Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, o projeto Farmacopeia Marik’a entregou mudas de plantas medicinais como terramicina, babosa, carqueja, boldo e tansagem a moradoras do município de Maricá, em evento promovido pela Secretaria Municipal de Saúde e parceiros no sábado, 4 de março.
Foi a primeira atuação desse projeto de inovação e pesquisa, uma articulação entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a empresa pública Biotec, vinculada à prefeitura de Maricá. O convênio do Farmacopeia Marik’a foi assinado em dezembro de 2022, e os trabalhos iniciados em janeiro deste ano, com duração prevista até dezembro de 2025.
Os presentes ofertados às mulheres de Maricá não foram uma escolha aleatória. A palavra farmacopeia significa guia de fórmulas para a produção de medicamentos, e as plantas medicinais e a ampliação do acesso da população a produtos fitoterápicos tradicionais são o foco desta ação de extensão tecnológica. Em paralelo ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), o Farmacopeia Marik’a busca o desenvolvimento econômico e social do município, com a inclusão da agricultura familiar na produção de espécies selecionadas. Todo o processo se baseia na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares e na Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
Nesta aliança com a Biotec, a UFRRJ investe capital intelectual, formado por equipes compostas por servidores técnicos, estudantes e pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. A coordenação geral é do professor Ricardo Berbara, do Instituto de Agronomia.
Metas do projeto Farmacopeia Marik’a
A primeira meta é a produção de plantas medicinais e demais espécies com potencial farmacológico como Psilocybe cubensis e Cannabis. Os trabalhos são coordenados pelos professores do Instituto de Agronomia, Antônio Carlos de Souza Abboud e João Sebastião de Paula Araujo.
A segunda meta envolve os conhecimentos tradicionais associados ao uso de plantas medicinais e desenvolvimento de polo de produção em comunidades locais. As ações são coordenadas pela professora Izabel Missagia de Mattos, do Departamento de Ciências Sociais (ICHS).
A terceira meta é a garantia do controle de qualidade de plantas medicinais, drogas vegetais e produtos tradicionais fitoterápicos. A coordenação é do professor Douglas Siqueira de Almeida Chaves, do Departamento de Ciências Farmacêuticas (ICBS).
A quarta meta é a produção de óleos essenciais, coordenada pelo professor Marco André Alves de Souza, do Departamento de Bioquímica (IQ).
A meta 5 é a pesquisa e serviços públicos relacionados à fitoterapia, coordenada pela professora Magda Alves de Medeiros, do Departamento de Ciências Fisiológicas (ICBS).
Parceria estratégica para a UFRRJ
O orçamento do Farmacopeia é de 25 milhões e prevê a oferta de cerca de cem bolsas de pesquisa e apoio, realização de obras e aquisição de equipamentos. Além da produção de tecnologias e informação para o município, o projeto vai reformar e construir laboratórios de pesquisa usados na investigação de fármacos e produtos naturais em Maricá e no câmpus de Seropédica da UFRRJ. Os laboratórios a serem construídos são o Centro de Inovação, Agroecologia e Biodiversidade, a Unidade de Processamento Experimental de Fitoterápicos, o Laboratório de Biotecnologia, e o Laboratório de Extração de Óleos Essenciais.
Na visão do coordenador Berbara, esta parceria com o poder público é estratégica e destaca o papel da Universidade Rural na articulação de saberes populares e científicos para o desenvolvimento regional. “A Rural ganha ao se engajar nesta ação formada por grupos de trabalho multidisciplinares na elaboração de tecnologias que causam grande impacto na saúde da população”, avalia o professor.
Ao longo das próximas semanas, publicaremos novas informações sobre os projetos que compõe as metas do Farmacopeia Marik’a.
Texto: Comunicação do Farmacopeia Marik’a
Fotos: João Sebastião de Paula Araújo