Em sua 7ª edição, a manifestação defendeu a importância da ciência no enfrentamento da pandemia e reforçou a luta por investimentos na área
A Marcha pela Ciência é uma manifestação em defesa da ciência organizada anualmente pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC). Realizada na última quinta-feira, 7, a edição deste ano precisou ser adaptada para o virtual devido às recomendações de saúde. Com o apoio de instituições científicas e acadêmicas do país, o movimento tomou as redes para enfatizar a importância da ciência no enfrentamento da pandemia e a necessidade do investimento de recursos na área.
Segundo dados da SBPC, todas as atividades promovidas pela Marcha tiveram um engajamento expressivo de participantes. Através da plataforma Manif.app, cerca de 15.800 pessoas se reuniram em frente ao Congresso Nacional em uma manifestação digital. Já no Twitter, ao longo do dia, o evento ocupou duas posições entre os assuntos mais comentados na rede social com as hashtags #paCTopelavida (2º) e #MarchaVirtualPelaCiência (4º) citadas mais de 30.000 vezes pelos usuários.
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) integrou a Marcha, por intermédio da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) que realizou uma divulgação prévia do evento e organizou a participação de professores e pesquisadores na manifestação. Através das redes sociais da Universidade, a CCS divulgou uma série de depoimentos da comunidade acadêmica, que apresentou o conhecimento produzido na UFRRJ, bem como tratou de questões relacionadas às áreas da ciência no Brasil.
Em seu depoimento, o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Alexandre Fortes, defendeu a retomada do investimento na produção científica e tecnológica e na formação de novos pesquisadores, ambas consideradas fundamentais para o desenvolvimento do país.
“Nós temos assistido com muita preocupação a redução do investimento em ciência nos últimos anos tanto no Brasil, quanto em outras partes do mundo. E também a difusão de um ambiente de obscurantismo e de ataque ao pensamento científico e racional que […] agora tem criado inúmeras dificuldades para enfrentarmos o grande desafio colocado por essa pandemia da Covid-19. Nós precisamos nos manifestar e nos comunicar melhor com a sociedade para garantir que cada vez mais o investimento necessário seja retomado”, concluiu.
Recentemente, o Pró-reitor foi um dos signatários da nota divulgada pela Frente Rio em repúdio às novas diretrizes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e das Comunicações (MCTIC) que, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), restringem – ou até mesmo eliminam – o fomento necessário à pesquisa básica e aplicada tanto nas áreas de Ciências Exatas, quanto nas de Ciências Humanas.
A participação dos professores e pesquisadores da UFRRJ na Marcha também serviu para mostrar que, mesmo durante a pandemia, a Universidade continua a serviço da população.
Confira, a seguir, algumas pesquisas apresentadas.
Tecnologia a serviço da saúde
Em seus depoimentos, os professores Leandro Alvim e Filipe Braida (Departamento de Ciência da Comunicação/IM) apresentaram a XrayCovid-19, uma ferramenta de inteligência artificial desenvolvida por eles que auxilia no processo de diagnóstico da Covid-19.
“Esperamos que o nosso sistema deixe um legado para o sistema de saúde pública e que seja capaz de unir os pesquisadores e profissionais numa causa só”, afirmou Leandro.
Pesquisas localizadas
Com dois de seus câmpus localizados na Baixada Fluminense, a UFRRJ também tem dedicado seus esforços para compreender a realidade dessa área. O professor André Rocha (Departamento de Geografia) contou em sua participação que, com o avanço da Covid-19 no Rio de Janeiro, resolveu direcionar seu estudo sobre a Baixada Fluminense para entender o desenvolvimento da doença neste território.
Segundo Rocha, a finalidade da pesquisa é “alimentar as políticas públicas e fazer com que a população se conscientize em relação ao vírus”.
Acesse a pesquisa em: https://www.ppgihd-open-lab.com/dados-baixada.
Outra pesquisa apresentada foi a do grupo Gemulti Baixada que, desde 2013, discute questões pertinentes a região metropolitana do Rio de Janeiro, em especial a Baixada Fluminense.
Em seu depoimento, a coordenadora do grupo, Lúcia Silva (Departamento História/IM), revelou que, atualmente, o grupo estuda a intensificação do processo de ocupação urbana na Baixada iniciado na década de 1940, com a proliferação de loteamentos em território sem estrutura urbana.
Tecnologia sustentável
O professor Hélio Fernandes Machado (Departamento de Engenharia Química) apresentou sua pesquisa com catalisadores petroquímicos na transformação de plásticos (como, por exemplo, o polietileno) em materiais recicláveis. De acordo com o professor, essa atividade reduz a carga de poluentes no aterros sanitários do país e, consequentemente, no meio ambiente.
Dezenas de depoimentos em vídeos ou “cards” foram publicados nas redes sociais e podem ser vistos em Facebook @universidadefederalrural e Instagram @universidadefederalrural
Por João Gabriel Castro – estagiário de Jornalismo da CCS