O tema violência tem sido amplamente discutido pela sociedade, especialmente quando as vítimas são mulheres, as mais afetadas por esse problema. Por isso, a Administração Central da UFRRJ realizou o I Fórum para Construção de Políticas Institucionais de Acolhimento às Vítimas de Violência Contra a Mulher, ocorrido entre 7 e 9 de dezembro de 2015, no Salão Azul (P1).
Na segunda-feira, primeiro dia do evento, a proposta foi dar voz a agentes externos, que pudessem fazer uma exposição sobre a violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense e no município de Seropédica. A major Claudia Moraes, da Polícia Militar, expôs dados que destacaram o índice de crimes contra mulheres em todas as regiões do estado. Ela ressaltou a importância desse tipo de debate no ambiente acadêmico:
— É fundamental a UFRRJ discutir este problema, que em algumas universidades é visto como um tabu, o que não contribui de maneira alguma para a construção de políticas públicas. Apesar de nós ouvirmos relatos e as pessoas falarem sobre isso, não é um assunto discutido no espaço institucionalizado, mas somente em conversas de bastidores. É fantástico, num espaço como esse, poder perceber a vontade dos alunos e da Reitoria para possibilitar esse diálogo.
No segundo dia, a proposta foi ouvir os setores internos da UFRRJ. Participaram representantes do Departamento de Psicologia, da Divisão de Atenção à Saúde dos Servidores da Universidade Rural (Dast), do Núcleo de Práticas Jurídicas e da Divisão de Saúde. Para Ana Cláudia Peixoto, coordenadora pro tempore do curso de Psicologia, esse primeiro passo foi essencial para que haja mudanças.
— Considero a iniciativa do fórum extremamente relevante. E desejo que seja só o pontapé inicial, porque sabemos que a violência é um problema de saúde pública. Espero que consigamos observar essa rede que temos disponível, tanto aqui em Seropédica como nos municípios vizinhos, e fomentá-la. O objetivo é articular, aumentar as políticas públicas relacionadas à questão da assistência, do acolhimento e ainda da judicialização desse tipo de violência — comentou a professora.
Também estiveram presentes os membros do Núcleo Integrado de Atendimento à Mulher de Seropédica (Niam). Este órgão, ligado à Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, se propõe a garantir e proteger os direitos da mulher, através da prevenção e da redução dos índices de violência.
Para Jéssica Gomes, assistente social do Niam, a ligação entre a Universidade e o município tem um papel muito importante para melhorar o atendimento a vítimas de violência:
— A articulação dessa rede é muito relevante. Também é essencial que nós, como núcleo de referência, façamos essa parceria para que a UFRRJ tenha um equipamento da prefeitura, que acolha a mulher vítima da violência e faça um atendimento qualificado.
No último dia do evento, a proposta foi realizar uma discussão entre os interessados, com a participação de representantes de vários setores, alunos, técnicos, docentes e a Administração Central. O objetivo foi criar um documento para nortear a construção de políticas institucionais de acolhimento às vítimas de violência contra a mulher, objetivo inicial do Fórum.
O vice-reitor da UFRRJ, professor Eduardo Callado, esteve presente nos três dias de encontro, acompanhando as palestras e o debate.
— Esse foi o primeiro e um importante passo para o acolhimento das mulheres que possam ser vítimas de violência na UFRRJ. Vamos trabalhar para consolidar as políticas institucionais para uma área tão relevante — concluiu.
Seguem abaixo as principais propostas apresentadas no Fórum:
Por Tarsila Döhler/CCS