O evento é o primeiro de uma série a ser realizada pela Academia Brasileira de Ciência (ABC) durante o ano para comemorar os 100 anos desde o nascimento de Johanna, datado de 28 de novembro de 1924.
A cerimônia foi feita em colaboração da ABC com a Embrapa, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e Universidade Federal do Paraná (UFPR) e contou com duas mesas com as presenças de cientistas que compartilharam suas histórias com Johanna e ressaltaram a importância do seu trabalho.
A cerimônia de abertura do centenário de Johanna Döbereiner
A mesa intitulada “Abertura do ano do centenário de nascimento de Johanna Döbereiner – a revolução biológica na agricultura”, mediada pela chefe-geral da Embrapa Agrobiologia, Cristhiane Amâncio, contou com participações de Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, Helena Nader, presidente da ABC, Eliete Bouskela, diretora científica da Faperj, Elika Takimoto, deputada estadual e presidente da Comissão de Tecnologia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Renato Janine, presidente da SBPC, e Osvaldo Moraes, diretor do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Entre as falas, que ressaltaram o legado de Döbereiner como pesquisadora, mulher e mãe, Helena Nader apontou que a cientista foi merecedora de reconhecimentos, lembrando da indicação de seu nome, pela Academia Brasileira de Ciências, ao Prêmio Nobel de Química. Johanna não foi contemplada com o prêmio, mas seu legado permaneceu. “Até hoje não tem ninguém que fez o que a Johanna fez, então ela ganhou o ‘Prêmio Nobel brasileiro’.”
Silvia anunciou que a comemoração de 51 anos da Embrapa, marcada para abril, será marcada pelo reconhecimento da grande cientista que Johanna foi: “Nós vamos criar a medalha Johanna Döbereiner homenageando pesquisadoras mulheres”.
Dando seguimento ao evento, a mesa “Johanna, a mulher cientista e seu legado para a formação de cientistas, empresários e seu compromisso com a comunicação para a sociedade”, contou com Avilio Franco, membro da ABC, como moderador, e Ivo Baldani, pesquisador da Embrapa Agrobiologia, Everaldo Zonta, professor da UFRRJ, Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja, Sergio Brandão, jornalista, Solon Araujo, representante da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII), e Christian Döbereiner, filho de Johanna, como participantes.
Estiveram presentes na cerimônia, representando a Administração Central, o reitor Roberto Rodrigues e o vice-reitor, professor César Da Ros.
Ao fim, um busto de bronze em homenagem à Johanna Döbereiner foi inaugurado. A peça foi confeccionada pela Secretaria de Indústria, Comércio, Ciência, Tecnologia e Inovação da Prefeitura de Seropédica através de doações das empresas Gás Verde e EPL.
A importância de Johanna Döbereiner
Johanna Döbereiner é considerada a cientista que revolucionou a agricultura, figurando na primeira colocação do ranking de cientistas mulheres brasileiras mais citadas pela comunidade científica mundial, segundo levantamento de 1995 da Folha de São Paulo.
Nascida em Aussig, na antiga Tchecoslováquia, Döbereiner se mudou para o Brasil em 1950, passando a atuar com Microbiologia do Solo no Serviço Nacional de Pesquisa Agropecuária, atual Embrapa Agrobiologia, onde foi responsável pela descoberta de nove espécies de bactérias fixadoras de nitrogênio associadas a gramíneas, cereais e tuberosas. Em 1956, naturalizou-se brasileira.
A cientista é vencedora de diversos prêmios, tendo uma indicação ao prêmio Nobel em 1997 e sendo doutora honoris causa da Universidade da Flórida e da UFRRJ. Johanna morreu por causas respiratórias em 2000, aos 75 anos, em Seropédica.
Texto: Augusto Ribeiro, bolsista de Jornalismo sob a supervisão da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ)
Edição e publicação: Fernanda Barbosa, jornalista e coordenadora da CCS/UFRRJ
Fotos: Miriam Braz, jornalista da CCS/UFRRJ