O docente José Cláudio Souza Alves, do Departamento de Ciências Sociais (ICHS/UFRRJ), no ano de 2003, publicou a primeira edição do livro “Dos Barões ao Extermínio: uma história de violência na Baixada Fluminense” – obra originada de sua tese de doutorado em Sociologia na USP, que se tornou referência entre acadêmicos e jornalistas que investigam temas ligados à violência urbana e à segurança pública.
Não à toa, o professor está dentre os pesquisadores mais procurados e citados pela mídia quando o assunto é a ação de grupos de extermínio e milícias.
Hoje, 26 de março, José Cláudio, em parceria com outros pesquisadores (dentre eles, professores, graduandos e pós-graduandos em Ciências Sociais da UFRRJ), lança mais uma obra que promete ser também um marco para as pesquisas da área. Trata-se do livro “Desaparecimento Forçado: Vidas Interrompidas na Baixada Fluminense”, que será lançado em evento realizado na UFRRJ, câmpus Seropédica, Auditório Paulo Freire (ICHS), às 18h.
O livro é o resultado de um projeto de extensão conduzido pelo grupo de pesquisa Observatório Fluminense, da UFRRJ, do qual o professor faz parte, em parceria com o Fórum Grita Baixada, e teve financiamento de uma emenda parlamentar do então deputado federal Marcelo Freixo.
O estudo traz o mapeamento das diferentes dinâmicas de “se fazer desaparecer” pessoas na Baixada Fluminense, revelando que, entre 2016 e 2020, foram recebidas 768 denúncias sobre desaparecimentos forçados no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense. O relatório se utiliza de metodologias tais como levantamento bibliográfico, análise dos bancos de dados do Disque Denúncia e do Instituto de Segurança Pública, acompanhamento de páginas do Facebook e de jornais locais; além de estudos da legislação nacional e internacional e das movimentações de propostas no Congresso Nacional. Por fim, utilizou-se do trabalho de campo realizado junto às mães e familiares das vítimas da violência no Estado.
O livro já é destaque nas mídias antes de seu lançamento. No último domingo, os jornais O Globo e Extra publicaram reportagens extensas sobre o assunto e entrevistaram o docente. “O Brasil não tipificou esse crime. Aí é que começa o nosso problema. Essa massa de gente que desapareceu, que foi assassinada e os corpos foram destruídos, é misturada com criança que desapareceu, que se perdeu, com adultos, idosos que têm doenças. Normalmente, ocorrem em áreas dominadas por milicianos e traficantes”, explicou o professor José Cláudio ao jornalista Marcos Nunes, na entrevista concedida aos jornais.
No evento de lançamento da obra, haverá uma roda de conversa, que tratará da relação de desaparecimentos e assassinatos realizados na Baixada Fluminense. Estarão presentes no evento os organizadores do livro Alexandre Moreira de Araújo, diretor do Fórum Grita Baixada, Jaqueline de Sousa Gomes, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da UFRRJ, José Cláudio Souza Alves, e Naylane Mendonça Pinto, professora da UFRRJ e coordenadora do projeto.
Leia a reportagem do Jornal O Globo aqui. E a do jornal Extra, aqui. Veja também as reportagens de Dinheiro Rural, com entrevista com o docente José Cláudio sobre o caso Marielle Franco aqui. O lançamento da pesquisa sobre desaparecimentos forçados também foi destaque no Brasil de Fato, leia aqui.