Pelo quinto ano consecutivo, a Semana da Baixada Fluminense mobilizou estudantes, professores e pesquisadores da Universidade Rural, no câmpus do Instituto Multidisciplinar, em Nova Iguaçu.
O evento é desenvolvido anualmente pelo Programa PET/Conexões de Saberes: dialogando e interagindo com múltiplas realidades e saberes na Baixada Fluminense e pelo PET Conexões IM Baixada, no âmbito do Instituto Multidisciplinar do câmpus Nova Iguaçu. Este ano, a Semana da Baixada teve como tema central os Movimentos e as Intervenções Culturais.
De acordo com o tutor do projeto PET Conexões Baixada, professor Otair Fernandes, a realização da Semana justifica-se por tratar-se de iniciativa que enseja inúmeras possibilidades de interação e interlocução entre a UFRRJ, especialmente o IM, com as comunidades do seu entorno e os diferentes sujeitos, atores e agentes da cultura da região da Baixada Fluminense. A ideia é fortalecer a extensão universitária, concebendo um espaço de diálogo e articulação entre a comunidade acadêmica e a sociedade, sobretudo os segmentos organizados, protagonistas do desenvolvimento cultural da região.
A V Semana da Baixada Fluminense ocorreu no câmpus do IM, em Nova Iguaçu, entre os dias 19 e 23 de setembro. A mesa de abertura no primeiro dia contou com a presença da professora Cláudia de Paula, representando a direção do instituto, do professor Otair Fernandes, como tutor do PET Conexões Baixada, da professora Lígia Machado, Pró-Reitora de Graduação e da aluna Mayara Firmino Pereira de Brito, do curso de Geografia/PET Conexões Baixada. Todos saudaram a iniciativa do evento e sua contribuição crítica e reflexiva sobre a conjuntura histórica de superação e resistência político-cultural da Baixada.
Em seguida, o público foi brindado com a excelente apresentação da Big Band Peck Music Jazz, tocando diversos hits consagrados, de Glen Miller aos Rolling Stones, passando por Frank Sinatra e fechando com Roberto Carlos. Depois, o grupo Só Damas contagiou e colocou todo mundo pra sambar, com sucessos de Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e outros bambas.
Na terça-feira, dia 20, tivemos a palestra “Conhecendo o Haiti: cultura, língua e sociedade”, com a presença de dois convidados importantes: os haitianos Handy Claude Marie Milliance e Mickenson Jean-Baptiste. Ambos são estudantes da UFRRJ: Handy cursa Ciências da Computação no Instituto Multidisciplinar e é integrante do PET Conexões Baixada; Mickenson é aluno de Ciências Econômicas da Rural, em Seropédica, e também membro do PET Conexões, da área de Ciências Sociais. Eles estão estudando no Brasil através de um programa do Ministério das Relações Exteriores, o PEC-G, num convênio entre universidades brasileiras, da América Latina, Caribe e África com diversas embaixadas. Handy e Mickenson abordaram diversos aspectos sociais, políticos e culturais no Haiti, que possui um dos piores índices de desenvolvimento humano (IDH) da América Latina. O país enfrenta sérias dificuldades no campo da Educação e Saúde, com carências sociais e econômicas que penalizam a população pobre.
Depois, tivemos apresentações de oficinas de Jongo e rodas de conversa, com a participação dos grupos de danças populares Dandaleia e Afrolaje, esse último integrante da Feira Ubuntu de afroempreendedores, que durante a Semana da Baixada levou para o câmpus do IM roupas, acessórios, produtos orgânicos para cabelo crespo, trancista e consultoria capilar.
O dia foi também marcado pelo lançamento do livro “Na verdade, dois em um”- contos minimalistas e poemas travalinguistas”, do poeta, escritor e ativista cultural iguaçuano Moduan Matus, que propõe o resgate da literatura oral na cultura brasileira. Outra poeta que marcou presença na Semana foi Sil, com seu livro “Oscilações”, de poemas, contos e ilustrações.
A palestra “Entre Laranjas e Letras:história local e história da educação em Nova Iguaçu (1917-1950)”, proferida pela professora Amália Dias (Uerj) fechou o segundo dia do evento. Ela abordou o fenômeno do cultivo cítrico em Nova Iguaçu como elemento impulsionador da escolarização na cidade.
Na quarta-feira, dia 21, tivemos a Oficina “História da Ditadura na Baixada Fluminense”, com a presença de alunos de diversos cursos do IM (Direito, Letras, Geografia, Economia e Ciência da Computação). A professora Adriana Maria Ribeiro apresentou os resultados de sua pesquisa sobre os movimentos revolucionários que marcaram presença na Baixada, na época da ditadura militar. Outro fato abordado na oficina foi a perseguição imposta pelos generais sobre diversas lideranças populares na região, que culminou com o seqüestro do bispo de Nova Iguaçu, em setembro de 1976. Dom Adriano Hipólito foi preso por agentes da repressão militar, torturado e abandonado sem roupas e pintado de vermelho numa rodovia. Tempos difíceis…
A paralisação de advertência dos professores, ocorrida nas universidades federais de todo o país, provocou o cancelamento da programação da quinta-feira, dia 22 de setembro.
Fechando a V Semana da Baixada, tivemos na sexta-feira oficinas de grafite e apresentações de grupos de choro e samba.
Por Ricardo Portugal – Assessoria de Imprensa do IM/UFRRJ