Por Michelle Carneiro (CCS/UFRRJ)
Desde 2017 o Observatório de Turismo e Lazer da Região Turística Baixada Verde, que funciona no câmpus Nova Iguaçu da UFRRJ, desenvolve ações tanto para fomentar o aumento do fluxo turístico e diversificar as atividades econômicas regionais, quanto para qualificar a Baixada Fluminense como um espaço de lazer para seus moradores.
Em entrevista ao Rural Semanal, as professoras do Departamento de Administração e Turismo do Instituto Multidisciplinar (DAT/IM/UFRRJ) Isabela de Fátima Fogaça, Maria Angélica Maciel Costa, Teresa Cristina Viveiros Catramby e Teresa Cristina de Miranda Mendonça, coordenadoras do Observatório, destacam as atividades desenvolvidas no projeto ‘Baixada Verde’.
Como surgiu a ideia de promover o ecoturismo em uma região ainda tão marcada pelo estigma da violência?
Teresa Mendonça – Pensamos em projetos que tivessem a atividade turística como uma ferramenta para a mudança da imagem da Baixada Fluminense. Desde então, temos nos dedicado a apoiar as secretarias municipais de Turismo na consolidação da Região Turística Baixada Verde. Nosso foco é revelar uma área escondida pelo estigma de pobreza e violência. Em nossas pesquisas de campo, descobrimos projetos sociais, produções agrícolas, um patrimônio histórico material e imaterial rico que precisa ser divulgado. Outra agradável surpresa, durante as visitas técnicas, é que a Baixada também é verde. A Secretaria de Turismo do Estado (Setur-RJ) constatou que a região metropolitana do Rio de Janeiro mantém 36,27% de seu território verde conservado. Deste total, cerca de um terço estão localizados na Baixada Fluminense. No entanto, sabemos dos desafios a serem enfrentados pela precariedade da infraestrutura da região, assim como dos índices de violência.
Quais as principais ações desenvolvidas pelo Observatório?
Isabela Fogaça – Realizamos ações de pesquisa e extensão que buscam auxiliar na avaliação, monitoramento e divulgação das políticas públicas de turismo da região, na elaboração de instrumentos de planejamento como diagnósticos turísticos e planos estratégicos para a área. Também realizamos o inventário turístico dos municípios participantes do projeto Baixada Verde. Este inventário possibilitará a sistematização, avaliação e a disponibilização de informações para tomada de decisões dos agentes públicos e privados. Temos pesquisas relacionadas a saneamento básico e gestão de águas, unidades de conservação, patrimônio cultural, participação da comunidade, políticas públicas, economia solidária, dentre outros.
Como a população poderá consultar o inventário das atrações turísticas da região?
Maria Costa – Já realizamos o inventário dos municípios de Nova Iguaçu, Mesquita, São João de Meriti, Nilópolis, Japeri, Magé e Queimados. No próximo semestre estão previstos os inventários de Seropédica e Duque de Caxias. Nossa meta é entregar o documento final, a cada município, em dezembro de 2019. Está prevista a criação de um portal para o Observatório para que os dados de suas pesquisas fiquem disponíveis à comunidade em geral.
Quem são os parceiros da UFRRJ neste projeto?
Teresa Catramby – O principal parceiro é o Fórum Regional de Turismo da Baixada Verde, composto pelos representantes das secretarias ligadas ao turismo de Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados, São João de Meriti e Seropédica. De forma indireta, temos o apoio da Setur-RJ. Em 2019 fomos contemplados com o Auxílio Básico à Pesquisa (APQ1) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Fotos: Divulgação
Entrevista originalmente publicada na página 3 do Rural Semanal 06/2019.