A UFRRJ, em projeto dirigido pela Casa da Agricultura Familiar, Sustentabilidade, Territórios e Educação Popular (Caste), está desenvolvendo o plantio de silagem de milho em escala de hectares no câmpus Seropédica. A iniciativa tem como principal objetivo alavancar o tripé “ensino, pesquisa e extensão” e proporcionar uma maior autossustentabilidade à Rural. A ocupação das terras está ocorrendo de forma gradativa, desde o fim de 2021, e visa a alcançar cada vez mais pontos ociosos, sob o apoio da Reitoria, da Coordenadoria Especial de Produção Integrada ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Copiepe) e de vários outros setores da Universidade.
Desde o momento de sua criação, há 112 anos, a Rural sempre esteve ligada às ciências agrárias. Seja pelos cerca de 4 mil hectares de sua sede em Seropédica ou pela tradição de seus cursos, a Universidade é destaque nacional e internacional na área. Tendo isso em vista, a Caste, em alinhamento com a Administração Central, tem como objetivo tornar a Rural cada vez mais autossuficiente. Dessa forma, foi criado o projeto de plantio — inicialmente de silagem de milho — em áreas ociosas do câmpus.
A silagem de milho é um alimento destinado ao consumo animal, em especial aos bovinos, suínos e caprinos. Para chegar a tal estágio, entretanto, o processo começa com a implantação da lavoura de milho. Através de uma máquina ensiladeira acoplada a um trator, o milho é picado, misturado e finalmente comprimido para que chegue da melhor compactação para a fase de embalagem em larga escala. A silagem de milho também fornece proteínas, minerais e vitaminas, tornando-a uma opção alimentar completa e eficiente para os animais. Até o momento, toda a distribuição do que é produzido no câmpus é destinado para o consumo interno da UFRRJ.
Coordenador das atividades da Caste, Evandro Costa, que possui uma vida acadêmica e profissional dedicada quase que inteiramente à UFRRJ, é quem conduz o projeto. Ele, que é doutor em Fitotecnia, destaca a busca por desenvolvimento em “ensino, pesquisa e extensão” e, também, o trabalho em conjunto com diversos setores da Universidade, como o Instituto de Agronomia, a Copiepe, o Instituto de Zootecnia, entre outros colaboradores, para além da própria Reitoria. “Muito do resultado que temos é fruto da estrutura que nos foi disponibilizada. Seria até complicado citar todos que nos ajudam. Então, eu posso falar que a Universidade, como um todo, proporciona isso. Também não posso deixar de falar que a gente tem uma equipe muito comprometida, que é quem realmente faz as coisas acontecerem”, ressalta Costa.
Nesse sentido, o apoio interno também se destaca através do incentivo da Pró-Reitoria de Assuntos Financeiros (Proaf), do Departamento de Material e Serviços Auxiliares (DMSA) e da Pró-Reitoria de Planejamento, Avaliação e Desenvolvimento Institucional (Propladi). Aliado ao apoio institucional, o conhecimento técnico do corpo presente em atividade na Caste vem atuando não somente no campo, mas também na escalada entre os produtos em demanda e o consumo para a produção agrária do projeto.
Dentre as 55 pessoas ligadas direta ou indiretamente ao projeto, algumas das decisões mais importantes são tomadas nas estruturas da Casa Amarela (sede da Caste). De lá, Isabela Leal, Rodrigo Alonso e Oduvaldo Júnior atuam no planejamento, desde a identificação de materiais necessários até a chegada das compras. A gestão das atas e o relacionamento com os fornecedores também é tarefa dos mesmos. Na parte de campo, as tarefas de produção são geridas pelos engenheiros agrônomos Antônio Brandão e Paulo Souza. Nesta etapa, todo o processo operacional é definido: o que, como e onde serão os plantios.
O projeto, então, vem ganhando forma desde o primeiro plantio, realizado em dezembro de 2021. De lá para cá, 30 hectares já foram ocupados para desenvolvimento das atividades, o que corresponde a aproximadamente 30 campos de futebol. A meta estipulada para os próximos meses é alcançar a marca de 45 hectares para seguir ampliando a fabricação de silagem de milho. A intenção, num futuro próximo, é ampliar as áreas de plantio e dar início a produção de milho para grãos, soja e, também, plantação de cana.
Ensino, pesquisa e extensão
O projeto tem, ainda, como um dos principais lemas trazer o retorno desejado para a própria UFRRJ. “Eu vejo a Universidade com potencial para ser uma fazenda. Estamos interagindo cada vez mais com a área animal. Queremos produzir alimento para engordar um animal e poder, por exemplo, comercializar carne de boi ou beneficiar um leite de melhor qualidade, com uma vaca que seja altamente produtiva. O que a gente quer é tornar a Rural não uma referência, mas um modelo”, acentua Evandro Costa, coordenador da Caste.
Além disso, o envolvimento de alunos no projeto é uma experiência única para o desenvolvimento deles. Algo evidenciado pelos próprios pesquisadores que supervisionam as atividades. Engenheiro agrônomo formado pela UFRRJ, Paulo Souza atribui ao projeto uma oportunidade de proporcionar aos alunos algo que era deficitário em outras épocas da Universidade. “Aqui, a gente trabalha para os alunos e não tem sentido nenhum estar aqui dentro se não retornar o benefício para eles. Nosso objetivo é crescer ainda mais para ter mais pessoas envolvidas, pesquisas e professores”, destacou ele. Para o engenheiro, o mais importante é que os estudantes saiam da Universidade como profissionais mais treinados: “e que eles sejam capacitados para atuar de forma competente no mercado”.
Por Rafa Gutierrez, bolsista de Jornalismo da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ)
Edição e revisão: Redação CCS/UFRRJ
Confira mais imagens do plantio de milho na galeria abaixo (crédito: Caste e Rafa Gutierrez).