Os câmpus de Nova Iguaçu, Seropédica e Três Rios abriram seus braços e deram as boas-vindas aos calouros e demais estudantes da UFRRJ. Em seus auditórios, foram realizadas as Aulas Inaugurais nos dias 1° e 2 de junho. Eventos que, além das atividades programadas, trouxeram um elemento especial (e histórico): depois do período de pandemia, estas aulas de abertura marcaram a tão aguardada retomada da presencialidade em nossa instituição. O movimento de pessoas volta com todo vigor, com os espaços sendo plenamente ocupados por estudantes, familiares, professores, técnicos-administrativos, trabalhadores terceirizados e todos os que ajudam a dar vida à Universidade.
A seguir, um pouco do que aconteceu (em fotos e textos) nas aulas inaugurais do início do período 2022.1.
Texto e fotografias: Marina Moreira (*)
“Um corte no orçamento dessa natureza é um absurdo”. “A defesa da universidade se faz fora dos muros da universidade”. “Esse corte é muito grave”. “Devemos pensar: será que a gente vai continuar?”.
Estas são algumas das frases de grande impacto que foram ditas na Aula Inaugural presencial que ocorreu no câmpus de Seropédica no dia 1° de junho. Com o tema “As universidades diante dos desafios da retomada das atividades presenciais”, foi debatida a velha crença de que todos possuem as mesmas oportunidades para ingressarem em uma universidade pública. A convidada Malvina Tania Tuttman, docente na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), puxou essa discussão que atraiu a atenção dos alunos, muitos deles recém-ingressos na Universidade.
“Uma sociedade como a nossa é excludente e que, por ser excludente, não oferece as mesmas oportunidades em qualquer área. E, nesse sentido, voltando para a educação, a universidade não deve ter uma função de manter a estrutura social. Ela deve ter a função de transformar a estrutura social”, disse a ex-reitora da Federal do Estado do Rio.
A abertura do evento foi feita pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), Pró-Reitoria de Extensão (Proext), Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG), Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proaes) e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE).
Os integrantes da mesa de abertura destacaram a importância de os alunos se atentarem às ameaças que a educação pública sofre, principalmente na conjuntura atual, que é a do retorno do ensino presencial. Foi o que disse Rosa Maria Mendes, pró-reitora de Extensão, ao questionar se a universidade conseguirá continuar sua atuação frente aos cortes orçamentários: “Nós, professores e alunos, temos que ter ações fora da universidade. Vivemos momentos muito difíceis porque a ciência não está sendo respeitada. Os cortes orçamentários são muito graves. Devemos pensar: será que a gente vai continuar?”.
Conjuntura atual e relação com o tema tratado – A tentativa de implementação da PEC 206 é mais uma proposta de retirada dos princípios de uma universidade pública, uma vez que objetiva estabelecer que as instituições passem a cobrar mensalidades dos estudantes. Já a recente redução de 7,2% nas verbas destinadas às universidades e institutos federais do país é outro fator que tanto influencia para discussões em torno do tema da aula inaugural.
O comunicado sobre o corte orçamentário nas federais foi feito por representantes do Ministério da Educação (MEC), em reunião com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Com isso, o orçamento deste ano é menor do que o de 2019, ano em que as instituições estavam funcionando de forma presencial, como ocorre agora.
“Um corte no orçamento dessa natureza é um absurdo. Na época em que eu era reitora, nós vivíamos um outro momento da universidade, porque tínhamos um outro projeto de nação”, afirmou Malvina Tuttman.
Ainda há esperança – Em meio a esse cenário que dificulta o ingresso de alunos de classes mais baixas às universidades públicas, há aqueles e aquelas que mantêm suas esperanças na crença de que realizarão seus sonhos e na luta para a garantia de uma universidade para todos.
“Participei dos eventos de ontem e hoje e achei muito bom. Acho importante o empenho daqueles que buscam defender seus direitos na universidade pública. Faço Hotelaria pois tenho o sonho de ser empresária e abrir uma rede de hotéis. Quando minha família soube que eu tinha entrado para a faculdade, ficaram muito emocionados e meu pai começou a sonhar junto comigo”, conta Joice Nogueira, caloura da UFRRJ.
Com a existência da dualidade entre grupos que colaboram para a exclusão nas instituições públicas de ensino e aqueles que buscam ampliar o acesso de todos a esses espaços, é que encontramos mais e mais comentários semelhantes ao da Joice. Afinal, se não forem os sonhos e empenho daqueles que estão entrando na universidade, o que mais combaterá os retrocessos que estamos vivenciando na educação?
Dança – A Aula Inaugural foi precedida pela apresentação da Companhia de Dança, coordenada pela professora Valéria Nascimento Pires, do Departamento de Educação Física e Desporto (DEFD). A companhia apresentou à comunidade estudantil coreografias com músicas do gênero hip-hop e jazz.
(*) Bolsista de jornalismo da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ)
Texto e fotografias: Ricardo Portugal (**)
“As universidades diante dos desafios da retomada das atividades presenciais”. Este foi o tema abordado na Aula Inaugural do semestre 2022.1, realizada em 1° de junho no Instituto Multidisciplinar (IM), o câmpus Nova Iguaçu da UFRRJ.
O encontro contou com as presenças do reitor Roberto Rodrigues; da pró-reitora adjunta de Extensão, Edileuza Queiroz; do diretor do IM, Paulo Cosme de Oliveira; da representante da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes), Lúrbia Jerônimo; e da professora Amanda Moreira da Silva (Uerj), que discorreu sobre o tema da Aula Inaugural.
Antes do início da cerimônia, o público estudantil presente ao auditório do IM foi brindado com uma belíssima apresentação musical de alunos da Escola Popular de Artes (EPA). Trata-se de um projeto de extensão vinculado ao Departamento de Arte e Cultura (DAC/Proext/UFRRJ) e focado na criação e fomento de espaços artístico-culturais na cidade de Nova Iguaçu. O objetivo principal da EPA é a consolidação do câmpus do Instituto Multidisciplinar como um equipamento cultural iguaçuano, apoiando a produção cultural local e atuando na formação de fazedores e fazedoras de cultura da Baixada Fluminense. A coordenação do projeto é do professor Bruno Borja, do Departamento de Ciências Econômicas do IM/UFRRJ. Do lado de fora do auditório, os alunos da EPA organizaram uma exposição de fotografia e artes visuais, onde após a Aula Inaugural ocorreram também apresentações musicais, poéticas e artísticas.
O reitor da UFRRJ deu as boas-vindas aos novos estudantes. O professor Rodrigues enfatizou que, pela primeira vez em sua história, a UFRRJ passou a contar com filhos de trabalhadores em seu corpo discente. E para que esse fato permaneça, é fundamental a presencialidade dos estudantes, ocupando os espaços acadêmicos em defesa da Universidade. O Reitor anunciou para a plateia presente que a UFRRJ sofreu um bloqueio de 9 milhões de reais, equivalendo a 14% do total de seus recursos (antes da pandemia, em 2019, um outro bloqueio de verba orçamentária ocorreu). Ele informou que o corte atual atingiu também todas as demais universidades federais brasileiras e fez um alerta: “Se não houver mobilização da comunidade acadêmica, a UFRRJ não chegará ao final do ano, em razão da asfixia econômica promovida contra as instituições universitárias pelo atual governo federal”.
Em sua fala, o diretor do IM/UFRRJ, Paulo Cosme de Oliveira, saudou a todos os presentes e lembrou o período da quarentena provocado pela pandemia da Covid-19, que privou a comunidade acadêmica do contato diário e presencial entre alunos, professores e servidores. Ele ressaltou o fato de os novos alunos da Rural estarem ingressando numa universidade pública, gratuita e de excelência na prestação do ensino, preparando com dedicação e competência novos cidadãos para a vida social.
Para ler esta matéria na íntegra, acesse http://www.ni.ufrrj.br/aula-inaugural-no-campus-nova-iguacu-da-ufrrj-aponta-os-desafios-do-ensino-universitario-presencial/
(**) Jornalista da CCS/UFRRJ e da Assessoria de Comunicação do IM/UFRRJ
O pró-reitor de Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), professor Cassiano Caon Amorim, foi o palestrante principal da Aula Inaugural do Instituto Três Rios (ITR), que foi realizada na noite de 2 de junho. Também tendo como tema principal os desafios das universidades diante da retomada da presencialidade, o evento contou ainda com a participação do vice-reitor César Da Ros, do diretor do ITR Paulo Saraiva, da pró-reitora de Assuntos Estudantis Juliana Arruda e do pró-reitor adjunto de Graduação Edson Jesus de Souza.
O evento teve apresentação artística do Clube de Leitura do ITR, além de abertura das pró-reitorias (Prograd, Preoext, PROPPG e Proaes) e entidades representativas.
Colaboração: prof. Paulo Saraiva
Fotos: ITR/UFRRJ
Edição: João Henrique Oliveira (CCS/UFRRJ)