O segundo dia (15/10) da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, foi também o Dia dos Professores. Em uma data tão especial, o curso de Letras ofereceu uma oficina que explorou o ambiente educacional brasileiro. Realizada pela discente do mestrado ProfLetras, Mara Cristina Eliodoro e pela professora Maria do Rosário (DLC/ICHS), a oficina intitulada “Dessilenciamento Ancestral na EJA através das Práticas de Leitura: Oralidade e Decolonialidade nas Narrativas Históricas”, trouxe debates acerca da cultura de não pertencimento por parte dos alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Ao início da palestra, Mara Cristina distribuiu um rolo de barbante para formar uma “teia” de narrativas ancestrais, promovendo afinidade entre os participantes. Na linha, os alunos foram convidados a amarrar algo que tivesse um significado afetivo e representasse um pouco de si. “Somos o ontem, somos hoje e seremos o amanhã”, refletiu a palestrante, enquanto os objetos eram escolhidos e apresentados.
Nas práticas de leitura da educação brasileira, crianças e adultos são frequentemente levados a reproduzir textos apresentados em sala de aula, decodificando automaticamente o que está escrito sem o questionamento de onde veio. Com representações europeias e a valorização de uma cultura não brasileira, a falta de representatividade ancestral dificulta a conexão dos alunos com o que leem. “Como um adolescente ou um adulto negro vai querer ser algo que é discriminado? Quanto mais características negras, mais essa pessoa é discriminada e se isola. Ainda vemos pessoas pardas chamando outras de ‘macaco’, uma reprodução dessa discriminação. Portanto, em todas as disciplinas, é essencial ter protagonistas negros”, afirmou a discente. Para Mara, é preciso descolonizar as histórias e contá-las com outros protagonistas, deixando de lado a narração europeia que permeia a educação.
Durante o debate com os participantes, cada aluno compartilhou suas opiniões sobre os valores brasileiros, que se baseiam em padrões europeus, incluindo arquitetura, comportamentos e a língua que deveria ser própria de cada um. Essa imposição cultural na sociedade dificulta a verdadeira conexão dos estudantes com as práticas de leitura, levando alguns à marginalização da sociedade.
Ao final da palestra, foi proposta uma atividade com cartolina, folhas e pigmentos naturais, em que cada participante poderia criar uma árvore e escrever algo que tivesse um significado ancestral e afetivo.
Confira a seguir a galeria de fotos da oficina:
Texto e fotos: Sthefanny Rosa – estudante do curso de Jornalismo da UFRRJ
Orientação: Alessandra de Carvalho – docente do curso de Jornalismo
Acompanhe a cobertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) no site: https://snct.im.ufrrj.br/
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