O trabalho desenvolvido pelos pesquisadores foi destacado pelo Comitê Guandu-RJ em seu site oficial
Desenvolvida no Laboratório de Estudo das Relações Solo-Planta (LSP) do Instituto de Agronomia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a pesquisa sobre o impacto da restauração florestal no estoque de carbono do solo é coordenada pelos professores Everaldo Zonta e Marcos Gervásio Pereira do Departamento de Solos.
A investigação ocorre em Rio Claro, município do Rio de Janeiro que recebeu ações de reflorestamento entre 2011 e 2017 por meio do programa Produtores de Água e Floresta (PAF) do Comitê Guandu-RJ. Em 2024, a perspectiva do projeto é alcançar 45 hectares restaurados com o plantio de 31 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica.
Segundo estimativas do Comitê, cerca de 85.000 toneladas de carbono foram sequestradas pelo PAF de Rio Claro desde 2008. A partir desses dados surgiu a necessidade de avaliar quais as consequências do sequestro de CO2. Assim, a pesquisa foi viabilizada por meio da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap) e financiada pelo Comitê Guandu-RJ e pelo Programa Petrobras Socioambiental.
Em termos simples, o trabalho dos pesquisadores da UFRRJ é entender qual é o impacto de áreas restauradas da Mata Atlântica no estoque de carbono do solo e como é esse processo em áreas que receberam plantios florestais pelo programa PAF. A pesquisa possibilita quantificar e gerar estimativas do estoque de carbono no solo, o que permite que cada produtor rural, em sua propriedade reflorestada pelo PAF, possa saber qual o tamanho da contribuição ambiental da iniciativa, em especial a capacidade de descarbonização que o sistema está gerando.
Para a coleta de conteúdo do solo em diferentes profundidades, as trincheiras no solo foram abertas em 17 áreas selecionadas para o estudo. Vanessa Matos Gomes, pós-doutoranda no Programa de Pós-graduação em Agronomia da UFRRJ e uma das bolsistas da pesquisa, conta que cerca de 400 amostras já foram coletadas nessas áreas e que a expansão das investigações para outros locais reflorestados depende da renovação do edital. De acordo com a pesquisadora, os resultados das amostras analisadas serão obtidos nos próximos meses.
Para se ter ideia da importância de pesquisas como essa, dados divulgados na COP 28, a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que aconteceu no fim de 2023, indicam que as emissões globais de carbono devem crescer 1,1% em 2023, segundo projeções do Global Carbon Project. Isso significa 36,8 bilhões de toneladas de CO2 lançadas na atmosfera devido a queima de combustíveis fósseis. A situação se agrava ainda mais quando as emissões provenientes das mudanças do uso do solo também são incluídas no cálculo geral, aumentando para cerca de 40,9 bilhões de toneladas em 2023.
Um dos principais objetivos do PAF (Re)Floresta Água e Carbono em Rio Claro-RJ junto às pesquisas da Universidade é contribuir para o enfrentamento deste desafio global por meio de um trabalho interconectado entre ações de reflorestamento, educação ambiental, pesquisa científica e articulação territorial socioambiental.
Conheça mais sobre as pesquisas em análise de solos
O Laboratório de Estudos das Relações Solo-Planta (LSP) busca orientar e coordenar especificamente as atividades na área de relações solo-planta-ambiente, fertilidade dos solos em agroecossistemas e tecnologia de fertilizantes. As pesquisas contribuem para o desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira por meio da formação de recursos humanos qualificados, fornecimento de conhecimentos nas áreas de desenvolvimento e de análises dos impactos ambientais causados pelo uso da tecnologia e, também, da busca de soluções para os problemas enfrentados pelos agricultores.
Um dos trabalhos é da autoria de Priscila Silva Matos, que fez seu doutorado em Agronomia, mais especificamente em Ciência dos Solos e atualmente é pós-doutoranda no departamento de Informação e Ciência Computacional no The James Hutton Institute na Escócia. A pesquisadora fez a análise do solo da Fazenda Arca de Noé, estação de pesquisa agroecológica localizada perto da cidade de Sapucaia, no Rio de Janeiro, e já tem mais de três artigos publicados sobre o tema.
Para outras informações, acesse o site: https://laboratorios.ufrrj.br/lspia/
Por Matheus Mendonça, bolsista de Jornalismo sob a supervisão da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ). Com informações do Comitê Guandu-RJ.