A palestra será ministrada pelo vice-presidente do Comitê Científico de Pesquisa na Antártica, Jefferson Cardia Simões.
Estamos acabando com o mundo. É o que mostra o sexto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão mundial de maior autoridade em ciência do clima. A atual temperatura média global, segundo dados de 2020, alcançou a marca de 1,2 grau Celsius acima do nível pré-industrial, bem próximo do limite estipulado pelos cientistas de 1,5 grau para evitar impactos catastróficos. O relatório diz que é preciso tomar medidas drásticas e imediatas para evitar que o aquecimento global alcance essa marca já na próxima década.
Um dos principais estudos sobre o assunto é a glaciologia, responsável por analisar as mudanças químicas da atmosfera depois da Revolução Industrial, como o gelo e a neve da Antártica influenciam o clima do Brasil, os impactos que o aquecimento global causa nas calotas de gelo polares e sua influência no nível médio dos mares, entre outras questões.
Atenta ao assunto, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) deste ano trará o debate para sua mesa de abertura: “Testemunhos do gelo, mudanças climáticas e o Sexto Relatório do IPCC”, que será ministrada pelo professor Jefferson Cardia Simões, glaciologista e vice-presidente do Comitê Científico de Pesquisa na Antártica. O evento acontecerá de forma online, do dia 4 a 8 de outubro, e terá como tema principal “A Transversalidade da Ciência, Tecnologia e Inovações para o Planeta”.
Em entrevista à Comunicação Proext, o professor Jefferson disse que nossos padrões de geração de energia vêm mudando, mas ainda não alcançamos a velocidade necessária. Para ele, mesmo que tivéssemos uma política muito rígida em relação à emissão de gases e consumo de energia, dificilmente conseguiríamos chegar à meta estipulada. As mudanças necessárias teriam de ser drásticas e implicariam no modo de produção de grandes empresas e nações. “O grande desafio é de quem vai pagar a conta, e evidentemente quem tem o poder econômico e lucra com essa situação é sempre contra”, diz o glaciologista.
Para que o aumento do aquecimento global seja contido, são necessárias políticas governamentais como a implantação de energia renovável, redução do desmatamento e da queima de florestas e o incentivo à agricultura sustentável. O professor ressalta que o protagonismo das grandes empresas nessa luta é essencial: “Quando falamos de uma mudança da química da atmosfera global, temos que tomar ações de nações, que aceitem uma negociação mais harmônica com as diferentes escalas de produção, este é o grande desafio”.
Apesar da dificuldade em uma alteração radical pelos governos e empresas, todos podem, mesmo que individualmente, ajudar no enfrentamento ao aquecimento global. Atentar-se a quantidade de lixo produzido, optar por usar transportes públicos ao invés de veículos individuais e economizar energia elétrica são algumas atitudes que podem contribuir, principalmente no papel de conscientizar o próximo a seguir o exemplo, é o que afirma Jefferson Simões. “As ações individuais ajudam mais do ponto de vista emblemático, simbólico e local”, ressalta o professor.
A onda de negacionismo científico que cobre a sociedade torna rasa a discussão fora da bolha científica. O debate precisa ser expandido para que mais pessoas se interessem e façam a sua parte, conscientizando o máximo de pessoas e lutando para que, coletivamente, seja feito o melhor para o planeta. Além disso, é necessário que a sociedade se mobilize a favor dessas pautas, cobrando por políticas públicas que pressionem as empresas a produzirem de forma sustentável. Participe da palestra para conhecer mais sobre o tema e colaborar com o debate.
Evento: às 9h30, do dia 4/10, no canal da Proext no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=G1Kec2atui8
Acesse a programação completa da SNCT: https://snct.im.ufrrj.br/2021/
Texto e entrevista: Roberto Jones – bolsista de Jornalismo da Proext/UFRRJ.
Imagens: Divulgação.