”.
Thaís viu nas terapias naturais uma forma de se sentir melhor: “Eu sempre busquei por tratamentos que não fossem invasivos. Por isso, depois da paralisia, comecei a procurar métodos alternativos que não fossem tão agressivos. Foi aí que comecei a fazer reiki, ioga e meditação. Isso tem me ajudado muito. Pratico diariamente”.
O reiki é uma técnica japonesa de relaxamento do corpo e da mente que, segundo seus adeptos, também promove a cura. Baseia-se na ideia de que uma “energia da força vital” não conhecida flui através de nós. Seus adeptos consideram que a energia vital possa ser canalizada através da imposição de mãos realizada sobre determinada pessoa.
Alguns alunos estudam essas técnicas e oferecem seus serviços. Esse é o caso de Iuri Amorin, da Licenciatura em Educação do Campo (LEC), que faz sessões de reiki para moradores do alojamento e do Km 49, em Seropédica. Iuri diz que os amigos sabiam que ele fazia curso e praticava essa terapia, e lhe pediram para que compartilhasse para outras pessoas que precisavam. “Então eu decidi oferecer meus serviços e cobrar o mínimo possível. É mais uma coisa simbólica, para ajudar a garantir meu tíquete no Bandejão”, disse o estudante.
A holística é uma forma de terapêutica que tem metodologias diferentes da medicina convencional. Atualmente, existem vários tipos de terapias holísticas que disponibilizam, entre outros, tratamentos como shiatsu, do-in, ioga, tai-chi-chuan, acupuntura, massagem bioenergética e reiki. Os tratamentos holísticos veem um problema de saúde não apenas na sua vertente física, mas também como o resultado de desequilíbrios energéticos e emocionais.
Há alunos que preferem fazer sua própria sessão terapêutica em casa, como é o caso de Dafny Tuira, estudante de Jornalismo que pratica ioga e meditação. “Eu tenho transtorno de ansiedade e a maioria dos tratamentos é feita com remédios pesados. Por isso, busco melhora nos sintomas através da ioga e meditação, pois não têm efeitos colaterais, só fazem bem ao corpo e a mente”, afirmou a discente.
Diversificação de tratamentos
Para Elen De Leo, psicóloga da Divisão de Atenção à Saúde do Trabalhador (Dast), as pessoas não precisam optar por apenas uma forma de tratamento: “Se cuidar é muito bom. Procurar ajuda também. As pessoas não devem procurar apenas as terapias alternativas; mas também outros profissionais, outras linhas de atuação da psicologia.”
A psicologia busca tratar a origem do problema. Para De Leo, os tratamentos naturais eliminam apenas os sintomas. “As duas formas de tratamento podem caminhar juntas, não precisa excluir uma delas”, disse.
Em algumas situações, os estudantes procuram outras formas de terapias devido aos horários incompatíveis e a grande demanda de tratamento psicológico na Divisão Saúde da Universidade. “Nos tratamentos tradicionais, o acesso é mais restrito. Por isso, a procura por tratamentos alternativos é maior”, explica De Leo.
Publicado originalmente no Rural Semanal 06/2018