Nos dias 27 e 28 de setembro aconteceu, na UFRRJ, o II Fórum de Construção de Permanência para Discentes Pais e Mães. O evento foi realizado pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes) e pelo Coletivo de Pais e Mães Discentes da UFRRJ (Copama), contando com palestras, debates e discussões sobre a qualidade de vida dos alunos da Universidade e de seus filhos.
No primeiro fórum, ocorrido ano passado, foi discutida a permanência desses discentes e de seus filhos no alojamento. Agora a proposta foi apresentar o Copama à comunidade acadêmica. Durante os dois dias foram oferecidas palestras para ajudar na educação e criação das crianças. Em uma das mesas, o foco foram os desafios da alimentação saudável na infância. Em outra mesa, discutia-se sobre os primeiros mil dias de vida do bebê e a alimentação vegetariana para crianças.
Suelen Ferreira é membro do Copama. A estudante de História é mãe de Miguel, de 6 anos. A aluna entrou na Rural em 2012.2; na época, seu filho tinha 2 anos e ela o deixava em casa enquanto morava no alojamento. Com isso, além da distância entre mãe e filho, havia a dificuldade da estudante em se manter na Universidade e sustentar a criança em casa. Por conta desse gasto em dobro e da distância (ela só via o filho aos fins de semana), a aluna trancou a faculdade e ficou dois anos sem estudar, retornando apenas em 2015. Ela contou um pouco sobre a importância da permanência do seu filho no alojamento.
– Quando voltei em 2015.2, já existia o Copama e a proposta da moradia estudantil com a possibilidade de trazer as crianças para o alojamento. O Miguel ficou comigo no quarto coletivo durante um período inteiro. Convivemos com outras sete pessoas e isso não foi fácil, não é fácil para nenhuma de nós. Mas a gente conseguiu criar um sistema de prioridade com relação às cabeceiras não só pra mães, mas, por exemplo, para alunos com necessidades específicas, alunos que tem problemas de saúde etc. Antes não era controlado. Qualquer aluno tinha uma cabeceira (um quarto separado), e aqueles que tinham uma necessidade maior de ter esses espaço acabavam não conseguindo. Tudo isso veio através do coletivo, por meio de diálogos que nós temos tanto dentro da Proaes quanto com a Prograd. Conseguimos criar todo um sistema para melhorar essa vivência, melhorar a permanência para as mães e seus filhos dentro da Universidade.
O Copama surgiu em 2014 e seu papel aqui na UFRRJ é garantir a permanência dos alunos que são pais e mães, principalmente na moradia estudantil. A partir da criação do coletivo esses alunos conseguiram trazer seus filhos para morarem com eles no alojamento, e vêm garantindo sua permanência aqui na Univerdade. Houve uma proposta de retirada dessas mães, mas com o primeiro fórum, esse quadro foi revertido e, hoje, mães, pais e seus filhos continuam com o direito à moradia garantido.
Durante o evento, houve também uma exposição de fotografias intitulada “Mães Ruralinas: a luta pela permanência na universidade”, de Graziele Balieiro e Tuyuka Lara. Os dois conviveram com os pais e mães que estudam na Universidade, frequentaram as reuniões, ouviram os problemas que esses alunos enfrentam e, a partir desse convívio, fizeram esse belo trabalho.
Por Thaís Melo/estagiária da CCS
Fotos: Nathália Barros/estagiária da CCS