“Uma das partes mais difíceis, para mim, foi ir embora”. Com essas palavras, Matheus Henrique, estudante de Engenharia Florestal, descreveu o Estágio de Vivência em Extensão Rural (EVEx) durante o Seminário de Troca de Experiências realizado na manhã do último sábado (12/03). O evento foi promovido pelo Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) e realizado através da plataforma Google Meet.
A ocasião contou com as reflexões iniciais do professor e engenheiro florestal Marcelo Duncan, do Departamento de Ciências Sociais (DCS), sobre a vivência junto a famílias de agricultores no processo de formação de jovens profissionais. “Estamos preocupados com que os graduandos em Ciências Agrárias tenham um conhecimento mais realista do universo que os cerca, principalmente no tema de agricultura familiar, produção sustentável e agroecologia”, defende o docente.
Ao longo do Seminário, os discentes presentes puderam compartilhar o que foi vivenciado durante os cinco dias que passaram nas unidades de agricultura familiar vinculadas à Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ), que é um movimento que reúne organizações engajadas para o fortalecimento da produção familiar e camponesa no estado. Além disso, apontaram os desafios enfrentados por fatores como a Covid-19.
Entre as localidades envolvidas na iniciativa estavam: Assentamento Terra Prometida (Duque de Caxias); Sítio da Srª Jandira (Magé); Sítio Colher de Pau, em Cachoeira Grande (Magé); Vargem Grande (Rio de Janeiro); Quilombo de Tapinoã (Araruama); Projeto Reserva Biológica, em Gaviões (Silva Jardim); Sítio Monte Cristo (Trajano de Moraes); e Assentamento Zumbi dos Palmares (Campos dos Goytacazes).
Com caráter extra-acadêmico, a atividade foi registrada no SIGAA como Projeto de “Apoio de Estágio de Vivência em Extensão Rural em estabelecimentos rurais e urbanos familiares com interações agroecológicas” com o objetivo de apreender as realidades e diversidades do público assistido. A ação educativa pretendeu mostrar, também, uma realidade fora da academia: o dia a dia de trabalhadores rurais do país que realizam suas atividades com autonomia e orientação agroecológica. Segundo o depoimento de alunos envolvidos, o projeto mudou suas perspectivas acadêmicas e profissionais.
No total, 20 graduandos, divididos entre duplas e trios, efetivaram essa vivência empírica no último recesso letivo, em janeiro de 2022, e foram recebidos por oito famílias de agricultores que se ocupam da transição agroecológica no estado. A partir do Seminário, será disponibilizada aos estudantes uma declaração de 60h de trabalho orientado, as quais eles passaram com agricultores, recebendo instruções e refletindo sobre as práticas nessas unidades de vida e de trabalho.
Os professores da área de Extensão Rural do DCS, responsáveis pela organização do estágio, acompanharam todas as atividades, em contato virtual ou presencial, conforme as necessidades e oportunidades. Durante o evento, um clipe musical, inspirado por “Lamento Sertanejo”, de Gilberto Gil, reuniu fotos e desenhos etnográficos que foram captados pelos estudantes durante a vivência.
Além da presença de discentes e do professor Marcelo Duncan, o encontro contou com a participação de Alexandre Gollo, professor e agrônomo, Annelise Fernandez, professora e socióloga, Jaime Rodrigo da Silva Miranda, professor e zootecnista, Josane Rezende, chefe do Departamento de Relações Comunitárias e Interinstitucionais (DRCI) da Pró-Reitoria de Extensão (Proext), e Patricia Reinheimer, professora e antropóloga. A dimensão administrativa, desse modo, foi apresentada através de diálogo com a Proext. Durante as três horas de interação, a equipe pôde avaliar os pontos fortes, as limitações da experiência e aprimorar orientações para as possíveis novas edições do EVEx.
Para Patricia Reinheimer, representante da chefia do DCS no Seminário, é fundamental pensar em uma Universidade que possa permanecer ativa durante o período de recesso letivo. “É uma utopia minha, e acredito que do grupo de professores que organizaram o evento, acreditar que o estágio de vivência pode ser experimentado por alunos e professores de todas as áreas da UFRRJ. A experiência rural, da agricultura familiar, deveria ser valorizada por todo mundo e, para tal, é preciso que ela seja conhecida para ser reconhecida”, afirma a docente.
Com a curricularização da Extensão em foco, a vivência serve como instrumento de reflexão para as formas de replicar essa atividade. Por isso, a Proext convida a comunidade acadêmica a participar do I Ciclo de Apresentação de Programas e Projetos de Extensão da UFRRJ. O objetivo do evento é abrir espaço para a exposição de programas e projetos de Extensão que também dialoguem com a curricularização da Extensão. Ao todo, serão três Ciclos de Apresentação, que acontecerão em três dias de cada período letivo de 2022. Sendo assim, o I Ciclo será realizado nos dias 30 de março, 13 de abril e 04 de maio, às 17h, no canal do YouTube da Proext.
Texto: Lidiane Nóbrega – bolsista de Jornalismo da Proext/UFRRJ.
Imagens: Divulgação do EVEx.