O professor Paulo César Augusto de Souza, do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública (Desp/IV), publicou na revista Frontiers in Public Heatlh, artigo que destaca o importante papel do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil no contexto One Health. A autoria do trabalho é compartilhada com pesquisadores da Universidade de Whashington e Universidades portuguesas de Évora e Lisboa.
O texto aponta a atuação da Medicina Veterinária no SUS e revela que essa experiência pode servir de exemplo para outros países da América Latina e em outras partes do mundo. Abaixo, leia trechos destacados de uma versão em português oferecida pelo professor da Rural. O link para o texto completo está no fim da página.
“O conhecimento e a atuação da Medicina Veterinária no âmbito das profissões da saúde no Brasil, nomeadamente, na abordagem Uma Saúde , é uma experiência a partilhar. O SUS é a evidência prática de uma política de Estado, que atua em todas as áreas da saúde, desde a atenção básica aos serviços de saúde de alta complexidade. Dentre as políticas do SUS na Atenção Básica, a Estratégia Saúde da Família (ESF) é ponto focal em todo o território brasileiro, com coordenação local nos municípios; e cuja equipe básica é formada por médico de família, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde que atuam em determinado território.
Em 2008, foram criadas equipes multidisciplinares alargadas envolvendo mais profissões de apoio aos Centros de Saúde (em português “Núcleos de Apoio às Equipes da Estratégia da Saúde da Família” – NASF). Essas equipes formadas por diversos profissionais de saúde, como psicólogos, terapeutas ocupacionais e médicos veterinários, apoiam um determinado número de NASF. A seleção dos profissionais do NASF é feita de acordo com a realidade epidemiológica do território a ser trabalhado por cada equipe de saúde.
No Brasil, o médico veterinário é reconhecido como profissional de saúde tanto pelo Ministério da Saúde quanto pelo Ministério da Educação desde 1993 e faz parte das Equipes NASF desde 2011, atuando em estreita colaboração com médicos e demais profissionais de saúde, trazendo para a operação o conceito e praticidade de One Health. Essas equipes multidisciplinares que atuam em nível local fazem parte dos objetivos da Vigilância Sanitária e seus componentes de Vigilância Epidemiológica, Sanitária e Ambiental Portanto, cada equipe NASF tem diferentes atividades conjuntas, como identificação de potencial emergência de zoonose, investigação conjunta de surto, discussão de casos zoonóticos específicos (relacionados a alimentos ou transmitidos por animais / vetores), visitas domiciliares para eventos de acompanhamento no animal – interface humana, identificação e controle de vetores e pragas na área e no interior das residências, análise das alterações ambientais causadas pelo homem e desastres naturais e definição de estratégias de prevenção e controle. As equipes NASF também colaboram na elaboração de estratégias de educação em saúde e comunicação para as comunidades locais, por meio de discussões em equipe, realizando ações interdisciplinares e desenvolvendo responsabilidades compartilhadas.
Em relação à pandemia de COVID-19 (causada pela infecção da síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2, SARS-CoV-2), os médicos veterinários têm se envolvido fortemente em todo o país em nível municipal, principalmente na vigilância sanitária, bem como na educação em saúde, principalmente em segurança alimentar e orientação para a produção de alimentos. Além disso, o médico veterinário foi considerado parte do programa de ação estratégica “O Brasil Conta Comigo – Profissionais de Saúde”, voltado para a formação e cadastramento de profissionais de saúde para detecção e vigilância epidemiológica de pacientes com COVID-19.
Ao todo, o reconhecimento como profissional da saúde e o trabalho desenvolvido pelos médicos veterinários no SUS, no Brasil, revelam que essa experiência pode servir de exemplo para outros países da América Latina e em outras partes do mundo. Além disso, Queenan et al. revela experiências e vantagens únicas de serviços integrados de saúde humana e animal, a saber, Serviços Nacionais da Itália, Canadá e Quênia. Todos esses exemplos apresentam esforços e estratégias colaborativas para outros buscarem.”
Para ler o texto completo em português, acesse aqui: Um exemplo concreto da abordagem de saúde única no Sistema Único de Saúde brasileiro
E a publicação original em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpubh.2021.618234/full