Parte da frase acima se tornou um chavão para mostrar condescendência com certas atitudes tomadas por grupos de jovens diante do qual alguns olhares preconceituosos geram expectativas baixas. Eles podiam estar roubando, mas estão vendendo suas balas nos ônibus ou limpando o vidro dos carros parados no sinal …
No entanto, há um grupo de jovens do Colégio Técnico, que, contrariando o chavão, está literalmente roubando…A CENA. Inseridos em um projeto chamado EcoArte (experiências de comunicação artística de princípios da agroecologia) e orientados pelos professores Diogo Souza, Fábio Padilha e Eliete Miranda (esta, da CIA CorpAfro), os alunos têm cumprido uma agenda de atividades relacionadas às experiências a que o projeto se propõe, entre elas a formação de um grupo de teatro chamado DiversidArte que promoveu a apresentação de uma sessão de curtas e performances batizada com o mesmo nome do grupo.
O espetáculo Diversidarte foi encenado numa noite de maio, no Gustavão. Dividido em três partes, tratou, em cada uma delas, do trabalho multifacetado e criativo das Quebradeiras de Coco do Maranhão, do alto número de homicídios junto aos jovens de comunidades carentes e da necessidade de mais tolerância quanto ao amor entre pessoas do mesmo sexo. Cada tema foi apresentado por meio de um filme e de uma performance de dança.
Buscando inspiração no citado chavão, naquela noite, todos aqueles jovens, envolvidos no projeto, poderiam estar se drogando, jogando games compulsivamente no computador, enviando mensagens fúteis ou intolerantes nas redes sociais, assistindo alienadamente a uma série violenta na TV, etc. Mas não. Eles estavam levando à sua plateia, através da arte, uma motivação para olhar o outro, o diverso, de uma maneira mais atenta e gentil.
A exibição foi tão empolgante que se repetiu no último dia 12 de agosto, no mesmo Gustavão, às 9 horas, fazendo parte de uma das atividades comemorativas do Dia do Estudante no Colégio Técnico.
Na ocasião, muitos estavam envolvidos com “n” tarefas na Universidade. Mas pararam para prestigiar aqueles jovens talentosos e seus professores, afinal, porque educar se tornou uma missão (quase) impossível na época atual, eles “roubarem” a cena, como dito, foi algo louvável e digno do nosso aplauso.
Professora Ana Lúcia da Costa Silveira (CTUR/UFRRJ).