No dia 26/12 faleceu o Prof. Luiz Antonio Barreto de Castro em Sobral, CE.
O Prof. Luiz Antonio nasceu no Rio de Janeiro em 17 de abril de 1939 e ingressou na então Escola Nacional de Agronomia em 1959 (hoje Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).
Trabalhou por três anos no Departamento de Horticultura do Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola do Ministério da Agricultura no estado do Rio de onde estabeleceu o primeiro Laboratório de Tecnologia de Sementes em 1965. Iniciou sua carreira como professor na UFRRJ em 1965 e seguiu esta carreira até 1981 como professor assistente e depois como professor adjunto do Departamento de Horticultura nas áreas de hortaliças, tecnologia de sementes e bioquímica vegetal nos níveis de graduação e mestrado.
Neste período publicou em associação vários trabalhos científicos na área de melhoramento de hortaliças para resistência a doenças, em especial a Verticillium e Fusarium em tomate. Realizou mestrado em Tecnologia de Sementes na Universidade Estadual do Mississippi, concluído em 1970, publicou em seguida vários trabalhos científicos nas áreas de fisiologia de sementes, e melhoramento de hortaliças para maiores rendimentos e resistência a doenças. Iniciou seu doutorado em Fisiologia Vegetal-Biologia Molecular na Universidade da Califórnia-Davis em 1973. Sua tese foi na área de proteínas da soja: caracterização, isolamento e síntese in vitro. Trabalhou quatro anos no Laboratório de Crescimento e Desenvolvimento de Plantas da UC-Davis com Bill Breidenbach, Richard Jones, Terence Murphy e Robert Goldberg, o último da UCLA. Voltou ao Brasil em 1977, e trabalhou durante dois anos no Laboratório de Maury Miranda no Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e, posteriormente, estabeleceu o primeiro Laboratório de Biologia Molecular na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, até ser contratado pela EMBRAPA em 1980, para desenvolver a primeira iniciativa de engenharia genética vegetal no Brasil, no CENARGEN, em Brasília.
Como pesquisador do CENARGEN na EMBRAPA, deu início à biotecnologia vegetal no Brasil quando nenhuma planta transgênica havia sido obtida no mundo. Não obstante, em dez anos, o CENARGEN se desenvolveu para tornar-se o melhor Centro de Pesquisa em Biotecnologia Vegetal do Brasil, e foi credenciado como Centro de Excelência do ICGEB em Trieste/Nova Déli. Visitou a UCLA por três meses todos os anos, durante seis anos, a partir de 1986 como pós-doutorando de Robert Goldberg, patrocinado pela Fundação Rockefeller, e consolidou seus estudos em expressão de genes e biologia do desenvolvimento de plantas. Em associação, publicou vários artigos científicos na área de expressão de genes de plantas em sementes e tubérculos e obteve as primeiras patentes brasileiras na área de engenharia genética vegetal. Em seguida, trabalhou por nove anos como coordenador de pesquisa para o Ministério da Ciência e Tecnologia, ocupando nesse ínterim a posição de Secretário de Ciência e Tecnologia e Secretário Executivo do PADCT – o maior programa federal de suporte à ciência e tecnologia implementado com empréstimos governamentais vindos do Banco Mundial. No Ministério da Ciência e Tecnologia contribuiu para estabelecer as leis básicas necessárias para o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil: proteção de cultivares, patentes, biossegurança e prospecção de biodiversidade. Voltou à EMBRAPA em julho de 1999 para ser Diretor da Secretaria de Propriedade Intelectual, e através de concurso público exerce desde janeiro de 2000 o cargo de Chefe Geral do CENARGEN, até a presente data. Durante este período deu início ao Projeto Genoma da EMBRAPA – PROGEM, e desenvolveu uma moderna plataforma de genoma funcional no CENARGEN, onde vários projetos nacionais e internacionais na área de genoma estão agora em andamento. Sua experiência profissional inclui mais de trinta anos de atividade em pesquisa científica nas áreas de agronomia, melhoramento genético de plantas, fisiologia vegetal e de sementes, biologia molecular e do desenvolvimento de plantas e biotecnologia em geral, nas quais publicou extensivamente. Quinze anos como professor, mais de dez anos como coordenador de pesquisa no mais alto nível do Ministério da Ciência e Tecnologia e Chefe Geral do instituto de pesquisa estrategicamente mais importante da EMBRAPA – CENARGEN. Contribuiu para estabelecer a base legislativa necessária para o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil e publicou extensivamente durante os últimos anos nas áreas de políticas e estratégias científicas e tecnológicas.
Por sua trajetória, tornou-se Membro da Academia Brasileira de Ciências em 2003.
Foi, também, muito ativo no início das atividades da ADUR, tendo papel destacado durante a greve pela não demissão do Prof. Walter Motta pelo reitor biônico da época, indicado pela ditadura.
Perdemos um grande nome da cultura e da ciência e, acima de tudo, militante da ciência e da Universidade Pública.
(Fonte: Prof. Ricardo Berbara – Depto de Solos – IA – UFRRJ)