Por Giovanna Bandeira e Raíssa Rodrigues (texto e fotografias)*
No dia 17 de junho, a escola de gastronomia Le Cordon Bleu, localizada em Botafogo, sediou o evento de confraternização e degustação de tomates do Projeto Articulação de Chefs e Agricultores (A.Ch.A), uma iniciativa que aproxima chefs de cozinha de grandes restaurantes do Rio de Janeiro e agricultores familiares de Seropédica e adjacências. A iniciativa é parte do Programa de Extensão de Fortalecimento da Agricultura Familiar da UFRRJ, que desde 2018 constrói uma parceria entre a Universidade, a Emater-Rio, a Cambucá Consultoria, Raquel Sarinho Consultoria Jurídica e o Instituto Maniva.
Em busca do comércio justo, o Projeto A.Ch.A garante mais segurança para os agricultores familiares por meio da modalidade da compra garantida de tomates especiais. Os tomates foram escolhidos pelos chefes dentre algumas variedades especiais cultivadas por pesquisadores da UFRRJ. Depois de selecionadas as variedades que mais se adequaram ao paladar e aos projetos dos chefes, o grupo arcou com os custos do plantio, garantindo a viabilidade econômica para a produção e dando aos agricultores mais segurança financeira para trabalhar, além de proporcionar mais visibilidade ao trabalho destas famílias dentro do processo de produção.
Essa troca gera bons frutos e segue para o segundo ano de parceria, agora com a instrução do cultivo de cenouras coloridas. O chef de cozinha Ricardo Lapeyre, responsável pelo restaurante Laguiole, no Museu de Arte Moderna (MAM), participa pela primeira vez e comenta: “O projeto é muito mais do que receber tomate bacana para eu cozinhar. Esse trabalho permite a aproximação do produtor e a valorização da agricultura familiar. Para nós, que somos chefes e estamos sujeitos a lançar tendências, é importante nos posicionarmos quanto a isso.”
No ano passado, a colheita foi positiva e atendeu à demanda dos chefes e dos agricultores. Para o agricultor Flávio Gerson Lorenção, a produção superou o esperado: “Na minha propriedade, atingimos 30% a mais do que era estimado”.
Neste segundo ano, o Projeto A.Ch.A está mais fortalecido com a adesão de novos membros. “Eles têm bastante interesse em dar apoio e suporte necessário, que é dar continuidade ao projeto. Isso fez com que a gente enxergasse que realmente vale a pena continuar. É um consumidor que olha pra gente”, disse a agricultora Priscila Rodrigues Ruella.
Os tomates cultivados são do banco genético que é de responsabilidade dos professores Antonio Abboud e Margarida Gorete, do Departamento de Fitotecnia da UFRRJ. Hoje, o banco conta com mais de 300 variedades.
Francine Xavier, gestora do projeto, fala da parceria com a Rural: “É um luxo a gente ter a Universidade com a gente. Porque é isso: a gente oferece troca. É unir a UFRRJ, os chefes e os agricultores para construir uma vida melhor para todo mundo. É o que a gente quer.”
Para os produtores que participam do projeto e trabalham na Feira da Agricultura Familiar na UFRRJ, o projeto possibilita mais um canal de comercialização e de troca de conhecimentos.
Os chefes e agricultores estão entusiasmados para a próxima colheita. O interesse deste ano é melhorar a logística e não somente produzir tomates, mas também outros produtos, de uma forma que o frete seja aproveitado. A agricultura familiar possibilita que o processo entre o campo e a mesa seja conhecido e valorizado, pilares que a Articulação de Chefs e Agricultores têm como referência.
* Alunas do curso de Jornalismo da UFRRJ