O que poucos sabem é que Seropédica é um neologismo formado por duas palavras: uma de origem latina, “sericeo” ou “serico”, que significa seda; e outra grega, “paideía”, que significa nutrição, criação, cultivo. Portanto, Seropédica significa local onde se cultiva seda. O nome da cidade, recebido em 1875, veio da antiga fazenda Seropédica do Bananal, onde chegaram a ser produzidos diariamente cerca de 50.000 casulos de bicho-da-seda.
Na UFRRJ, o setor de Sericicultura realiza a criação do bicho-da-seda e fica aberto ao público para visitações duas vezes ao ano. O projeto resgata a importância histórica desta atividade produtiva para a região. Ligado ao Departamento de Produção Animal da Universidade, o setor acompanha todo o processo até o produto final que é o casulo de seda. Vale lembrar que a Universidade não produz seda para exportação comercial, o cultivo está relacionado a disciplinas da graduação e possibilita que os alunos tenham contato com a criação desse animal.
A professora Cristina Lorenzon, responsável pelo setor de Sericicultura, disse que realiza essa atividade há 17 anos e explicou como é a dinâmica do processo. Tudo começa quando o setor recebe os ovos, bem pequenos, e ao eclodirem em forma de lagartas, se alimentam até atingir a fase adulta. Então procuram por um local para começarem a tecer seus casulos, fazendo um movimento em “8” com a cabeça e assim surge a seda. Cristina Lorenzon conta com a colaboração de Pollianna Soares, monitora de Zootecnia, e da estudante Carolline Mencari, do mesmo curso.
O fio de seda é fabricado do casulo da lagarta de diversas mariposas. A mais comum é a Bombyx mori, bicho-da-seda da amoreira, que responde por 95% da produção mundial. O cultivo do bicho-da-seda é uma atividade bem simples e essas lagartas precisam apenas de folhas de amoreira para se alimentarem até que formem os casulos. A sericicultura moderna é mecanizada, mas o processo de produção é basicamente o mesmo há cinco mil anos. Dentre os motivos que fazem com que a sericicultura seja uma produção simples e de lucro destacam-se diversificação na produção rural, cultura familiar e de pequeno risco, pequeno capital e produção voltada à exportação.
Segundo dados do governo, o Brasil é o único produtor de fio de seda em escala comercial no ocidente. O Paraná é responsável por cerca de 83% dessa produção e 90% são destinados ao mercado exterior. Atualmente, o país é o quarto produtor em escala mundial de um mercado que ainda é dominado pelos chineses, responsáveis pela produção de quase metade da seda comercializada mundialmente.
O setor de Sericicultura da UFRRJ fica localizado próximo à Maternidade de Seropédica, no Prédio Antigo Central. Para mais informações, envie um e-mail para lorenzon_ufrrj@yahoo.com.br.
Por Wyllian Freitas, estagiário CCS/UFRRJ.