Desde maio de 2023, o Coletivo Madame está à frente da luta pela diversidade de gênero e sexual dentro da UFRRJ. Seu nome faz referência a Natasha Ferrari, uma militante que rompeu barreiras e foi a primeira estudante de Agronomia a se declarar travesti na Universidade. Para reconhecer a ação do principal grupo LGBTQIAPNB+ da Rural e celebrar a memória de Madame (falecida em 2022), a deputada estadual Dani Balbi propôs uma “Moção de congratulações e louvor”. Ela foi entregue a integrantes do coletivo, mês passado, no Auditório da Escola do Legislativo do Estado do Rio de Janeiro (Elerj), ligada à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
No texto da moção, Balbi destacou que o coletivo traz o nome de uma militante que simboliza “a materialização de uma universidade mais plural e transgressora”.
“Madame era uma figura emblemática, considerada uma travesti à frente de seu tempo, e que foi fundamental por muitas das mudanças conquistadas na Rural”, escreveu a parlamentar, primeira transexual a ser eleita deputada estadual no Rio de Janeiro.
Dani Balbi afirmou que o Coletivo Madame “se colocou na luta central pela conquista das cotas trans”, que foram consolidadas como políticas afirmativas de acesso aos cursos de graduação e pós da UFRRJ. Ela ainda fez referência às raízes históricas do movimento LGBT na Rural, lembrando a atuação do grupo Pontes entre os anos 2000 e 2010.
A deputada concluiu a homenagem ressaltando que em 2024 – dez anos depois do pioneirismo de Natasha Ferreira no movimento estudantil – o DCE elegeu uma travesti como coordenadora geral, a estudante de Ciências Sociais Ayoluwa Niara. De acordo com Balbi, Niara é “primeira travesti a ocupar essa cadeira no estado do Rio de Janeiro”.
‘Não estamos lutando sozinhas’
Presente na cerimônia de entrega da moção, Ametista Garcia, fundadora e uma das coordenadoras do Coletivo Madame, sintetizou o significado desta homenagem para a militância do grupo: “Receber isso da primeira deputada transexual a ser eleita no estado do RJ tem muito impacto. Isso nos motiva muito e mostra que não estamos lutando sozinhas”.
Estudante de Licenciatura em Educação do Campo (LEC/UFRRJ), Ametista divide a coordenação geral do Madame com Ayoluwa Niara, Ariana Bittencourt e Mabel Almeida, que também fundaram o coletivo.
Além de Ametista e Ariana, participaram da cerimônia, realizada em 16 de dezembro de 2024, Mayk Olegário, Nelson Francisco e Jhonny Felix.
“É importante lembrar que tudo isso também é fruto de muito trabalho e esforço de Ayoluwa Niara, a primeira travesti a ocupar o cargo de maior representação dos estudantes da universidade e figura central da conquista de todos esses avanços na política de inclusão e diversidade da Universidade nos últimos três anos”, acrescentou Ametista Garcia.
A militante também reconheceu o trabalho da professora Joyce Alves, pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis, além de celebrar o legado deixado por Natasha Ferrari, a Madame.
“É um orgulho ter seu nome marcado para sempre na história desta Universidade. Nada disso seria possível sem a figura da Madame, referencial político para todas, todos e todes”, concluiu.
Texto: João Henrique Oliveira (CCS/UFRRJ)
Fotos: Octacílio Barbosa (Alerj)