Com a aproximação do verão e a volta do período das chuvas no Hemisfério Sul é importante ligar o sinal de alerta para os transtornos causados anualmente pelas tempestades no Rio de Janeiro.
Com isso em mente, os professores Henderson Silva Wanderley e Rafael Coll Delgado, Departamento de Ciências Ambientais, Instituto de Floresta, realizaram, junto ao ex-aluno Renato Marques Sanches Pereira, um mapeamento das áreas críticas a precipitação com alto risco de ocorrência de desastres naturais no município do Rio de Janeiro. O artigo foi publicado no fim de setembro na plataforma SpringerLink, uma das maiores publicações de artigos acadêmicos do mundo.
“Estudar a distribuição das chuvas é importante, pois ela é uma das variáveis que caracteriza o clima de uma região e as disponibilidades hídricas para a agricultura de cidades. Conhecer essa disponibilidade para municípios como o Rio de Janeiro é fundamental, já que as chuvas sempre estão causando transtornos para a cidade como: alagamentos, enchentes, inundações, enxurradas, deslizamentos, escorregamento e queda de barreiras”, explica Wanderley.
Como foi feito o estudo
A pesquisa, feita durante a pandemia, utilizou dados mensais de 14 estações pluviométricas do município do Rio de Janeiro. Os pesquisadores recolheram informações do período entre 1997 e 2018, e fizeram o agrupamento de regiões que apresentavam distribuição das chuvas de modo semelhante. Assim, foram identificadas regiões críticas, que sempre apresentam problemas relacionados à precipitação.
O Rio de Janeiro é conhecido por receber grandes volumes de chuva, que causam transtornos a seus habitantes. “As cidades apresentam históricos de regiões que sempre demonstram algum problema em relação às chuvas. Essas áreas devem ser prioridades das autoridades competentes antes do início do período mais chuvoso. No entanto, devido às mudanças no clima, a distribuição das precipitações está mudando, e regiões que não apresentavam ou que nunca apresentaram problemas, mediante as chuvas estão sujeitas à ocorrência de algum desastre associado a elas. Isso, junto à ocupação irregular de áreas de várzeas, encostas e morros potencializam os desastres quando ocorrem.”, relata o professor.
Pesquisas como essa podem servir de suporte para ações de prevenção por parte das autoridades competentes a fim de minimizar os desastres associados às chuvas. A distribuição de chuvas no município do Rio de Janeiro sofre variações significativas por conta de sua topografia, mas as áreas com concentrações pluviométricas apontadas no estudo estão em um triângulo formado pelo Maciço da Tijuca, na parte mais central do Rio, o Maciço da Pedra Branca, na Zona Oeste, e o Maciço de Gericinó, também da Zona Oeste.
“A ciência hoje tem um papel fundamental para a compreensão e resolução de problemas diversos, sejam eles relacionados ao clima ou não. Mas, a mais importante contribuição da ciência é fazer com que os resultados das pesquisas, as respostas e soluções cheguem a quem realmente necessita dessa informação”, finaliza o pesquisador.
Texto: Lucas Santana – estagiário do curso de Jornalismo/CCS