Segundo resultados das pesquisas, mudanças climáticas têm impacto direto sobre o regime anual de incêndios da região.
O ano de 2020 tem sido marcado pelo aumento significativo de incêndios florestais desastrosos ao redor do mundo. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro a agosto, somados todos os biomas, as queimadas já consumiram cerca de 121,3 mil km² de área ambiental.
Com base nessa problemática, uma pesquisa do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Florestais (PPGCAF/UFRRJ) se dedicou a investigar os incêndios no sul do país, em uma área coberta pelos biomas Mata Atlântica (70%) , Pampa (29%) e Cerrado (1%). Desenvolvido no Laboratório de Sensoriamento Remoto Ambiental e Climatologia Aplicada (LSRACA), o estudo aborda a variabilidade das condições climáticas e suas consequências no regime anual de incêndios da região.
Recentemente, o trabalho da equipe de pesquisadores foi publicado na Journal Agricultural and Forest Meteorology, revista de circulação internacional que cobre pesquisas sobre a relação entre os campos da meteorologia, agricultura, silvicultura e ecossistemas naturais.
De acordo com os principais resultados, as mudanças climáticas causadas pelo fenômeno El Niño – Oscilação Sul (ENOS) alteram o número de focos de incêndios e a área queimada no sul do país, sendo os registros de incêndio maiores durante os eventos de Lã Niña em comparação com os de El Niño.
“Caso estes fenômenos tornem-se mais intensos como os investigados em nossa pesquisa, os incêndios poderão causar grande problemas a sociedade, como a toxicidade do ar, incêndios mais próximos às áreas urbanas e consequentemente maiores perdas de vidas”, explica Rafael Coll Delgado (Departamento de Ciências Ambientais), professor e coordenador da pesquisa.
Diante do cenário de ameaça aos biomas brasileiros, o professor destaca ainda a importância do desenvolvimento de pesquisas que auxiliem o monitoramento de incêndios florestais.
“O aumento de incêndios criminosos, as condições climáticas favoráveis à queima e o desmantelamento de órgãos de fiscalização ambiental aumentam ainda mais a necessidade de pesquisas que possam auxiliar no entendimento e monitoramento dos incêndios nos biomas. Os incêndios recorrentes e criminosos põem em risco a vida das equipes de brigada de incêndio, a sociedade como um todo, seja pela ação das queimadas, ou até mesmo a poluição atmosférica, além disso, os incêndios recorrentes e de alta severidade ameaçam a fauna e flora que lá vivem”, afirma.
Realizado com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), o estudo faz parte da dissertação de mestrado de Caio Frossard de Andrade e contou com a colaboração dos professores Paulo Eduardo Teodoro (UFMS), Henderson Silva Wanderley (UFRRJ) e Carlos Antonio da Silva Junior (UNEMAT).
Por João Gabriel Castro, estagiário de jornalismo da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ).
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