Por Laura Rosa (Bolsista CCS/UFRRJ)
O projeto de extensão criado pela professora Karine Bueno (Departamento de Geografia/UFRRJ) tem objetivo de unir sociedade e natureza, através do mapeamento de trilhas na Floresta Nacional Mário Xavier (Flona), localizada no antigo horto de Seropédica.
Essa unidade de conservação chama a atenção por ser uma floresta projetada. Diferente da Floresta da Tijuca, que tem mata nativa, a Flona foi desenvolvida através da introdução de espécies de plantas, enquanto outras acabaram nascendo espontaneamente. A floresta também é habitat de espécies endêmicas (únicas da região), como a rã Physalaemus soaresi, que se tornou símbolo de resistência da Flona (veja box).
O horto existe desde 1945 e, com o tempo, foi reformulado para virar uma unidade de conservação, que é de extrema importância para ajudar o ecossistema a suportar o desmatamento da Mata Atlântica. Por ser um local de serviço, onde mudas eram criadas e vendidas, havia muitos trabalhadores que residiam no local. Esse é o caso de Jair Costa, que teve seu nome dado à trilha e ao centro de vivência pertencente à Flona. Ele possui 53 anos de trabalho e moradia no horto, sempre se dedicando à preservação do meio ambiente e conservação das trilhas.
Além da professora Karine Bueno, que coordena o projeto, a equipe conta com oito alunos colaboradores do curso de Geografia. Para ajudar na localização, eles mapearam todas as trilhas através de um aplicativo criado pelo professor Thiago Marinho (DeGeo/UFRRJ), com pontos específicos para que os visitantes tomem conhecimento da importância das espécies para o ecossistema.
Como iniciativa para promover as trilhas da unidade de conservação, estão sendo feitas visitas guiadas para escolas de ensino médio e fundamental. “É importante ter esse contato com a natureza e entender a relevância dessa unidade, principalmente as crianças, pois elas irão cuidar desse lugar quando crescerem. Isso aqui é delas”, disse a estudante de Geografia Isabella Neves, que se voluntariou para mapear e guiar as trilhas.
As visitas guiadas são abertas ao público de todas as idades, e ocorrem nos períodos letivos durante as manhãs. A Flona também está disponível durante as férias para visitação com amigos e família, ou até mesmo para uma corrida pela manhã, para ser apreciada com muito amor e consciência ambiental.
O arco metropolitano teve suas obras interrompidas durante dez meses devido à rã Physalaemus soaresi, que é uma espécie endêmica da região. A obra do arco passaria pelo meio da Flona, e quando uma construção põe uma espécie em risco de extinção, a situação precisa ser avaliada pelo órgão de conservação federal. Em 2009, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou o projeto ‘Análise e mapeamento das ameaças sobre as populações de Physalaemus soaresi na Floresta Nacional Mario Xavier, Seropédica/RJ’, com o objetivo de proteger e recuperar ambientes e vegetação associados à sua reprodução. (Fonte: www.icmbio.gov.br)
Bioma: Mata Atlântica.
Área: 495,99 hectares.
Diploma Legal de Criação: Decreto nº 93.369, de 8 de outubro de 1986.
Endereço: Rodovia BR-465, Km 05, Seropédica/RJ
Fotos: Bruno Henrique Ferreira Machado.
Publicado originalmente no Rural Semanal 03/2019.