“Uma biblioteca de bolso”. Assim o professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Sérgio Serra, refere-se ao aplicativo móvel Restaura Mata Atlântica. Produto de uma colaboração entre o Programa de Educação Tutorial em Sistemas da Informação (PET-SI), o Departamento de Computação da UFRRJ e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agrobiologia, o app traz detalhes sobre a vegetação nativa da Mata Atlântica e já registra mais de 270 espécies.
A proposta é servir como fonte sobre as melhores opções para projetos de reflorestamento e sustentabilidade. “Pretendemos levar informações consolidadas e de qualidade que permitam preservar e recuperar áreas de Mata Atlântica”, sintetiza o docente. A ferramenta foi desenvolvida para a sociedade em geral, abarcando tanto as necessidades de especialistas, como as do público não acadêmico.
Entenda como o app funciona
Gratuito, fácil de ser utilizado e disponível em ambientes on-line e off-line, o aplicativo disponibiliza diversos dados, como risco de extinção, local de ocorrência das espécies, período de floração e de frutificação, características do solo e relação com o ambiente, como tolerância à sombra e atração de fauna. Informa ainda sobre a produção de sementes e mudas. É possível compartilhar por WhatsApp e outras mídias sociais os detalhes referentes à espécie escolhida. Todas as informações fornecidas pelo aplicativo são públicas.
A interface contém duas opções de pesquisa. A ‘Busca catálogo’ possibilita o uso de filtros, considerando características como espécies fixadoras de nitrogênio, biomas, uso econômico, tipos de solo, entre outros. Já a ‘Busca por estado’ viabiliza pesquisar de acordo com a distribuição estadual da vegetação. Há ainda a opção ‘Favoritos’, que reúne as espécies selecionadas pelo usuário; o ‘Tutorial’, que ensina o passo a passo de utilização do app; e ‘Sobre’, cuja função é detalhar o projeto, bem como a equipe desenvolvedora.
O professor Serra explica que o aplicativo foi construído com a filosofia de ser extensível, isto é, pode agregar informações adicionais sobre novas espécies ou mesmo ser expandido para reunir dados de espécies de outros biomas brasileiros. Além disso, o app está alinhado aos objetivos do desenvolvimento sustentável enunciados na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre as possíveis melhorias da próxima versão, os pesquisadores preveem o acréscimo de imagens das plantas, coordenadas geográficas, mapas e novos atributos, além da oferta de interfaces mais inclusivas para pessoas com deficiência. “A colaboração está aberta a novos interessados”, diz Serra.
Construção coletiva
O App Restaura foi totalmente projetado e desenvolvido por um time multidisciplinar de alunos da UFRRJ que venceu o Hackathon Acadêmico da Embrapa Agrobiologia no final de 2017: Pedro Vieira Cruz, graduando em Agronomia, Renan Carvalho Távora Miranda, Gabriel Santiago Rizzo e Filipe Klinger Marques de Lima, do curso de Sistemas de Informação.
A equipe, por acaso de homens, denominou-se Döbereiner em homenagem a cientista brasileira Joanna Döbereiner, cujas pesquisas continuam a inspirar as novas gerações. Integrantes do PET-SI, os alunos trabalham desde 2017 no aperfeiçoamento do projeto, contando com a mentoria do pesquisador Luiz Fernando Duarte de Moraes da Embrapa Agrobiologia, bem como do professor Serra.
“A usabilidade é o principal diferencial do processo que culminou com o desenvolvimento do app. Ele é parte de um grande movimento de transformação digital e inovação que vem ocorrendo em diversas áreas. No caso, o Hackathon Acadêmico Embrapa, permitiu não apenas a criação de produtos inovadores, mas principalmente a capacitação e formação de profissionais com novas habilidades e competências para encarar os desafios da sustentabilidade e da agricultura digital no Brasil”, conclui Serra.
Clique aqui para baixar o App Restaura Mata Atlântica.
*Fotografia de 2017, portanto anterior à pandemia de Covid-19.
Por Michelle Carneiro, jornalista da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ).