Por Caroline Verly, bolsista de Jornalismo da CCS/UFRRJ
Alguém duvida que aprender de forma descontraída é mais prazeroso? A busca por métodos criativos para estudar e ensinar é um interesse crescente entre alunos e professores, e já fez surgir várias propostas inovadoras, até no universo da internet. Uma prova disso é Leandro Marin, aluno de Licenciatura em História do Instituto Multidisciplinar (IM), câmpus da UFRRJ em Nova Iguaçu. Ele é o nome por trás do perfil “História no Paint” nas redes sociais. Com uma legião de mais de 277 mil seguidores no Twitter e Instagram, o objetivo do estudante é ensinar e facilitar o aprendizado em História usando linguagem coloquial, imagens engraçadas e memes.
O estudante conta que a ideia de criar o “História no Paint” partiu de um mix de coisas. “Quando eu estava fazendo um curso de pré-vestibular online em 2016, os professores usavam o humor como ferramenta de ensino. Eles faziam questão que as aulas fossem as mais cômicas possíveis”, disse Leandro, que nunca havia tido contato com esse tipo de aula. Ele afirma que ficou impressionado e apaixonado pelo formato. Nessa mesma época, os memes começaram a ficar muito populares no Brasil. “Quando eu percebi, estava misturando memes e conteúdos do Enem”, lembra o estudante.
Apesar do número significativo de seguidores que possui hoje, Leandro relata que quando começou, em junho de 2016, no Facebook, não foi fácil conseguir popularidade, e que o resultado conquistado se deu com a insistência no projeto. Quando realmente se deu conta do que estava fazendo, o conteúdo havia “viralizado” na web, saindo em grandes jornais e sendo compartilhado por pessoas famosas. “Até hoje eu não consegui assimilar isso direito. É algo bastante novo para mim”, diz o aluno de História. Hoje sua página no Facebook conta com mais de 700 mil curtidas.
Lá no início, Leandro conta que só fazia os memes porque realmente gosta de criar coisas. O aluno comenta que 75% das peças produzidas e postadas são feitas por ele, e que uns 15% vêm de gente que acompanha seu trabalho. O restante é tradução de páginas de outros países.
Com várias páginas para gerir, Leandro recebe ajuda da namorada, Patrícia Vougo, para administrar o blog e o Instagram. A página do Facebook e a do Twitter são por sua conta. Quanto ao número de seguidores e a visibilidade que adquiriu, o discente diz que é algo assustador. “É uma grande responsabilidade, pois só de pensar que as pessoas podem se inspirar em tudo que eu falo me faz sentir uma pressão enorme. Penso em cada palavra e meme que faço, mesmo assim é inevitável ter erros. Eu realmente nunca imaginei que isso teria a proporção que tem”, relata.
O grande número de seguidores representa também um volume de interações na mesma proporção. O aluno diz que o feedback no Twitter é impressionante. “A média de curtidas é de dez mil por postagem, mais ou menos. Durante a semana, entre 20 postagens, praticamente metade passa de 30 mil.” Leandro observa que a maioria dos comentários é positiva, e vem de professores, artistas, mídias independentes, cantores famosos e até crianças com faixa etária de dez anos.
A visibilidade vai além do espaço da web. Leandro comenta que seus professores conhecem seu projeto, e que o elogiam.
“Praticamente todo dia recebo mensagens de professores dizendo que a página é ótima e que a utilizam dentro da sala de
aula, seja para explicação ou até mesmo em provas”.
O projeto já virou profissão: Leandro conta que há quase dois anos o “História no Paint” é a sua fonte de renda e deixa evidente a importância do humor para falar de História: “Sem o humor, não haveria ‘História no Paint’.”
Termo utilizado na internet para se referir a uma informação que se espalha (“viraliza”) rapidamente. Pode ser vídeo,
imagem, frase, ideia ou música. A expressão foi criada pelo biólogo Richard Dawkins em 1976. Para ele, um meme poderia ser qualquer ideia, comportamento ou tendência que tem a capacidade de se transmitir de pessoa para pessoa através da imitação ou da nossa herança cultural.
Fonte: www.museudememes.com.br
Twitter: @HistoriaNoPaint
Instagram: https://www.instagram.com/historianopaintoficial/
Facebook: https://www.facebook.com/Historianopaint/
Site: https://www.historianopaint.com/
Publicado originalmente no Rural Semanal 04/2019.