A estudante Alice Oliveira Moço, do 7º período de Letras do Instituto Multidisciplinar (IM/UFRRJ), foi homenageada durante o 5° Encontro Nacional dos Estudantes LGBT da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado entre 8 e 10 de novembro na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Alice recebeu o reconhecimento da entidade por conta do trabalho que desenvolve em favor da comunidade trans da Universidade Rural.
“Essa homenagem representa um avanço coletivo, uma vitória de todos os estudantes e daqueles que sonham em ingressar na universidade pública”, disse a homenageada. “Não fiz nada sozinha e acredito que só pela luta coletiva é que vamos mudar de vez a cara da universidade”.
A mobilização dos coletivos trans dentro da UFRRJ contribuiu para uma conquista histórica em setembro passado, quando o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovou a política de reserva de vagas na graduação para pessoas travestis e transexuais.
‘Sonho de um mundo novo’ — Alice começou a militância estudantil na União dos Estudantes de Duque de Caxias (UEDC) e atualmente está ligada ao Movimento Correnteza, que traz entre suas bandeiras a ampliação e a popularização da universidade pública no país. “Também defendemos o livre acesso ao ensino superior com o fim do vestibular, como já ocorre em outros países”, explica a militante.
Transfeminina e bissexual, a estudante de 23 anos também encara (e busca superar) as dificuldades de ser uma pessoa trans na universidade e na vida.
“É um caminho muitas vezes solitário. Já tive de trancar a faculdade e fui expulsa de casa depois de me assumir como pessoa trans. Não tinha quase amparo nenhum e morei durante um ano na casa de referência Almerinda Gama, uma ocupação do Movimento de Mulheres Olga Benário que acolhe mulheres vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade”, relembra Alice.
“Minha principal motivação é o sonho de um mundo novo, onde nossa juventude seja livre para estudar e trabalhar com qualidade; e onde a fome e a miséria sejam coisas do passado. Um mundo socialista.”, completou.
Por João Henrique Oliveira (CCS/UFRRJ)
Com informações de Alice Oliveira e do prof. Marcio Borges (IM/UFRRJ)
Fotos: acervo de Alice Oliveira