No dia 15/3, publicamos notícia a respeito da possibilidade de animais de companhia serem transmissores do SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19. De acordo com os pesquisadores, a resposta continua sendo a mesma: Não há evidências científicas de que cães ou gatos infectados naturalmente possam transmitir o vírus.
Nos últimos 20 dias, foram divulgadas notícias a respeito da detecção do SARS-Co-V2 em animais de estimação e em um tigre de zoológico. O médico veterinário e professor Clayton B. Gitti, do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública do Instituto de Veterinária da UFRRJ, atualiza as informações científicas sobre o tema. Veja o vídeo com a explicação do professor e leia as informações complementares com fontes de referência no texto logo abaixo:
O que se sabe sobre a Covid-19 em animais – por Clayton B. Gitti
Uma segunda pré-impressão, publicada em 3 de abril no bioRxiv, descreveu uma investigação sobre a possibilidade de os gatos serem expostos ao SARS-CoV-2 e montarem uma resposta de anticorpos contra o vírus durante o surto inicial do Covid-19 em Wuhan, China . Mais uma vez, um aviso no site da bioRxiv observa documentos publicados lá “não devem ser considerados conclusivos, orientar a prática clínica/comportamento relacionado à saúde ou ser relatados na mídia como informação consolidada”.
Nada nestes artigos de pesquisa fornece evidências conclusivas de que gatos, furões ou outros animais domésticos podem ser facilmente infectados com SARS-CoV-2, nem demonstram que gatos, furões ou outros animais domésticos transmitem o vírus em condições naturais.
Devo fazer um alerta para que não repassem notícias sem a devida comprovação de sua veracidade. A grande maioria das pessoas não lê seu conteúdo, apenas leem o título e repassam a mensagem provocando alarde desnecessário. As notícias que são divulgadas são apenas as manchetes iniciais sobre as descobertas e em momento nenhum a imprensa divulga a conclusão dos estudos provocando um grande desserviço no que diz respeito à divulgação de informações sérias e corretas.
Recomendações sobre SARS-CoV-2 e animais de companhia
Sendo assim, considerando as orientações oficiais do Ministério da Saúde do Brasil, Conselho Federal de Medicina Veterinária e das entidades internacionais de referência em Saúde Pública e Sanidade Animal tais como o CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) e a AVMA (Associação Americana de Medicina Veterinária) deve-se manter as recomendações sobre SARS-CoV-2 e animais de companhia:
Os animais de companhia não devem ser rotineiramente testados para Covid-19 no momento. Animais doentes ou feridos devem receber cuidados veterinários. O proprietário ou o responsável pelo animal deve primeiro consultar o veterinário por telefone para determinar se é necessário um exame na clínica. Onde apropriado, devem ser realizados testes de doenças infecciosas que geralmente causam doenças de animais de companhia.
Embora sejam recomendadas como boas práticas, é importante lembrar que, atualmente, há pouca ou nenhuma evidência de que animais de estimação ou outros animais domésticos naturalmente expostos à SARS-CoV-2 adoeçam com COVID-19 ou espalhem o vírus para outros animais domésticos. animais e nenhuma evidência de que eles possam transmitir o SARS-CoV-2 para as pessoas. Consequentemente, não há razão para remover animais de estimação das casas, mesmo que o COVID-19 tenha sido identificado em membros da família, a menos que haja risco de que o animal de estimação não possa ser tratado adequadamente. Durante esta emergência pandêmica, animais de estimação e pessoas precisam do apoio do outro e os veterinários estão lá para apoiar a boa saúde de ambos.
Fontes seguras de informação:
https://coronavirus.saude.gov.br/
http://portal.cfmv.gov.br/site/pagina/index/artigo/250/secao/6