Todos os anos, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) organiza o Prêmio Johanna Döbereiner, que prestigia os profissionais da Agronomia pelo Dia Nacional do Engenheiro Agrônomo, comemorado no dia 12 de outubro. Este ano, a premiação ocorreu no Salão Azul da UFRRJ, no último dia 11 de outubro. A universidade sediou pela primeira vez a cerimônia, pois o engenheiro agrônomo e professor emérito da UFRRJ, atualmente docente do CPGA-CS/UFRRJ, Manlio Silvestre Fernandes, e a Fazendinha Agroecológica Km 47 foram contemplados no ano de 2016.
A premiação começou às 16h, com a fala do professor do Departamento de Fitotecnia/IA João Sebastião de Paula Araújo, vice-presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Rio de Janeiro (AEARJ) e cerimonialista da tarde. Ele chamou à mesa o engenheiro agrônomo Luiz Rodrigues Freire, da Câmara Especializada de Agronomia do Crea-RJ; o presidente do Crea-RJ Reynaldo Barros; a reitora da UFRRJ professora Ana Dantas; o diretor da Pesagro-Rio Silvio Galvão; o presidente da Associação de Engenheiros Agrônomos José Leonel e o veterinário Jürger Döbereiner, viúvo de Johanna. O representante da Embrapa Agrobiologia Gustavo Xavier não pôde comparecer e foi representado pela bióloga Elizabeth Correia.
Johanna Döbereiner foi a primeira brasileira indicada ao Nobel de Química, em 1996. Pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fez de sua vida um constante desafio em favor da produção e distribuição de alimentos, do desenvolvimento de uma agricultura sustentável e do equilíbrio do meio ambiente. Ela faleceu no dia 5 de outubro de 2000, aos 75 anos, no município de Seropédica (RJ). Nascida na Tchecoslováquia, estudou Agronomia na Universidade de Munique, na Alemanha, formando-se em 1950 e emigrando para o Brasil no ano seguinte. Logo começou a trabalhar no Laboratório de Microbiologia de Solos do antigo Departamento Nacional de Pesquisa e Experimentação Agropecuárias – DNPEA, do Ministério da Agricultura. Em 1956, tornou-se cidadã brasileira e completou sua pós-graduação na Universidade de Wisconsin (EUA), em 1963.
Jürger Döbereiner fez questão de estar presente na premiação deste ano que homenageia sua esposa. O veterinário e pesquisador alemão, de 92 anos, conta, com saudades, sobre suas memórias com a esposa, falecida há 16 anos.
– Sou corresponsável por estarmos aqui no Brasil. Eu me casei com ela enquanto ainda era estudante. Ela recebeu o convite do pai, que tinha emigrado para o Brasil durante a II Guerra Mundial. Eu não queria vir, mas senti a responsabilidade de apoiar a Johanna e de cuidar dela.
Jürger ainda atua como presidente do Colégio Brasileiro de Patologia Animal. Além disso, é editor-geral da Revista Pesquisa Veterinária Brasileira, mas, com humildade, prefere exaltar Johanna:
– Johanna teve uma oportunidade maravilhosa aqui e tinha ideias fantásticas. Estou trabalhando para ter uma homepage dela, onde haverá detalhes de sua trajetória. Espero que um dia isso venha a funcionar. A Johanna merece que a gente conte toda a história para estimular as gerações futuras a continuar a pesquisa – completa Jürger.
O Salão Azul também contou com a presença da pró-reitora Lígia Machado, do professor Aldo Lopes, do ex-reitor Ricardo Miranda, dos professores do CTUR e membros da comunidade agrônoma. A Universidade Rural ainda forma grandes profissionais que fazem jus à memória de uma das pesquisadoras mais importantes de nosso país.
Formado em Agronomia pela Universidade Federal do Ceará, em 1963; em 1972, Manlio tornou-se mestre em Ciência do Solo pela Michigan State University e, em 1974, tornou-se doutor em Fhilosophy Soil Science pela Universidade de Michigan. Foi admitido na UFRRJ em 1974, como professor adjunto no Departamento de Solos. Exerceu o cargo de chefe do Departamento de Solos no período de 1976 a 1978. Foi vice-diretor do Instituto de Agronomia no período de 1981 a 1985, Decano de Pesquisa e Pós-graduação no período de 1985 a 1988. Diretor do Instituto de Agronomia no período de 1989 a 1993, e Reitor da UFRRJ no período de 1993 a 1997. Aposentou-se em 2009. Hoje é professor emérito da UFRRJ e atua como docente do CPGA-CS/ UFRRJ).
Ao receber o Prêmio Johanna Döbereiner das mãos do presidente do Crea-RJ, da reitora da UFRRJ e do presidente da AEARJ, Leonel Rocha Lima, o professor Manlio lembrou a coragem de Johanna Döbereiner em dizer verdades, especialmente, quando confrontava a burocracia. Destacou ainda o papel da China na pesquisa agropecuária, que vem apresentando relevante volume de pesquisas inovadoras na área.
Manlio já orientou mais 36 teses e dissertações de estudantes de pós-graduação, é autor ou coautor de 82 artigos científicos publicados em periódicos internacionais e nacionais, 3 livros publicados e/ou organizados, com destaque para o Livro de Nutrição Mineral de Plantas da SBCS, 11 capítulos de livros e mais de uma centena de resumos em eventos científicos. Tornou-se bolsista de produtividade do CNPq (nível 1A) e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, é pesquisador Sênior do CNPq. Ao longo dessas mais de três décadas junto a UFRRJ, o professor Manlio atuou e atua intensamente nas linhas de pesquisa de Eficiência do Uso de Nitrogênio em Arroz e Metabolismo de Nitrogênio em Plantas.
Implantado em 1993, o Sistema Integrado de Produção Agroecológica (SIPA), mais conhecido como Fazendinha Agroecológica Km 47, ocupa uma área de aproximadamente 70 hectares próximo à sede da Embrapa Agrobiologia, em Seropédica/RJ. É uma iniciativa conjunta da Embrapa Agrobiologia, da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), cujos representantes estiveram presentes para receber o prêmio.
Reportagem: UFRRJ/CCS com Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado do Rio de Janeiro (AEARJ), a Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab) e o Crea-RJ. Imagens: Gilberto Fugmoto.