É com pesar que comunicamos o falecimento, ontem (16/10), de Jürgen Döbereiner, renomado pesquisador, médico veterinário formado na Escola Nacional de Veterinária da Universidade Rural do Brasil, hoje UFRRJ (1952-1954), professor de cursos de mestrado e doutorado na Rural. Ele se aposentou em 2010, após 55 anos de serviço, aos 86 anos de idade. Seu corpo será velado das 10h às 15h no prédio do Instituto de Biologia Animal (IBA) em Seropédica. O sepultamento será no cemitério de Seropédica, km 54.
Abaixo, seguem informações sobre o Cerimonial do Funeral e uma breve biografia do Dr. Döbereiner.
Cerimonial do Funeral de Jürgen Döbereiner (01/11/1923 – 16/10/2018)
Data: 17/10/2018
Horário: 10h
Local: Seropédica – RJ
9h30 – Chegada do corpo ao Instituto de Biologia Animal.
10h30 – Breve biografia (veja abaixo).
11h – Fala do representante do reitor da UFRRJ, Ricardo Luiz Louro Berbara.
11h30 – Fala do chefe-geral da Embrapa ou seu representante – Gustavo Ribeiro Xavier.
12h às 14h – Palavra livre.
14h – Realização das exéquias do padre Paulo Sérgio, da Pastoral da UFRRJ.
15h – Sepultamento no Cemitério de Seropédica, Km 54.
Biografia:
Jürgen Döbereiner nasceu em 1° de novembro de 1923, na cidade de Königsberg, na Prússia Oriental, Alemanha (hoje com nome de Kalliningrad, sob domínio russo).
De 1935 a 1942 frequentou, sobretudo em Berlim, escolas secundárias, finalizando-as com a madureza.
Na Segunda Guerra Mundial, serviu de 1942 a 1945 na artilharia das montanhas austríacas por ser um bom esquiador, com promoção a tenente.
Após a Guerra, estudou de 1947 a 1950, durante seis semestres, Medicina Veterinária na Universidade de München (Munique), Alemanha. Em março de 1950, ainda como estudante, casou-se com a recém-formada engenheira agrônoma Johanna, cuja família pertenceu à população de língua alemã na Checoslováquia, que foi sumariamente expulsa após a Segunda Guerra Mundial.
No mesmo ano, aceitou o convite do sogro, Dr. Paulo Kubelka (que tinha emigrado ao Brasil em 1948) de vir ao Rio de Janeiro. Após a transferência da Universidade de München para a Universidade Rural do Brasil, no Km 47 da antiga Estrada Rio-São Paulo, em 1951, Döbereiner formou-se em 1954 pela Escola Nacional de Veterinária (hoje UFRRJ).
A partir de 1955, exerceu sua profissão de médico veterinário como pesquisador no Ministério de Agricultura, na Seção de Anatomia Patológica do Instituto de Biologia Animal (IBA), no Km 47, Seropédica/RJ. O IBA foi extinto no inicio da década de 1980 e hoje pertence à Universidade Rural.
De 1961 a 1963, cursou o mestrado na Universidade de Wisconsin, em Madison (EUA), como bolsista da Fundação Rockfeller. Obteve o título de ‘Master of Science’ com a defesa de dissertação relacionada à intoxicação de bovinos pela “samambaia” (Pteridium aquilinum).
Após o regresso dos Estados Unidos, fez concurso na Universidade Rural, mas não tomou posse por considerar as condições de pesquisa melhores no IBA, o antigo laboratório de referencia de sanidade animal do Brasil.
Em 1970-71, realizou pelo Queen’s Scholarship estudos no Royal Veterinary College em Londres, Inglaterra, sobre a intoxicação por Solanum malacoxylon, o “espichamento” dos bovinos no Pantanal.
De 1976 a 2010, tornou-se pesquisador da recém-criada Embrapa.
Em 1977, foi contemplado com o título de Doctor honoris causa pela JustusLiebig-Universität Giessen, Alemanha, por ocasião da comemoração de 200 anos da Faculdade de Medicina Veterinária, em reconhecimento aos trabalhos de pesquisa realizados no Brasil.
Lecionou nos cursos de pós-graduação de Mestrado e Doutorado da UFRRJ e USP.
Desde o início do exercício de sua profissão, dedicou-se a pesquisas das doenças de bovinos causadas por plantas tóxicas e por deficiências minerais, em estreita colaboração com o professor Carlos Hubinger Tokarnia (UFF e UFRRJ).
Em 1978, colaborou com Tokarnia no diagnóstico de surto de peste suína africana que ocorreu no município de Paracambi/RJ, próximo ao IBA, o que resultou na rápida extinção deste foco no Brasil.
Desde 1969 dedicou-se ao esclarecimento da etiologia da “cara inchada” dos bovinos. Com patrocínio do CNPq e do Serviço de Intercâmbio Acadêmico Alemão (DAAD), realizou em 1984 e 1989 estudos sobre esta periodontite dos ruminantes nas Universidades de Giessen e Berlim.
Após o diagnóstico do botulismo no agreste do Piauí por Carlos Tokarnia, realizou com colaboração de Iveraldo dos Santos Dutra, nas décadas de 1970/80, inúmeros diagnósticos de surtos de botulismo epizoótico desencadeados pela osteofagia em áreas de deficiência de fósforo, o que resultou no esclarecimento da etiologia da “doença misteriosa” que causou a perda de milhões de bovinos no Brasil.
Desde os tempos de estudante e nos muitos anos de pesquisa, foi bolsista do CNPq e publicou mais 170 trabalhos, além de orientar várias teses de pós-graduação.
É coautor das duas edições dos livros “Plantas Tóxicas da Amazônia a Bovinos e outros Herbívoros” (1979/2007) e “Plantas Tóxicas do Brasil para Animais de Produção” (2000/2012); também é coautor do livro “Deficiências Minerais em Animais de Produção” (2010), com sua publicação liderada por Carlos Tokarnia.
De 1959 a 1961, foi responsável pela publicação dos “Arquivos do Instituto de Biologia Animal” a convite do diretor do IBA. De 1966 a 1976, foi editor-chefe da revista “Pesquisa Agropecuária Brasileira”, a convite do diretor-geral do Departamento Nacional de Pesquisa e Experimentação Agropecuária (DNPEA), revista que hoje é publicada pela Embrapa. De 2000 a 2004, foi presidente da Associação Brasileira de Editores Científicos (Abec).
Em 1978, fundou o Colégio Brasileiro de Patologia Animal com o objetivo da edição de um periódico científico de medicina veterinária de âmbito nacional.
Em 2010, aposentou-se com 86 anos de idade e após 55 anos de serviço, mas continuou atuando, desde 1981, como editor da revista “Pesquisa Veterinária Brasileira” (www.pvb.com.br).
O Dr. Döbereiner estava concentrando suas energias, nos fins de semana, no seu sítio Porangaba, umas das primeiras Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN) do Estado do Rio de Janeiro, situado na Mata Atlântica da Serra do Mar, em Itaguaí/RJ. Ele era um dos fundadores e o presidente da Associação do Patrimônio Natural – APN (RPPNs do Estado do Rio de Janeiro) e tinha grande interesse em contribuir na conservação da biodiversidade.
Recentemente, Dr. Jürgen Döbereiner desenvolveu a publicação do livro sobre a vida de sua esposa, Johanna Döbereiner, que foi escrito pela jornalista Kristina Michaellis. Está em preparação um documentário intitulado por Jürgen como “Histórias de Pesquisa em Saúde Animal no Brasil”.