Destacar a histórica luta desenvolvida por gerações e gerações de mestres em prol de uma Educação de qualidade é sempre fundamental.
A Educação brasileira viveu momentos em que o papel do professor foi reconhecido como de fundamental importância para o desenvolvimento da nação e vários outros em que esse papel e a sua própria formação foram relegados a um segundo plano, a partir de políticas de desmonte da Educação pública e de desvalorização dos profissionais da Educação. Em todos esses momentos, a garra e a coragem desses profissionais assumiram um forte protagonismo, na defesa de ideias e ideais voltados para a formação de crianças, adolescentes, jovens e adultos, capazes de entender criticamente a realidade, refletir sobre ela e buscar transformá-la para melhor.
Com dedicação e perseverança, professoras e professores refletiram com os seus estudantes sobre os conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, construíram novos saberes e possibilitaram o desenvolvimento da ciência, das artes, das humanidades e da tecnologia. Na defesa intransigente do ensino público, gratuito e de qualidade, esses mesmos professores e professoras, foram às ruas reivindicar por mais verbas para a Educação e pela dignidade do trabalho docente.
Dia 15, comemorou-se o Dia do Professor e uma pergunta pairou no ar: o que comemorar diante do atual cenário que se descortina para a Educação brasileira?
Cenário que aponta, dentre outros aspectos, para a cada vez maior escassez e o contingenciamento de recursos; para as modificações introduzidas, sem uma discussão ampla e aprofundada, nos currículos formativos (primeiramente do Ensino Médio); para o cerceamento à liberdade de expressão em ambientes acadêmicos; para o fortalecimento de uma visão alienada e alienante dos espaços educativos formais, em todos os níveis; para a volta cada vez mais frequente de discursos e propostas que encaminham para o fim da gratuidade do ensino superior público; para a PEC 241/16 que, caso aprovada, provocará danos irreparáveis ao serviço público e, em particular à Educação e à Saúde, atingindo, em cheio, as Universidades e seus programas de ensino, pesquisa e extensão, já combalidos com os cortes efetuados nos últimos anos.
Todas essas constatações parecem apontar para uma resposta imediata de que não há o que comemorar.
No entanto, a própria história da Educação brasileira, a luta incessante dos docentes, juntamente com os discentes e servidores técnicos-administrativos, na construção e na defesa do maior patrimônio de nosso país representado pelas instituições públicas de ensino, sobretudo as Universidades Federais, nos anima a afirmar que há o que comemorar, sim. Comemorar essa construção histórica, comemorar a coragem das gerações que nos precederam e que nos fortalece a continuar a lutar, buscando garantir a real autonomia de nossas instituições, constituídas como espaços da produção do conhecimento crítico, em permanente diálogo com as demandas da sociedade e a assegurar o seu caráter público e gratuito.
Continuemos a comemorar professores e professoras, a nossa possibilidade de contribuir efetivamente para a construção de uma sociedade justa, democrática, fraterna, ética, em que o respeito à diversidade, ao outro, seja um princípio a partir do qual alicercemos a nossa prática cotidiana.
Reitoria da UFRRJ