O projeto A.Ch.A (Articulação de Chefs e Agricultores) está dando bons frutos para este ano de 2018. A iniciativa é resultado da união entre UFRRJ, Emater, Cambucá Consultoria, Raquel Sarinho Consultoria Jurídica e Instituto Maniva. Nessa parceria, os chefs de cozinha tomaram para si parte do risco assumido pelos agricultores, arcando com os custos prévios do plantio e trazendo a segurança que o produtor precisa: de que a compra do seu produto está garantida. Os agricultores e agricultoras estão plantando, desde maio, variedades especiais de tomates. Elas são selecionadas e desenvolvidas numa cooperação entre UFRRJ e Emater, com mediação do professor Antônio Abboud (Instituto de Agronomia).
Para marcar o início do projeto, os agricultores foram convidados a participar de um evento de assinatura dos convênios de parceria em um dos restaurantes que integram o projeto, o Miam Miam, em Botafogo, Rio de Janeiro.
Neste ano, os chefs fizeram três visitas a Seropédica para conhecer os sítios das famílias e ver de perto a realidade da agricultura familiar. A primeira ocorreu em 26 de junho, no sítio do agricultor Felipe Latine, onde os
chefs puderam conhecer a horta de tomates e entender como se faz o plantio. A segunda, que aconteceu em 11 de setembro, foi ao sítio da produtora Isabel Xavier. A última visita foi à casa do agricultor Flávio Lorenção,
que preparou, junto com sua esposa Cristina, um grande almoço para todos os presentes. Além de promover um passeio à área de produção, Flávio pediu para que os chefs plantassem árvores em sua propriedade, o que, segundo ele, é uma tradição que sua família cultiva para que as árvores sejam uma memória dos acontecimentos e pessoas especiais que passam pela sua vida.
Antes do almoço, chefs, agricultores e a equipe do projeto conversaram sobre as experiências que tiveram durante o ano de trabalho. A fundadora do instituto Maniva e proprietária do restaurante O Navegador, Teresa
Corção, ressalta que iniciativas de apoio coletivo são essenciais para aproximar o campo e a cidade, promovendo mais entendimento sobre a realidade da agricultura familiar: “A gente tem que escutar os lados para poder mudar. O cotidiano das pessoas tem que mudar – dos produtores e dos consumidores. Vocês modificam muito a gente quando fazemos essas visitas; e conhecemos vocês e o que vocês fazem aqui”.
A Articulação de Chefs e Agricultores é uma modalidade de parceria que está em franca ascensão, tanto no Brasil como em países da Europa. As Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSAs) representam uma forma
de associação na qual os consumidores compartilham os riscos da produção dos alimentos com os agricultores. Esta união é uma forma de estimular o consumo consciente e de dar suporte a grupos e agricultores familiares que, muitas vezes, não estão contemplados com políticas públicas. As CSAs possibilitam que consumidores acessem alimentos frescos, saudáveis, variados e produzidos localmente. Para a professora Anelise Dias, coordenadora do projeto de extensão ‘Fortalecimento da Agricultura Familiar da Região Metropolitana e Centro-Sul Fluminense’, o projeto representa um grande desafio para a Universidade Rural, que entrou nesta associação assumindo um papel de assistência técnica e de mediadora entre os chefs e as famílias de agricultores. De acordo com Anelise, a participação no projeto surge como oportunidade de colocar em prática a produção dos tomates que estavam sendo catalogados e melhorados como uma experiência acadêmica. “A Universidade também está muito contemplada por esse projeto que tem um enorme potencial”, conta a docente.
Texto e foto: Isabela Alencar, aluna do curso de Jornalismo da UFRRJ.
Publicado originalmente no Rural Semanal 14/2018.