Em mais uma aparição pública, o ministro da Educação Abraham Weintraub lançou impropérios contra o princípio constitucional da autonomia universitária, valor cada vez mais relevante nesse momento em que as Instituições Federais de Ensino Superior se defrontam com uma conjuntura na qual forças ligadas à cultura da morte e da violência se demonstram hegemônicas.
Desta feita, afirmou que, nas universidades, plantamos maconha em escala extensiva. Do ponto de vista científico, a literatura já comprovou os benefícios da Cannabis nas terapias associadas à dor crônica e convulsões, e o cultivo desta planta para fins medicinais se expande em todo o mundo, inclusive em universidades e institutos de pesquisa.
Mas, infelizmente, o ministro não se propõe a debater sobre qualquer tema relacionado à contribuição da ciência produzida para o bem-estar da população. Sua intenção é desviar as atenções do sucateamento de nossas instituições, de forma nunca vista.
O ano de 2019, sem dúvida, foi o mais sinistro desde os períodos ditatoriais, com ataques recorrentes à qualidade desenvolvida por dezenas de milhares de grupos de pesquisa e extensão em todo o país. Mas saberemos resistir, como fizemos ao longo de toda nossa história.
Junto à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, a UFRRJ estuda interpelar judicialmente quem, de maneira irresponsável, pretende desqualificar a universidade pública, responsável por mais de 90% da produção científica nacional.
Seropédica, 25/11/2019
Reitoria da UFRRJ