Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência (11/02) busca promover reflexões sobre a equidade de gênero nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, conhecidas como STEM, na sigla em inglês. De acordo com a UN Women, hoje, apenas 30 por cento dos pesquisadores em todo o mundo são mulheres.
Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), dados referentes aos editais de iniciação científica na graduação em 2020/2021 apontam para a grande participação de mulheres orientadas nas três modalidades – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBIT) e Programa de Iniciação Científica Voluntária (PICV). Porém, com relação a projetos aprovados, apenas no PICV há aproximação entre pesquisadoras e pesquisadores.
A pró-reitora adjunta de Pesquisa e Pós-Graduação da UFRRJ, Lúcia Helena Cunha dos Anjos, relembra que o ano de 2020 e a pandemia Covid-19 mostraram a toda a humanidade o quanto a ciência é importante em nossas vidas. “As mulheres lideraram as pesquisas que trouxeram, em 2021, a esperança na forma de vacinas. Quanto mais poderíamos fazer se o reconhecimento do dia 11 de fevereiro se estendesse para todo o ano? Citando o que diz o texto da ONU sobre a data comemorativa: O mundo precisa de ciência e a ciência precisa de mulheres e meninas”, afirma.
Para contribuir com as discussões sobre o tema, convidamos quatro ruralinas a contarem suas vivências no ambiente científico e tecnológico. A seguir, confira os depoimentos de Ana Carolina de Jesus Grijó, aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente do Colégio Técnico da Universidade Rural (Ctur); de Jennifer Ribeiro, estudante do 5º período de graduação em Física; de Patrícia Silva Gôlo, professora do Departamento de Parasitologia Animal do Instituto de Veterinária (IV); e de Maria Viviana de Freitas Cabral, professora do Departamento de Ciências Econômicas do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA).
“Jovens mulheres também podem ser cientistas”, por Ana Carolina de Jesus Grijó
“Vocês são capazes e ciência é lugar de mulher, sim”, por Jennifer Ribeiro
Meu nome é Jennifer Ribeiro e sou aluna do 5º período de graduação em Física da Rural. Faço Iniciação Científica no IFRJ – campus Paracambi, onde estudei no ensino médio, na área de redes complexas aplicadas ao estudo dos terremotos.
Desde pequena, sempre adorei matemática e quando comecei a ter aulas de Física no ensino médio, apaixonei-me pela disciplina. Tive a oportunidade, ainda no ensino médio, de começar a fazer Iniciação Científica com meu professor de Física – o Prof. Dr. Douglas Ferreira, que sempre me encorajou e apoiou a seguir na área de Física – e foi então que decidi que a Física era o que eu queria fazer; não apenas ser uma pesquisadora, mas também ser professora de Física.
Logo de início não foi simples ter tomado essa decisão, pois ainda existe um grande preconceito com a profissão de professor no Brasil e também com uma mulher que decida estudar Física ou outras áreas das Ciências Exatas, o que me levou a ouvir de familiares coisas como: “Física? Mas você é tão inteligente e vai fazer Física? Poderia fazer medicina…”
Outra dificuldade, dentre tantas que as mulheres enfrentam na área de Física, por exemplo, é que, quando entrei na universidade, foi nítida a diferença entre o número de mulheres estudantes de Física e a quantidade de alunos homens. Tal fato também é observado quando comparamos o número de professoras e professores de Física no departamento.
Apesar de todas as dificuldades, gostaria de dizer para todas as meninas e mulheres que têm o sonho de serem cientistas, que vocês são capazes e que a ciência é lugar de mulher, sim. Estudar e entender um pouco mais sobre como a natureza se comporta é algo incrível e poder contribuir para o desenvolvimento da ciência é muito gratificante. Assim, podemos ajudar em questões como a preservação do meio ambiente e a melhoria da vida humana e de todos os seres vivos.
“A mulher na ciência: desafios e sua história de sucesso”, por Patrícia Gôlo
“Maternidade e ciência”, por Maria Viviana de Freitas Cabral
Use a hashtag #RuralinasNaCiencia para acompanhar mensagens de pesquisadoras da UFRRJ. Incentive outras meninas e mulheres a se tornarem cientistas!
Por Michelle Carneiro, jornalista da CCS/UFRRJ.