Comissão discente recepciona candidatos declarados pretos, pardos e indígenas durante as matrículas
O objetivo principal é como a própria palavra propõe: acolher. A iniciativa tem sido realizada durante todos os dias de matrícula e neste ano já aconteceu dias 31 de janeiro, 3 e 4 de fevereiro, no Salão Azul, do câmpus Seropédica pela Comissão Discente de Acolhimento aos candidatos Declarados Pretos, Pardos e Indígenas (PPI), vinculada a Pró-reitoria de Graduação da UFRRJ.
Com metade de sua população formada por negros – cerca de 100 milhões de pessoas – o Brasil instituiu a partir de 2012 a Lei de Cotas para promover a inclusão no ambiente universitário. De acordo com a lei, instituições públicas de ensino superior devem ter vagas preenchidas por no mínimo 50% (cinquenta por cento) de alunos autodeclarados pretos, pardos e indígenas.
Segundo a V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Graduandos das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) (clique neste link para conferir), realizada em 2018 pelo Fórum Nacional dos Pró-Reitores de Assuntos Estudantis da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Fonaprace/Andifes), estudantes pretos, pardos e indígenas da UFRRJ são maioria. Após crescente ingresso destes alunos atendidos pela Lei 12.711, há dois anos a Universidade obteve a marca de 36,6% pardos, 17,5% negros e 0,6% indígenas.
Matrícula
Durante o processo de matrícula, os candidatos autodeclarados PPI precisam validar sua solicitação por meio de documentos e entrevistas presenciais com uma comissão de avaliadores para procedimento de heteroidentificação (identificação por terceiros da condição autodeclarada pelo candidato).
Amanda Souza, integrante da Comissão Discente de Acolhimento aos candidatos PPI e aluna de Química, é cotista. A Comissão de Acolhimento não existia durante a entrada da estudante e a mesma não teve essa recepção. Atualmente, ela entende que iniciativa é muito representativa pois, além da Lei de Cotas ter sido gerada somente há pouco tempo, a avaliação do processo também é muito recente.
A discente de História e voluntária, Bruna Souza, lembra que a ação é fruto do aprendizado em sala de aula: “É muito representativo fazer algo pela nossa história de forma institucional. Há um historiador que fala ‘Na senzala, uma flor’ e é mais do que isso. Nós já saímos da senzala e agora estamos no espaço universitário, nos espaços de poder, florescendo.”
Origem
Como forma de semear, uma pequena parcela da comunidade universitária se reuniu, originalmente a partir da V Calourada Preta em 2019, para tirar dúvidas sobre os processos de comissão de cotas, quem fazia parte das avaliações e como aconteciam. Antes com o propósito de buscar melhor entendimento acerca da análise dos candidatos, as integrantes do movimento foram convidadas pela Coordenação das Comissões de Heteroidentificação da PROGRAD/UFRRJ a fazer o acolhimento aos ingressantes e começaram em 2019.2 com a primeira organização discente. Hoje o grupo é institucionalizado pela portaria Nº 3381 / 2019 e tem como característica a pluralidade com cerca de 13 de membros.
“O acolhimento é fazer com que os alunos que entram aqui se sintam representados vendo pretos em toda a sua diversidade de cores. Além de se sentirem acolhidos na hora de fazer a entrevista. Eles se enxergam nos outros”, afirmou Amanda.
por Isabella Cabral, bolsista de comunicação da Prograd (sob supervisão do jornalista Cleiton Bezerra)