— Doutorando da Rural alia conteúdo de história às artes cênicas —
O aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em História da UFRRJ, Max Fabiano Rodrigues de Oliveira, é um dos finalistas do concurso de comunicação científica EURAXESS Science Slam 2017. Foram selecionados cinco pesquisadores dentre mais de 100 candidaturas recebidas de 11 estados do Brasil. Os finalistas são desafiados a expor sua pesquisa de maneira criativa, em até seis minutos, para um público de não especialistas. Historiador e ator, Max Oliveira apresentará em uma cena teatral sua pesquisa de doutorado sobre a cidade de Itaguaí.
A indicação para a final do EURAXESS Science Slam 2017 reafirma sua escolha de unir suas diferentes formações profissionais?
Max Oliveira – É a primeira oportunidade real de unir duas áreas a que me dedico há muitos anos e que precisam de um diálogo mais aprofundado. Eu tenho vontade de trabalhar o conteúdo de história nas escolas, associado às artes, ao teatro e à tecnologia. Hoje eu também dou aulas de Scratch do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que são aulas de programação para crianças. Fui selecionado para fazer uma apresentação do meu trabalho na Conferência Scratch Day Brasil 2017, que acontecerá na Universidade de São Paulo (USP). Ainda preciso de dinheiro para a viagem. Fazer doutorado sem bolsa é extremamente complicado.
Qual a importância de encontrar maneiras mais criativas para divulgar as pesquisas desenvolvidas na Universidade?
M.O – Eu acredito que pode ser uma forma de você atrair mais pessoas e de áreas diferentes, para se interessarem pelas pesquisas desenvolvidas nas universidades. Falamos muito que a academia está isolada da sociedade e isso realmente é uma realidade. Como mudar isso eu não sei, mas formas criativas de apresentar as pesquisas podem ser um caminho. Por que não usar a arte como meio para falar de sua pesquisa? E não falo só da academia. Eu fiz na graduação licenciatura plena. Então, por que não dar aulas de história unindo o elemento fundamental da arte, que é a criatividade?
Os pesquisadores ainda enfrentam barreiras para aproximar as artes da ciência?
M.O. – Eu poderia falar que existe algum preconceito e talvez realmente haja. Mas, ao menos, no meu caso, as pessoas têm se mostrado bastante receptivas. Esses dias, um colega também pesquisador me mandou uma mensagem dizendo que eu estava dando um exemplo do que pode ser uma História Pública. Eu não pensei nisso enquanto escrevia o roteiro da cena, apenas queria poder mostrar a minha pesquisa de uma forma diferente, e que pudesse prender a atenção dos espectadores.
No doutorado você desenvolve pesquisa sobre a cidade de Itaguaí. No que consiste sua tese?
M.O – A minha pesquisa sobre Itaguaí começou ainda no mestrado. Eu analisei a estrutura agrária da cidade na segunda metade do século XIX, e elementos como a crise do café, da escravidão e as epidemias do período acabaram se destacando. No doutorado, assim como no mestrado, sou orientado pelo professor Álvaro Pereira do Nascimento. Trabalho com um desdobramento do que foram os resultados obtidos com o mestrado, em que muitas questões ficaram em aberto. Por exemplo: Por que Itaguaí tem uma das menores concentrações de terras da região? Eu acho que o fato de suas terras serem foreiras da Fazenda de Santa Cruz seja uma boa hipótese.
Você é morador da cidade de Itaguaí? Como se deu a escolha deste tema?
M.O – Não moro em Itaguaí. A escolha da cidade foi devido à grande quantidade de inventários post mortem que existem para aquela localidade. Quando comecei no mestrado, havia poucas pesquisas sobre a região. Hoje, o PET História da Rural, coordenado pela professora Fabiane Popinigis, desenvolve ótimas pesquisas sobre Itaguaí.
Qual sua expectativa para a final do EURAXESS Science Slam 2017?
M.O – Eu estou muito feliz com a oportunidade de poder apresentar minha pesquisa de doutorado em formato de cena teatral. Será um grande desafio e estou animado. Eu penso que é mostrar um projeto de vida. Estudo história e teatro há muitos anos e agora vou poder unir isso e apresentar. Eu também quero poder trabalhar isso nas escolas, dentro e fora das salas de aulas.
A final do concurso acontecerá no dia 25 de outubro, de 19 às 22h, no Consulado da Itália, no Rio de Janeiro. Para fazer parte do público da final e votar em Max Oliveira como melhor Science Slammer 2017, inscreva-se no site https://goo.gl/9uDsS7
Por Michelle Carneiro (Coordenadoria de Comunicação Social/UFRRJ)