Qual a importância de “escovar a história a contrapelo”? A expressão utilizada pelo filósofo Walter Benjamin remete ao papel do pesquisador em revirar os “pelos reluzentes” da história, reavaliar os fatos e permanecer atento a possíveis novas narrativas. Essa metáfora é também referenciada na introdução do artigo Mulheres diplomatas: uma trajetória histórica de lutas pela equidade, das doutorandas do Programa de Pós-Graduação em História (PPHR) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Thaís França Guimarães e Marcela de Oliveira Santos Silva. A pesquisa em questão foi a vencedora do Prêmio Maria José de Castro Rebello Mendes da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e do Ministério das Relações Exteriores. As ruralinas conquistaram o primeiro lugar na categoria “pesquisadoras com título de mestrado ou doutorado”.
O artigo investiga a participação feminina na carreira diplomática brasileira, analisa o cenário de inserção desigual das mulheres na força de trabalho e destaca suas lutas por direitos e reconhecimento. “Desde o mestrado, me deparo com histórias de mulheres que, apesar do brilhantismo de suas descobertas e contribuições acadêmicas, tiveram suas vozes apagadas e silenciadas no mundo científico, tornando-se coadjuvantes, invisíveis e esquecidas. Esse é um tema que sempre desperta o meu interesse”, afirmou Thaís ao ser questionada sobre a motivação para a produção do artigo. Em parceria com Marcela, ambas nutrem uma colaboração de longa data devido à proximidade dos temas em que trabalham. Thaís e Marcela são orientadas, respectivamente, pelos docentes do Departamento de História da UFRRJ Maria da Glória de Oliveira e Luis Edmundo de Souza Moraes.
O Prêmio Maria José de Castro Rebello Mendes homenageia a primeira mulher a ingressar no quadro de diplomatas via concurso público em 1918 e tem como finalidade estimular mulheres estudantes e pesquisadoras de todas as regiões do Brasil a refletir e escrever sobre política externa e relações internacionais. “Ao receber o reconhecimento por nosso trabalho através desta premiação, não estamos apenas celebrando nossas conquistas individuais, mas também almejamos inspirar outras mulheres e fortalecer o campo que reconhece e promove a participação feminina no ambiente de trabalho”, diz Marcela. Na visão da pesquisadora, o prêmio não é uma simples honraria, mas sim um símbolo do compromisso contínuo com a diversidade e a inclusão, ao destacar a luta pela equidade no “mundo do trabalho” na área de diplomacia.
O lançamento da versão impressa da publicação ocorreu em fevereiro de 2024 e a versão digital do Cadernos de Política Exterior do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais da FUNAG pode ser acessada no link a seguir: https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-1262
Texto: Nicole Lopes, bolsista de Jornalismo da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ).
Fotos: Divulgação PPHR/UFRRJ.
Edição: Michelle Carneiro, CCS/UFRRJ.