Foram agraciados este ano os engenheiros florestais Tokitika Morokawa e Dalson Wiliam Chain (post mortem)
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ) realizou nesta quinta-feira (07), em sua sede (Rua Buenos Aires, 40, Centro/RJ), a cerimônia de entrega do Prêmio David de Azambuja do Mérito Florestal. Esta foi a sétima edição do Prêmio, que ocorre anualmente para homenagear engenheiros florestais, instituições de ensino e entidades de classe que se destacaram por suas ações, trabalhos, estudos e projetos em prol do desenvolvimento florestal e da preservação do patrimônio natural brasileiro.
Os premiados deste ano foram: o Engenheiro Florestal Tokitika Morokawa e o Engenheiro Florestal Dalson Wiliam Chain (post mortem).
A mesa de autoridades foi composta pela Engenheira Agrônoma Débora Candeias, 2ª Diretora Administrativa do Crea-RJ, representando o presidente Luiz Antonio Cosenza; e pelos engenheiros florestais: Denise Baptista Alves, Coordenadora da Câmara Especializada de Engenharia Florestal do Crea-RJ; Claudio Santana, Presidente da Associação Profissional dos Engenheiros Florestais do Estado (Apeferj); Marcia Garrido, Membro da Câmara de Engenharia Florestal do Crea-RJ; e Luís Mauro Sampaio Magalhães, Coordenador Adjunto da Câmara de Engenharia Florestal do Crea-RJ.
Na abertura do evento, Débora Candeias destacou a importância do Prêmio David de Azambuja.
“É muito importante elevarmos o nome da Engenharia Florestal neste momento. O Brasil passou e está passando por grandes dificuldades, ainda por conta da pandemia, e foram os profissionais tanto da Engenharia Florestal quanto da Agronomia que sustentaram o país neste período. Hoje, vemos também o quanto a Engenharia Florestal pode contribuir no setor de energia. Então, nada mais justo que reconhecer o valor de nossos profissionais e das empresas que trabalham em prol da nossa sociedade”, pontuou Candeias.
Um dos homenageados este ano, o Professor aposentado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Tokitika Morokawa, começou seu discurso afirmando que se sentia muito honrado em receber o Prêmio no Crea-RJ. Depois, falou sobre a sua longa trajetória como engenheiro florestal, desde o seu ingresso, como aluno, na UFRRJ, e a sua participação no Projeto Rondon. Analisou o desmatamento no país, destacou a importância das florestas brasileiras e, por fim, enfatizou a sua preocupação com a formação e a empregabilidade dos atuais engenheiros florestais.
“É uma preocupação danada. A caminhada do engenheiro florestal é bastante árdua. Nós temos que pensar principalmente no ensino e na formação profissional. Primeiro, pensar em como atrair novos estudantes. Segundo, em como dar a eles um ensino de qualidade; e em terceiro lugar, em como garantir emprego para esses profissionais. Nós não formamos engenheiros florestais para serem motorista de Uber ou guia de turismo, não é mesmo? É uma situação problemática”, disse Toki, como é carinhosamente chamado.
Durante o evento, o Crea-RJ entregou também o Prêmio David de Azambuja aos agraciados de 2020/2021, já que neste período as solenidades foram realizadas de modo online em função da pandemia da Covid 19. Em 2020, foram premiados: o Engenheiro Florestal José de Arimatéa Silva (pessoa física); e a empresa Essati Engenharia Ltda. Já em 2021, o agraciado foi o Engenheiro Florestal Dionizio Moraes Pessamilio.
A cerimônia teve transmissão ao vivo pelo canal do YouTube WebTV Crea-RJ e pode ser revista neste mesmo endereço eletrônico.
Tokitika Morokawa – Agraciado do Prêmio David de Azambuja 2023
Tokitika Morokawa é um Engenheiro Florestal dedicado ao ensino e à gestão ambiental.
Graduou-se em 1972, na terceira turma do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ. Cursou mestrado em Manejo Florestal pela Universidad de Los Andes, localizada em Mérida, Venezuela e doutorado em Ciências Ambientais e Florestais pela UFRRJ.
Cursou mestrado em Manejo Florestal pela Universidad de Los Andes, localizada em Méridaa, Venezuela e doutorado em Ciências Ambientais e Florestais pela UFRRJ.
A sua vida profissional foi dedicada à Academia, atuando no ensino de graduação no Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro até sua aposentadoria em 2012.
Contribuiu fortemente na formação de alunos na área de Manejo Florestal, tendo também ministrado outras disciplinas como Economia Florestal, Comercialização de Produtos Florestais e Introdução à Ciência Florestal.
Além de suas atividades de ensino, ocupou diversas funções acadêmico-administrativas na UFRRJ, como Chefe do Departamento de Silvicultura, Coordenador do Curso de Engenharia Florestal, Vice-Diretor do Instituto de Florestas, Membro do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão e Curador do Arboreto do Instituto de Florestas.
Liderou inventários florestais nas florestas nativas e em reflorestamentos dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, em parceria com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), coordenando, também, o levantamento das indústrias madeireiras em estados como Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Pará.
Foi Coordenador da elaboração do Plano Diretor do Parque Estadual da Ilha Grande, em colaboração com entidades como a Fundação Instituto Estadual de Florestas – IEF/RJ, Pró-Natura e ESSO.
Assumiu o papel de Responsável Técnico do Projeto do Centro de Restauração da Mata Atlântica e Bacias Hidrográficas da UFRRJ, parte da Iniciativa BNDES Mata Atlântica.
Atualmente, dedica-se à manutenção do projeto do arboreto do Instituto de Florestas, estabelecido por ocasião da comemoração dos 50 anos do Curso de Engenharia Florestal da UFRRJ.
A sólida formação acadêmica e a vasta experiência tanto no ensino quanto na gestão ambiental, fazem de Tokitika Morokawa um profissional comprometido e com importante contribuição para o desenvolvimento sustentável e a preservação dos recursos naturais.
Dalson Wiliam Chain – Agraciado do Prêmio David de Azambuja 2023 (post mortem)
Dalson Wiliam Chain formou-se em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, em 1982, tendo se dedicado profissionalmente à mesma instituição por 33 anos.
A sua carreira na UFRRJ estendeu-se de 1983 até o ano de seu falecimento, em 2016. Lá coordenou diversos projetos na área de Economia e Administração Florestal no Instituto de Florestas.
O seu primeiro trabalho como engenheiro florestal foi no Projeto de Levantamento das Indústrias Madeireiras do Brasil realizado pelo Instituto de Florestas.
Também trabalhou no Sistema Interativo de Tratamento de Imagem – SITIM, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, de São José dos Campos, São Paulo. O sistema, pioneiro no Brasil, usava um computador PC 286 de 256 Kbytes, que na época era a tecnologia mais avançada.
Como Coordenador de Planejamento na Administração Central da UFRRJ, entre 1995 e 2001, Dalson conduziu os relatórios anuais de gestão, contribuindo para o desenvolvimento institucional, físico e administrativo-financeiro da universidade. A sua atuação foi marcada por um compromisso incansável com o progresso acadêmico.
Nos anos de 2002 e 2003, participou ativamente como tutor na fundação da Flora Jr, empresa júnior de Engenharia Florestal da UFRRJ. O seu envolvimento neste projeto permitiu que centenas de estudantes tivessem o seu primeiro contato com as atividades práticas da Engenharia Florestal.
Durante o período de 2005 a 2010 foi cedido ao Ministério do Meio Ambiente para chefiar a Floresta Nacional Mário Xavier, em Seropédica.
Ficou conhecido na época por ter insistido no desvio do trajeto original do Arco Metropolitano e na construção de um viaduto para a preservação de uma perereca em extinção, a Physalaemus Soaresi. O viaduto também evitou a destruição de 60 sítios arqueológicos encontrados próximos ao local.
Nos últimos anos de sua carreira, Dalson Chain dedicou-se ao Instituto de Florestas, contribuindo ativamente para o periódico Floresta & Ambiente e desempenhando um papel vital na administração do instituto.
Dalson Wiliam Chain faleceu em 2016, mas seu legado fica marcado por sua dedicação à UFRRJ, seu compromisso com a preservação ambiental e seu papel fundamental na formação de futuros profissionais da Engenharia Florestal.
Quem foi David de Azambuja?
David de Azambuja é considerando um dos pais da Engenharia Florestal no Brasil. Nasceu em 1917 no Rio de Janeiro e graduou-se em 1949 pela Escola Nacional de Agronomia, onde também obteve o título de “agrônomo silvicultor”, profissão precursora da Engenharia Florestal.
É autor de livros e de inúmeros artigos científicos. Como botânico e sistemata especialista na família Apocynaceae, foi responsável pela descrição de três novas espécies para a Ciência e de dez espécies descobertas no Brasil.
Texto, foto e vídeos: Divulgação – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) .