Por Marina Moreira (*)
Neste período de crise sanitária global, nos “acostumamos” com informações como: “RS suspende as atividades entre 20h e 5h”; “Governo publica novo decreto e mantém toque de recolher”; “Governador do PR diz que é o pior momento da pandemia e anuncia medidas mais rígidas”… Muitas vezes, relacionamos um contexto de pandemia com a paralisação total de certas atividades. Assim, acabamos por esquecer que, em vários lugares, há os chamados trabalhos essenciais, sendo estes de extrema importância para a continuidade do funcionamento de uma instituição. Estamos falando de uma situação grave, pandêmica, em que o isolamento social torna-se elemento principal de prevenção da contaminação pela doença. Os trabalhadores essenciais não usufruem totalmente desse elemento. Por isso, merecem destaque em notícias que buscam divulgar a situação dos mesmos procurando, ao máximo, garantir meios de segurança do trabalho para a continuidade da atuação desses profissionais.
A UFRRJ é uma grande instituição de ensino, pesquisa e extensão com câmpus presentes em Seropédica, Nova Iguaçu, Três Rios e Campos dos Goytacazes. Além da grande quantidade de alunos, a Universidade também é composta por um número considerável de trabalhadores responsáveis pelo seu funcionamento. Um deles é Luiz de Sá, chefe da Divisão de Saúde, que teve de exercer seu trabalho presencialmente por ser uma função essencial. “Cada um teve de se adequar à situação da pandemia de acordo com sua especificidade. Adaptar o atendimento com respeito às normas da Organização Mundial da Saúde (OMS), tais como: uso de máscaras N95, protetor facial, avental descartável e luvas. Redobramos a higienização do setor, houve a vacinação de todos os trabalhadores da área em 2021 e foi feita a aquisição de materiais e aparelhos para o uso do dia a dia”, relata Luiz.
De acordo com a Portaria do Ministério da Educação (MEC) n° 534, de 23 de março de 2020, a atuação presencial de serviços deve ficar limitada ao atendimento de atividades de caráter essencial, ou seja, as pessoas que exercem tais serviços não podem atuar de forma remota. A Portaria diz, ainda, que os serviços devem ser considerados essenciais pelos titulares das unidades vinculadas ao MEC, em patamar mínimo para a manutenção das atividades e seguindo os protocolos de segurança patrimonial e sanitária. Considerando isso, além de a UFRRJ possuir grande extensão, em especial na área agrícola, pessoas que trabalham nesse ramo tiveram que aderir à continuidade desse serviço tido como essencial.
Ao pensarmos nas várias mudanças que as categorias podem passar em um período pandêmico, logo vêm à mente as possíveis confusões que isso pode causar em alguns momentos. Em contrapartida, quando todo esse processo é realizado de forma organizada e responsável, o desespero é menor. É o que diz Luciano Alonso, professor do curso de Medicina Veterinária e integrante do projeto Acolhimento e Monitoramento Animal (AMA/UFRRJ). “Há muita cooperação, eu diria. Muito estresse pelas dificuldades, mas o profissionalismo e o respeito prevalecem… Está sendo um período difícil, duro, cansativo, mas também muito marcante nesse aspecto do longo período de trabalho pesado, medos e incertezas, mas com o dever de continuar”, disse Alonso.
A realidade de outros setores
Quando o assunto é estrutura universitária, logo imaginamos grandes auditórios, salas de estudos, laboratórios, bibliotecas e tudo o que normalmente encontramos nesse ambiente. A questão é que nada disso poderia ser construído separado de uma perspectiva de segurança desses espaços. Assim, as tarefas dos vigilantes tornam-se extremamente importantes e essenciais.
Um dos maiores problemas no serviço é a falta ou afastamento de trabalhadores de seu cargo, fator decorrente deste período de pandemia. Ainda usando como referência a Portaria 534, no artigo 3° consta que deverão ser afastados os prestadores de serviços terceirizados com 60 anos ou mais; imunodeficientes ou com doenças preexistentes crônicas ou graves; e os responsáveis pelo cuidado de pessoas com suspeita ou confirmação de infecção pelo Novo Coronavírus. Com isso, Renan Canuto, chefe da Divisão de Guarda e Vigilância (DGV), afirma que “o maior problema foi o aumento de afastamento de colaboradores prejudicados pela doença”. Em relação à atuação no trabalho, ele diz que “houve uma redução de ocorrências consideradas graves, mas, em contrapartida, a Guarda teve mais trabalho relativo aos aconselhamentos feitos à comunidade para manter as medidas sanitárias obrigatórias”.
No início da pandemia, quando os setores responsáveis da UFRRJ dispensaram as atividades presenciais como um todo, a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep) não realizou atendimento presencial ao público entre 16 e 30 de março de 2020. A Progep é um dos setores responsáveis por auxiliar na execução de processos e tarefas envolvendo pessoas e a instituição. Atualmente, os servidores dos serviços essenciais que atuam nessa Pró-Reitoria estão exercendo sua função presencialmente. Em relação ao atendimento presencial, ele passou a ser feito remotamente para todos os câmpus, de acordo com o pró-reitor de Gestão de Pessoas, Marcelo Sales. “Alguns atendimentos presenciais em Seropédica foram feitos com agendamento, como a visita aos Próprios Nacionais Residenciais (PNRs) e a Perícia Médica”, informa Sales.
Também mantiveram atividades durante a pandemia o Departamento de Material e Serviços Auxiliares (DMSA) e a Coordenadoria de Engenharia de Projetos e Arquitetura (Copea), setores ligados respectivamente à Pró-Reitoria de Assuntos Financeiros (Proaf) e à Pró-Reitoria de Planejamento, Avaliação e Desenvolvimento Institucional (Propladi).
O quantitativo de servidores de serviços essenciais gira em torno de 300 trabalhadores por mês, incluindo os que atuam em revezamento. Considerando esse fato, é quase impossível que, desde o início da pandemia até os dias atuais, não tenha ocorrido problemas em vários aspectos, desde os psicológicos até o institucional. Porém, o chefe da Divisão de Saúde afirma que “com os esclarecimentos e medidas protetivas suficientes, a insegurança vai diminuindo no local de trabalho”.
É com esse alívio de Luiz de Sá, juntamente com ações governamentais efetivas a serviço da proteção da população, é que vamos superar essa crise sanitária que parece não ter fim.
(*) Bolsista de jornalismo da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ)
(Fotografias: Miriam Braz – CCS/UFRRJ. Supervisão/edição: João Henrique Oliveira – CCS/UFRRJ)
Aviso: as fotografias utilizadas nesta matéria são imagens de arquivo, retratando momentos pré-pandemia de Covid-19