O estudo foi feito no ano passado com 10 espécies de soja e usou os princípios do delineamento experimental como base. O projeto, que tem como título “O cultivo da soja como opção rentável para áreas de reforma com cana-de-açúcar na região Norte-Fluminense”, é resultado do edital aberto pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG) junto com a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep). O trabalho foi pensado para contornar áreas de plantio com baixa produtividade, além de fornecer dados concretos para os produtores sobre as espécies de soja mais adaptadas ao ambiente de Campos dos Goytacazes.
Umas das ideias principais da pesquisa é utilizar áreas de reforma de cana-de-açúcar, locais de plantio que precisam passar por um processo de renovação para melhorar a qualidade e a produção da cultura, para o cultivo da soja, que é uma espécie de ciclo curto. Esse ciclo, que ocorre entre outubro e novembro, encaixa-se no sistema de cultivo da cana-de-açúcar que, normalmente, ocorre depois de fevereiro e março, quando a soja é colhida, liberando o solo para um novo plantio de cana logo em seguida.
A plantação de soja ajuda em diversos aspectos, dentre eles, a redução de custos com a reparação do solo. Isso sem interferir no ciclo da plantação da cana-de-açúcar, podendo continuar com a produção enquanto o solo ainda está em reparação. “Essas variedades entram como alternativas para melhorar a renda do produtor, principalmente nas áreas de reforma de canavial, que acontece a cada cinco ou seis anos, diminuindo o custo de implantação da cana-de-açúcar, contribuindo como aporte de matéria orgânica, conservação do solo e outros benefícios”, argumenta Josimar Nogueira.
Campos dos Goytacazes e a produção de cana-de-açúcar
Campos dos Goytacazes foi um importante produtor de açúcar desde o século XVIII no Brasil, segundo documentos oficiais do município. Hoje, a região ainda concentra grandes quantidades de áreas plantadas de cana-de-açúcar, cerca de 59.000 hectares, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022. Segundo Josimar Nogueira, “parte destas áreas já estão prontas e servirão para novos cultivos de leguminosas, como a soja, ajudando na recuperação e fertilidade destes solos. O cultivo de soja vem crescendo na região, graças às pesquisas e também pela chegada da iniciativa privada e de produtores rurais”.
Esse experimento de plantação da soja no ambiente da Universidade foi semeado em novembro de 2023 e colhido entre março e abril de 2024, resultando em um ciclo estimado de 120 dias. A próxima etapa será fazer a triagem dos grãos para estimar a produtividade por área plantada, para ainda esse ano, descrever todo o processo e resultados em relatórios técnicos destinados, principalmente, aos produtores e publicações científicas.
Texto: Matheus Mendonça – bolsista de Jornalismo da CCS
Fotos: CCG/UFRRJ
Edição e publicação: Fernanda Barbosa, jornalista e coordenadora da CCS/UFRRJ.