Temperatura irá aumentar se autódromo for construído no lugar da floresta
Projeto de construção de autódromo na floresta do Camboatá, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, tem sido severamente criticado por ambientalistas. No último dia 12/8, uma audiência pública virtual, com mais de dez horas de duração, analisou o estudo de impacto ambiental do empreendimento. Com 194 hectares, a área abriga rica variedade de espécies da fauna e da flora da Mata Atlântica.
As chamadas florestas urbanas, como o Camboatá, são florestas ou fragmentos de vegetação situados dentro ou próximo a áreas urbanizadas que trazem uma série de benefícios aos moradores do entorno. Henderson Wanderley, meteorologista e professor do Instituto de Floresta (IF/UFRRJ), explica que essas regiões contribuem para mitigação da ilha de calor urbana, o que ajusta o clima local e minimiza futuras mudanças microclimáticas.
Para o docente, um dos impactos causados caso o projeto do autódromo se concretize será a modificação do clima local. “A destruição de uma floresta urbana interfere na variabilidade de elementos meteorológicos, como temperatura, umidade, chuva, dentre outros. Então dois aspectos que não podem ser esquecidos são o aumento da temperatura do ar e a redução da umidade relativa do ar”, afirma.
O exemplo da Floresta da Tijuca
Apesar de não ter realizado estudos que quantifiquem como se dará a mudança climática na região de Deodoro, o docente realizou pesquisa similar em outra área de floresta urbana, o Parque Nacional da Tijuca. Com medições no local, os pesquisadores envolvidos no estudo da UFRRJ compararam a alteração da temperatura do ar e da umidade relativa do ar em áreas de floresta conservada e degradada.
“Para a floresta da Tijuca quantificamos que a temperatura do ar, em sua variação diária, pode aumentar até 7°C com a degradação da área”, diz Wanderley. Além de indicar aumento significativo da temperatura, os resultados obtidos pelos estudos também demonstram a diminuição da umidade relativa do ar.
“A degradação do Parque Nacional da Tijuca induzirá uma redução média de 10% da umidade relativa do ar, tendo em vista que, em alguns períodos diários, a umidade do ar, em floresta degradada, chegou a ser 30% menor do que em floresta conservada”, explica o docente. As mudanças também podem impactar diretamente na formação e distribuição das chuvas na cidade do Rio de Janeiro.
Para saber mais sobre o tema, clique aqui e leia o artigo Mudança dos elementos meteorológicos em função da degradação da floresta urbana, de autoria de Henderson Wanderley e Vanessa Miguel.
Por Michelle Carneiro, jornalista da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ).
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