Por Gabriela Lessa, estagiária de jornalismo no CCG/UFRRJ
O câmpus Campos dos Goytacazes (CCG) tem em seu DNA a pesquisa e a extensão agrícola, principalmente com a cultura da cana-de-açúcar. Apesar de não ser um câmpus que tenha cursos de graduação, desenvolvem-se inúmeras atividades de cunho científico, que têm o objetivo de expandir o crescimento de diversas culturas na região.
Dentre as principais atividades do CCG, estão o Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar (PMGCA), o Centro de Análises (CA) e a introdução de novas culturas agrícolas às condições de clima e solo da região, entre eles a Pitaya. Ambos prestam serviços à comunidade e servem de apoio aos pequenos e grandes produtores rurais.
O PMGCA vem gerando e difundindo inovações tecnológicas para o setor sucroenergético. A partir do desenvolvimento de novas variedades de cana-de-açúcar, foi possível expandir o alcance de produtores nacionalmente, seja para macro ou micro produções.
Nos últimos 40 anos, foram lançadas 94 variedades de cana-de-açúcar da sigla “RB”, sendo oito desenvolvidas no CCG. A seleção das variedades “RB” é feita pela Rede Interinstitucional para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), em que a UFRRJ faz parte, junto a nove universidades federais.
A utilização dessas novas variedades significou um incremento de mais de 30% no rendimento agrícola e industrial da cana-de-açúcar no país nas últimas duas décadas. A partir disso, o Brasil atingiu a liderança do setor sucroenergético mundial. A cana-de-açúcar ocupa nove milhões de hectares de terras cultivadas no país, em que 5,8 milhões são variedades “RB”, atingindo um total de 65%. Além disso, essas variedades representam 12,3% da matriz energética do país, com a produção de etanol e energia elétrica.
Centro de Análises é referência
O Câmpus Campos dos Goytacazes (CCG) foi criado em 1990, a partir da extinção do IAA-Planalsucar. A UFRRJ, então, incorporou as atividades técnico-cientificas, o patrimônio, o pessoal e a estação experimental.
O trabalho do CCG atinge de pequenos a grandes produtores, e cada variedade desenvolvida possibilita uma utilização mais direcionada, de acordo com os recursos, maquinários e suporte técnico. Há macroproduções (açúcar, etanol e bioeletricidade) e também microproduções (alimentação animal, caldo de cana, cachaça e rapadura); e novas variedades estão sendo desenvolvidas para as condições do pequeno produtor.
O PMGCA ainda permite que estudantes possam desenvolver suas atividades de forma expansiva – na área da pesquisa, ensino (estágio, dissertação, tese) ou extensão (transferência de tecnologia, capacitação). Em 2018, foi inaugurado o curso de especialização em “Tecnologia da Produção e Usos da Cana-de-açúcar”, com o objetivo de formar profissionais para a produção da cana-de-açúcar.
O CCG também conta com o Centro de Análises (CA), que há décadas mantém o selo de excelência do Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade (PAQLF), coordenado pela Embrapa. O laboratório atende a produtores e agricultores da Região Norte e Noroeste Fluminense, além de cidades em estados vizinhos. No Centro são feitas análises de solo, vegetal, resíduo e água, além de demandas internas de pesquisa da Universidade.
O objetivo do CA é fornecer apoio técnico ao produtor rural, prestando serviços acessíveis e de qualidade. Em 2018, foram atendidos produtores de 62 munícipios, com um total de 1.676 amostras analisadas. A maior parte das análises foi de solo, atendendo a demanda de projetos, financiamentos, pesquisa e adequações ambientais, além de recomendações de calcário e adubação para diversas culturas agrícolas.
Pesquisa voltada aos produtores locais
O Câmpus também faz pesquisas para a introdução de novas culturas agrícolas às condições de clima e solo da região. A pitaya é uma cultura que responde bem a essas condições. Apesar de ter baixa distribuição de chuva, a região é favorável para a produção de frutas. Além disso, a ela possui módulos rurais pequenos, sinalizando que o foco do desenvolvimento se dá aos pequenos produtores. Nesse caso, a pitaya pode ser facilmente inserida, pois necessita de pouca mão de obra, se adapta a pequenas áreas e ainda gera excelente retorno financeiro.
A pesquisa com a cultura tem caminhado para o terceiro ano, com um pomar formado, unidade demonstrativa e banco de germoplasma. Embora o repasse da tecnologia para o produtor rural esteja em fase inicial, a procura tem se intensificado. A pesquisa foi estendida à implantação de um pomar de pitaya nas terras de um produtor local. Esse pomar foi implantado há pouco mais de um ano, seguindo as orientações fornecidas pelo CCG, e o fruto já está sendo comercializado.
A proposta é sugerir diferentes sistemas de produção para a cultura da pitaya, de acordo com a realidade do produtor. Trabalha-se a poda, a polinização, o manejo nutricional e ainda há suporte técnico. O câmpus recebe produtores que almejam conhecer e aprender a técnica; e ainda fornece análise do solo e teste de aptidão da área, além de indicar o melhor sistema de produção.
O CCG possui outras atividades de pesquisa e extensão, que foram agregadas recentemente, como a introdução de novas culturas agrícolas. Entre elas estão o sorgo (granífero, silageiro e biomassa), milheto e sistemas de Integração Lavoura Pecuária (ILP).
Conheça mais sobre o Câmpus de Campos de Goytacazes visitando www.campuscg.ufrrj.br