Imagine-se como um pesquisador. Seu tema de interesse é a Baixada Fluminense. Você começa a procurar fontes históricas que possam auxiliar seu trabalho. Mas o que encontra pelo caminho? Dificuldade em prosseguir com o projeto, pois não acha nenhum lugar que centralize esses documentos e auxilie a pesquisa. Professores do curso de História do Instituto Multidisciplinar (IM) da UFRRJ identificaram esse contratempo e desenvolveram a ideia de criação do Centro de Documentação e Imagem (CEDIM), do câmpus de Nova Iguaçu. O objetivo era recolher áudios, fotos e livros com valor histórico e que marcaram época, além de sistematizar esse acervo. Em 2013, após a aprovação da Administração Central, o Centro foi inaugurado, sendo o primeiro arquivo institucional da Baixada Fluminense ligado a uma instituição pública.
– A gente não tem um acervo público na região, o que temos são iniciativas próprias de pesquisadores que tentam fazer entrevistas e vão guardando essas fontes de alguma forma, mas não tem um lugar para centralizar isso. Nós estamos tentando ser esse centro, em que as pessoas nos tenham como referência – argumenta Maria Lúcia Alexandre, subcoordenadora do CEDIM.
O Centro de Documentação tem como principal área de interesse a Baixada Fluminense pela sua localização. Mas pretende também explorar a história de maneira geral, abrangendo outras áreas como Geografia, Letras e Educação. Um dos pilares desse projeto é a digitalização dos documentos. Para isso, o Centro conta com um scanner importado da França (que dá suporte aos grandes formatos) e dois menores. Por meio da conexão wi-fi, as cópias digitalizadas migram para os computadores que geram versões em PDF e JPEG. Após colocar a marca d’água do Cedim, os arquivos são encaminhados para pastas específicas que ficam à disposição do público para consulta no local.
– Como não possuímos espaço físico para trabalhar com papel, optamos pelas fontes digitais. Então, tudo está sendo digitalizado, porque também é nosso objetivo fazer um site, no qual disponibilizaremos todas as fontes que foram autorizadas pelos doadores para que sejam públicas. Algumas fontes que temos aqui não estão disponíveis para a divulgação na internet, como por exemplo, o jornal Correio da Lavoura (este só se encontra para consulta aqui no CEDIM) – explica Jean Sales, coordenador do CEDIM e professor de História do IM.
Parcerias de sucesso
Por ser um projeto inovador, o CEDIM vem tentando suprir a ausência de um acervo histórico local através de parcerias. Neste sentido, já foi realizado um trabalho de cooperação com o jornal
Correio da Lavoura (que resultou em um DVD), com o Jornal de Hoje e com pesquisadores que cederam seus materiais, áudios e transcrições de entrevistas. Atualmente, o trabalho está voltado para a digitalização do acervo da Cúria Diocesana de Nova Iguaçu.
O CEDIM já auxiliou linhas de pesquisa, monografias e teses de doutorado e espera que essa tendência aumente ainda mais. O primeiro passo talvez seja o conhecimento da existência do centro pela comunidade acadêmica. Maria Lúcia ressalta como é feito o trabalho de divulgação:
– O primeiro projeto foi o do Correio da Lavoura. As pessoas ficaram sabendo e acabaram se interessando, como foi o caso do Jornal de Hoje. É um trabalho de telefone sem fio mesmo. Assim que o trabalho vai se perpetuando. Mostramos confiança e seriedade com o que nos comprometemos a fazer. Eles nos veem como um porto seguro, um local em que podem confiar, onde vai ser um feito um trabalho sério e seguro – completa.
Em torno de 15 bolsistas – bolsas Fapej, PIBID e CNPq – trabalham no Centro de Documentação, que conta também com quatro estagiários voluntários. O retorno é positivo e costuma suprir as expectativas.
– Tinha vontade de trabalhar diretamente com fontes, porque isso é importante para o historiador e interessante para nossa formação. É uma boa experiência para quem quer tentar a pós-graduação. Pretendo continuar o trabalho – relata a estagiária voluntária Nathália de Ornelas, que também é aluna de História da UFRRJ.
A bolsista do PIBID de História Simone Aparecida Fontes conta que é preciso também difundir, entre os jovens, esse interesse em pesquisas para que haja valorização do patrimônio histórico e local. As pessoas conhecem muito sobre a história geral e do país, mas não sabem sobre a história local e de sua cidade, por exemplo.
– Como futura professora, pretendo ampliar as formas de informação e aprendizado, para que estas não fiquem só dentro dos muros da escola. Gostaria que os alunos, desde o Ensino Fundamental e Médio, pudessem conhecer a história da Baixada e todas as fontes que estão disponíveis aqui – relata a bolsista.
O CEDIM fica localizado no prédio de pós-graduação do IM, em Nova Iguaçu, e está aberto à visitação de segunda a sexta-feira, das 13h às 20h. Para mais informações, acesse a página www.facebook.com/cedimimufrrj
Por Bruna Somma (CCS/UFRRJ)
Fotos: Larissa Bozi Lima (CCS/UFRRJ)