Por Jaqueline Suarez, residente de jornalismo da Proext/UFRRJ
O sucesso de um curso de extensão foi o estopim que deu origem a uma ideia maior: por que não transformar uma atividade isolada em uma escola? Assim surgiu a I Escola de Verão do Instituto de Química (Eviq), realizada entre 18 e 22 de fevereiro, no câmpus Seropédica. Inicialmente, estavam previstas 80 vagas e os organizadores tinham receio de não conseguir inscritos suficientes por conta do período de recesso. Quando as inscrições foram abertas, o plano mudou. Foram quase 400 inscritos e outras 70 vagas ofertadas de última hora.
Empreendedorismo, óleos essenciais, fotoquímica, biossensores e produção de alimentos foram os temas dos cinco cursos oferecidos na primeira edição da escola. A ideia é complementar a formação do estudante, tratando de assuntos que não fazem parte na grade regular do curso de Química, além de incentivar a participação de alunos e professores em atividades de extensão.
“Nós temos alguns objetivos. Primeiro, utilizar com eficiência o espaço físico que a gente tem. Nós usamos muito pouco a universidade no período de recesso. Segundo, acho que a gente precisa passar uma mensagem para a sociedade, é um período que nós temos trabalho a fazer, então temos que estar produtivos. E, por fim, fazer com que o aluno possa se aproximar da sua unidade de formação, do laboratório e da própria instituição”, ressaltou o professor Marco André Alves, diretor pro tempore do Instituto de Química (IQ) e um dos coordenadores da Escola de Verão.
A maior parte dos 150 participantes do evento é formada por estudantes e egressos da Rural. Contudo há também inscritos de outras cidades e até de outros estados. Os cursos, segundo o professor Marco André, podem ser acompanhados por qualquer pessoa, inclusive estudantes do ensino básico. Desmistificar a química como algo complexo e distante do dia a dia é também missão do projeto, que aposta em objetos simples e uma linguagem acessível para conquistar o público de fora da universidade. Para as próximas edições, a expectativa é ampliar a capacidade das atividades e trazer mais participantes externos. “Nossa ideia é dialogar mais com o setor produtivo ou comercial da região. Mas eu acho que talvez esse seja o primeiro momento. Desse porte é a primeira iniciativa do Instituto, a ideia é ampliar”, comentou o professor.
Os cursos
O curso de óleos essenciais foi proposto pelo professor Marco André, que desenvolve projetos de pesquisa sobre o tema. O objetivo é popularizar um área da Química pouco explorada e debatida dentro da universidade, além de apresentar novas possibilidades de exercício profissional e renda. Debater óleos essenciais é falar sobre produção de cosméticos, perfumes, velas aromáticas, entre outros produtos comuns no nosso dia a dia. “Nós estamos falando sobre reações orgânicas, bioquímica, metabolismo. Estamos tratando de produtos naturais, de estados físicos da matéria e de biodiversidade. Quando a gente toca em uma disciplina dessa, a gente fala sobre vários assuntos de forma dinâmica, prática e muito acessível às pessoas”, explicou Marco André.
Já o curso de Fotoquímica é tradicional na Química e foi acompanhado por cerca de 50 pessoas. O objetivo foi trazer o assunto, que não faz parte da grade curricular do aluno, mas é extremamente importante, do ponto de vista aplicado, indispensável para a produção de medicamentos, alimentos e cosméticos, por exemplo.
“Ensinando Química com Sabor e Alegria” levou para o laboratório a produção de sorvetes, massas, iogurtes, geleias e cervejas. O curso buscou trabalhar a disciplina através da produção de alimentos, tornando simples, acessível e divertido o ato de ensinar e aprender química.
A produção de biossensores também foi tema das atividades da I Escola de Verão. Um biossensor é um dispositivo usado para interpretar mudanças químicas produzidas em presença de um composto biológico, originando um sinal eletrônico capaz de ser interpretado em poucos minutos. Instrumentos como esse estão presentes no cotidiano, como medidores de glicose, por exemplo.
Apresentar novas opções envolvendo a área e o profissional da química é objetivo do curso de empreendedorismo, proposto pelo professor Antônio Marques. Cerca de 50 pessoas participaram das atividades, que também foram transmitidas online. “O objetivo é pensar alternativas pós-formação inicial (graduação), mostrar para os alunos que eles têm outras opções além do emprego na iniciativa privada ou do concurso. Eles mesmos, às vezes, com recursos limitados podem exercer atividades empreendedoras que geram retorno financeiro e abram novos postos de trabalho”, apontou Antônio Marques.