Texto: Thaís Melo (*)
Criado em 2008 como ação extensionista, o CineCasulo foi idealizado por uma ex-funcionária da Pró-reitoria de Extensão (Proext). Desde então, a iniciativa tem atraído cada vez mais pessoas que a partir dela tem acesso ao cinema de forma gratuita. O CineCasulo é um cineclube da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que atende alunos da universidade e também a comunidade de Seropédica.
Desde 2014, quando ainda era estudante de Belas Artes na UFRRJ, Pablo Lima, participava do projeto. Agora, ele é residente de “Supervisão de cursos de arte e apoio a projetos de arte e cultura”, na Proext. Nesses anos, o CineCasulo passou por algumas mudanças, sendo a mais significativa a realizada sobre a lista de filmes do cineclube. “Antes, a programação era meio aleatória, às vezes tinha um filme cult, e logo na sequência já vinha um blockbuster. Tinham esses extremos e nenhuma mediação. Agora, mesmo que seja um filme estrangeiro é algo que as pessoas vão conseguir compreender”, explicou o residente. A escolha dos filmes é feita pela equipe do cineclube, residente e bolsistas, com base em um planejamento semestral.
Além disso, recentemente foi criada uma cartela que consiste em três curtas e o filme da próxima semana. Os cartazes também passaram a ser mais artísticos e a programação do CineCasulo foi expandida. Antes, os filmes eram exibidos apenas às quartas-feiras. Atualmente, além das quartas, há a exibição de filmes às terças ou às quintas com o “CineCasulo.Doc”, que consiste na exibição de um documentário seguido de debate; O “CineCasulinho”, voltado para as crianças, com a exibição de um filme infantil às 17h aos sábados; e tem ainda o “CineCasulinho Infantojuvenil”. que acontece nas segundas-feiras às 15h, focado em atrair os alunos do Caic.
Pablo também falou sobre as dificuldades enfrentadas. “O mais difícil é atrair o público, fazer com que as pessoas saiam de casa para assistir filmes, pois hoje em dia as pessoas têm os serviços de streaming em casa, na tela do celular”, contou o produtor cultural. Além disso, ele também disse que, para o futuro o foco, da organização é manter as sessões criadas e consolidar o projeto.
A professora Beatriz Wey do Departamento de Ciências Sociais é quem orienta o residente. A docente estuda temas relacionados à arte desde a sua graduação. “Ao longo da minha vida acadêmica eu gastei muito tempo tentando mensurar o impacto da arte. O que é muito difícil mesmo usando técnicas específicas das Ciências Sociais e entrando um pouco na área da Matemática. É difícil você mensurar o que provoca um movimento sendo que ele tá pela lógica na ordem do subjetivo. O que nós podemos pensar é que a arte sempre vai ter um espaço seja no cinema, teatro, dança, música sempre vai ser extremamente importante para levar o público a reflexão. A possibilidade de questionar a sua própria realidade e se colocar de uma outra forma transformando inclusive o seu próprio meio social. O impacto existe independente do sucesso ou fracasso de público. Ele existe mesmo que você tenha apenas uma pessoa na plateia”, explicou a educadora.
As exibições organizadas pelo cineclube acontecem no Auditório Gustavo Dutra (Gustavão) e reunem diversos alunos das escolas próximas e famílias inteiras que vem aproveitar as sessões. Famílias como a de Juliana Poiares que veio junto com sua mãe, sua madrinha e sua filha aproveitar o entretenimento gratuito. A jornalista formada na Rural deu a sua opinião a respeito do projeto. “Acho muito interessante, porque aqui em Seropédica muitas pessoas não têm acesso ao cinema, então eles podem assistir os filmes aqui por ser de graça”, explicou.
Analice Pimentel é estudante do ensino médio e veio pela primeira vez no cineclube com suas amigas do colégio. A estudante falou o que estava achando do evento. “Eu já vim em uma palestra do CineCasulo, mas nunca tinha vindo ver os filmes. Tô achando bem legal, espero gostar da experiência e voltar mais vezes”, relatou a adolescente.
Mas não são apenas os espectadores do projeto que são beneficiados por ele. Quem trabalha para a realização da iniciativa também tem sua vida alterada positivamente. Como foi o caso do bolsista do CineCasulo e graduando em Ciências Econômicas Utanaan Reis. Ele começou a participar do projeto como voluntário em 2017 e meses depois se tornou bolsista. Com uma experiência anterior na área em um cineclube de Nilópolis, Utanaan Reis trouxe um pouco da experiência que já tinha para o CineCasulo, mas também conseguiu ampliar seus conhecimentos não só em assuntos relacionados a cinema. “Não é só você organizar um evento, existe toda uma burocracia e ainda tem os projetos paralelos como o “CineDutra” e o “CineCaic”, onde nós vamos para esses colégios uma vez por mês e exibimos filmes”, contou o bolsista.
O estudante também falou sobre como seu trabalho no cineclube tem sido enriquecedor. “Antes de trabalhar aqui eu nunca tinha tido esse contato com as crianças, fazendo exibição de filmes para eles, então foi uma experiência bem engrandecedora e até para aprender melhor como lidar com as pessoas, ter mais tato”, explicou. Em uma cidade como Seropédica que não tem nenhum cinema, a iniciativa do cineclube veio para preencher essa lacuna. As bolsas e os equipamentos são fornecidos pela Pró-reitoria de Extensão da UFRRJ (Proext) e a divulgação das sessões é feita nas redes sociais do CineCasulo e também através do boca a boca.
Comunicação Proext*